Quem ainda não leu, deveria ler o artigo de António Barreto hoje no DN. Dá uma boa panorâmica do estado da nação e mostra bem o desespero que um homem centrista honesto e sério "sente", e descreve racionalmente, face à sucessão de "casos" e escândalos que visam assegurar a manutenção no poder do "partido", transversal à esquerda e direita, de gente nada recomendável que vive de nos mugir com impostos.
A manipulação mais abjecta reina na comunicação social. As 4 estações de televisão estão nas mãos de agentes desse partido transversal. Não há praticamente vozes discordantes nos media e quando são apresentadas é um mero disfarce de contraditório.
A ofensiva em desenvolvimento visa, não apenas assegurar o actual ciclo de poder, até às próximas eleições, mas também garantir que após Costa, com o reforço desse partido transversal, quem dominar o PSD seja participante dessa clique e lhe continue a garantir o lugar à mesa do orçamento de estado e negócios nas empresas de regime. Passos é o inimigo número 1 a abater e é à luz desse objectivo que os "casos" ficam perceptíveis.
Apesar da face visível da ofensiva estar nos media, o verdadeiro combate acontece no meio da Justiça. Do lado dos contrários ao "partido" transversal a luta é institucional e é nas instituições que os postos de controlo são degladiados. É nas decisões de investigação e de gestão da aplicação da justiça que a verdadeira afronta ao tal "partido" existe. Nos media constatamos a espuma desse confronto e tudo o que é preparado para consumo deve ser visto à luz dos interesses de controlo de acções judiciais, presentes e futuras.
A situação é muito séria e o resultado incerto. Votos de força a quem está nas linhas da frente.
Até a CIA desclassifica os seus documentos ao fim de algumas décadas, e os documentos da CIA referem-se a façanhas como assassinar políticos e pessoas normais, promover golpes de estado para derrubar governos democraticamente eleitos, inventar ficções para pretextar a proclamação de guerras que fazem milhares de vítimas, financiar grupos terroristas para fustigarem os inimigos estratégicos dos EUA, até para protegerem a discrição dos engates dos presidentes, uma galeria de horrores, coisas cada qual mais indigna que a outra cometidas em nome, nem sempre com sustentação real, do interesse nacional. Ao fim de algumas décadas, não tão poucas que ponham em causa a eficácia das operações desclassificadas, não tantas que os participantes não corram o risco de virem a ser sujeitos ao vexame público por ainda estarem vivos, estão cá fora. Coisas de democracias maduras, em que se conciliam a necessidade de eficácia da acção do Estado que, por vezes, depende do segredo, com a de transparência do Estado perante os cidadãos, para saberem como são governados pelos seus representamtes, que necessita de publicidade.
Não em Portugal.
Em Portugal, a publicação de um livro de memórias por um ex-presidente em que revela conversas privadas com um ex-primeiro-ministro, como se as conversas entre orgãos de soberania fossem um assunto privado e, portanto, isento de escrutínio público, e o jeito que não dá a isenção do escrutínio público? é um escândalo, uma delação intriguista, e é preciso perceber o significado de delação para quem ainda viveu, nem que tenha sido a infância e a juventude, num regime político que recorria à delação para manter um monopólio da representação que, como os monopólios económicos, promove o bem-estar dos monopolistas à custa do bem-estar do país, ou os interesses privados à custa do interesse público. E o apelo ao segredo é tanto mais intenso quanto os participantes nas conversas têm intervenções que prefeririam manter em segredo a ver reveladas. É até clássica uma definição de ética que consiste mais ou menos em fazer, mesmo em privado, o mesmo que se faria se o que se faz fosse tornado público. Quanto menos éticos, mais os participantes se sentem ofendidos com as revelações de conversas privadas entre orgãos de soberania, públicos, mas que gostariam de ser isentos do escrutínio público, e mais facilmente acusam o divulgador de falha ética.
Como dizem os minhotos, eu eu tenho sido aqui menos minhoto do que sou geneticamente e por coração, o caralhinho que os foda!
O governo não é suportado por uma maioria parlamentar de esquerda, é suportado por uma lavandaria parlamentar de esquerda que o ajuda a esconder todas as trafulhices que faz, e as que fizeram os anteriores governos socialistas, e o assunto das promessas ao banqueiro Domingues, que toda a gente já está farta de perceber exactamente em que termos foram feitas, e por quem, e quem as conhecia, só será formalmente desvendado na próxima legislatura, quando a lavandaria voltar a ficar em minoria.
Nessa altura será bom que a nova maioria tenha aprendido a lição, e até o benchmark deixado pelos socialistas de aproveitar o acesso privilegiado que se tem aos dossiers quando se está no governo para fazer política partidária, mesmo sendo desnecessário e até desaconselhável recorrer ao bordel dos jornalistas do Público e de outros bordéis menos ilustres para lançar pós-verdades construídas a partir deles, se deixe de institucionalismos excessivos, e eu parto sempre do princípio que o institucionalismo é uma virtude associada à honestidade e a ser capaz de jogar pelas regras, mas para além da medida certa neutraliza por inacção as vantagens que podem advir dessa virtude, e investigue tudo o que há para investigar, e até às últimas consequências, incluindo as judiciais, sobre a CGD e não só, para nunca mais se ver de novo remetida a posições reactivas e defensivas sobre o modo como procurou resolver falcatruas sem solução possível cometidas pelos socialistas que a precederam, como os swaps ou a falência da CGD, e passar a identificar proactivamente os autores e responsáveis por elas e pelos prejuízos calculáveis, e por isso publicáveis, que causaram e causam.
Não por revanchismo contra estes bandalhos que ajavardam o parlamento, mas porque os portugueses merecem saber quem os arruinou, e como, e quando.
O estudo? Qual estudo? O artigo não diz mas ficamos com fortes suspeitas de que seja da Ordem dos Nutricionistas, um conhecido organismo cuja bastonária está aflita com a situação dos pobres velhinhos e lhes quer acudir.
O jornalista, esse, pergunta sem rodeios, indo com argúcia ao cerne do problema: "É preciso criar uma estratégia de intervenção?"
E aqui a gente, que esperava que a senhora bastonária dissesse que sim, é preciso dar de comer aos velhos, proporcionar assistência odontológica aos que têm "problemas de mastigação" e estabelecer um plano que garanta que os responsáveis pelos lares são devidamente expulsos se com culpas próprias no descaso, ou pendurados pelas orelhas os supervisores públicos que por preguiça ou incúria nada fizeram para tentar resolver o problema, lê com surpresa:
Que "era importante" que os lares que ainda os não têm (e a maior parte está nessa lamentável situação) tivessem nutricionistas, visto que nos Centros de Saúde há apenas cem; que exista um "diagnóstico precoce" (quer dizer, presume-se, antes de o velhinho morrer de fome); e que, finalmente, "o que importa é um plano desenhado à medida de cada um. Essa é a grande nota".
Grande nota, realmente. Se bem que, no fim da vida, o "plano" talvez devesse ser cada um comer o que lhe apeteça, até onde for possível porque decerto os recursos disponíveis não permitem luxos. E ainda os permitirão menos se forem desviados para pagar salários a gente que quer fazer planos para dizer a velhos indefesos o que podem e não podem comer.
É possível, como existe a promessa de criação de 55 vagas para esta especialidade, que a agudeza do problema venha a esbater-se. Razão por que sugiro que o jornalista, na mesma senda de se ocupar com as preocupações das classes profissionais, entreviste o senhor Bastonário da Ordem dos Técnicos de Parqueamento Automóvel, cuja situação é dramática: existe uma absurda, e impune, quantidade de utentes que se abstêm de contribuir para o sustento daquela prestigiada classe, por a achar inútil.
Numa consulta popular, muito mais portugueses saberiam quem é Alex Ferguson do que Nigel Farage, mesmo que o primeiro destes senhores esteja reformado há anos e o segundo se entretenha, desde 1999, a escavacar o Parlamento Europeu de que faz parte.
Os seus discursos, em que ridicularizava Durão Barroso e Van Rompuy, são excelentes peças de oratória. Que os portugueses nunca viram porque num país tão ferozmente europeísta, e sempre tão orgulhoso dos nossos, que triunfam lá fora, decerto não cairia bem ver uma assembleia tão patentemente exposta na sua imensa vacuidade, e o nosso Barroso com a cara de tacho que afivelava por cima da sua habitual, de panela, quando Farage o interpelava.
Só durante a campanha do Brexit, e mesmo assim de raspão, Farage começou a ser mencionado entre nós, sempre com a precaução de o indicar de extrema-direita. Qualificação que naturalmente nos impedia de o ouvir porque o espectador deve ser poupado a extremistas fascistas. Se forem comunistas, está bem: primeiro não são bem extremistas - Jerónimo de Sousa não dá um avô muito querido para qualquer um, e Catarina não é uma moça desempoeiradíssima e moderna? - e segundo porque, como toda a gente sabe, o fascista diz coisas impossíveis e o comunista sempre tem a vantagem, em juntando-lhe alguma água de rosas, de dar um social-democrata bastante aceitável.
Sucede porém que a televisão vive do espectáculo, e não hesita em passar qualquer reportagem sumarenta do mundo da política desde que haja suspeitas de corrupção, ou acrimónia, ou berreiro, ou exaltações, ou manifestações e caçoadas - em resumo, paixão: um grupo de senhoras e senhores a imputarem-se reciprocamente horrores com grande delicadeza não é tão bom como se se tratassem uns aos outros de pulhas e andassem à estalada, e o ideal seria que houvesse mais mulheres e o jogo da política se passasse também entre lençóis, connosco a ver, mas enfim, faz-se o que se pode.
É verdade que em matéria de espectáculo político para consumo de massas temos Marcelo, o entertainer da República. Mas, a julgar pela audiência à comunicação de fim de ano, é um cómico que começa a cansar, e qualquer dia se quiser regressar a grandes níveis de audiência terá que dar despacho no meio do Tejo, com a Guarda Costeira a afastar diligentemente a imundície para não o atrapalhar na promulgação de dejectos.
Ora tudo isto é estranho. Que se o vistoso, o espampanante, o diferente, vende, Nigel Farage é boicotado porquê? E não é só ele: Geert Wilders, que ainda há pouco foi julgado por discriminação racial e incitamento ao ódio, mereceu umas quantas referências apressadas porque o assunto era notícia em todo o mundo, mas não tivemos direito a ouvi-lo - quem quiser que vá ao YouTube. O espectador português é poupado a ouvir os horrores que incansavelmente debita o, possivelmente, político mais popular da Holanda, como foi aos do inglês que mais tenazmente defendeu o Brexit - e ganhou.
Que a televisão, por apenas querer vender, difunda horas infinitas de debates sobre os jogos que vai haver, os que houve, e, sobretudo, as trincas e mincas dos ídolos do dia, dos árbitros, dos casos, dos comentadores, e dessa fauna pouco recomendável que são os dirigentes, confere: o público quer isso, e quanto mais vê mais quer porque mais se enfarinha. E quem não dá para esse peditório tem bom remédio, que canais no cabo para outros interesses é o que não falta.
Então, em que ficamos? Os donos das televisões saneiam sistematicamente estes estrangeiros fascistas, ao mesmo tempo que promovem chatos que ninguém já tem paciência para ouvir, incluindo comunistas, porquê?
Está bom de ver: em todas as áreas a televisão vende espectáculo, mas os senhores que a dirigem, sobretudo quando são jornalistas, tomam-se por ideólogos e têm portanto ideias políticas. O futebol, os concursos, as telenovelas não são de esquerda nem de direita, e portanto podem ser servidos em doses cavalares. Mas estes jornalistas são anti-europeus, se forem comunistas; europeístas, se pertencerem a qualquer das outras igrejas; mas educadores do povo sempre, e quase sempre serventuários do poder do dia. E como o regime nasceu e se afirmou como a antítese do que estava antes, e criou uma imensa mole de dependentes sob a forma de pensionistas e funcionários públicos, já duas gerações de profissionais foram educadas no pânico de que os considerem fascistas, para o que basta que não papagueiem nenhum dos discursos que os partidos do sistema aprovam, e não defendam a manutenção do que está. Que se lixem as audiências - ir atrás delas está muito bem desde que com isso não se perca o emprego nem se ofendam os pais da Constituição, que são os donos disto tudo.
Daí que só se e quando Wilders chegar ao poder e começar, como quer, a pôr um travão na imigração, o possamos ouvir - para o ridicularizar, nós que não temos imigrantes porque eles cavam daqui a toda a pressa.
Anda chateado porque não lhe largam a perna por causa de umas falcatruas que foi apanhado a fazer e umas mentiras que foi apanhado a contar para tentar sair por cima das falcatruas? Não consegue decretar o fim da escandaleira, nem mobilizando a lavandaria parlamentar de esquerda, nem com a ajuda prestável e diligente do presidente? Tem receio que, mais dia, menos dia, e depois de já ter havido saídas, acabe mesmo por lhe calhar a vez de ir para o olho da rua?
As suas preocupações acabaram!
Está na hora pôr a render o facto de estar no governo e ter a informação na mão para fazer política partidária, vasculhar os arquivos do ministério à procura de umas falhas estatísticas, chamar os jornalistas do Público, os jornalistas do Público são uns fofos para estas coisas, e encenar uma gigantesca operação de fuga aos impostos de dimensão bíblica orquestrada e tolerada pelo governo anterior.
Chama-se pós-verdade, e é muito boa para deviar as atenções da escandaleira, até porque há muita e boa gente que vai ser tentada a acreditar sem tentar ou ter a capacidade de perceber se os factos sustentam mesmo as conclusões que lhes sugerem que retirem deles. E é o modus operandi dos vigaristas que nos governam, e uma benção quando estão aflitos.
Adenda número um: Se qualquer atrasado mental, incluindo muitos jornalistas do Público e alguns Nicolaus do Expresso, e também os meus amigos que acreditaram, consegue perceber que os factos que ontem o ministro das finanças encomendou ao Público que revelasse para desviar as atenções dos seus SMS significam ilegalidades e fugas ao fisco de proporções bíblicas que colocam em causa a sustentabilidade das finanças públicas e o dinheiro dos contribuintes, o fiscalista Tiago Caiado Guerreiro, que não é um atrasado mental qualquer e não tem essa capacidade de perceber, não está sequer a perceber o alcance das revelações?
Adenda número dois: tal como era esperado, e se podia apostar um olho contra um rebuçado, o trafulha-mor das Índias que encomendou a notícia usou a encomenda para fazer um dos seus números habituais no parlamento, o verdadeiro objectivo desta pós-verdade. O António Costa nunca frustra as expectativas que se depositam nele.
Em equipa que ganha, reverte-se.
Agora que atingimos uma boa posição nos rankings dos testes PISA de Ciências, Português e Matemática, urgia alterar os curricula do ensino antes que os filhos da populaça conseguissem chegar a entrar em competição directa com os meninos do Moderno, da Alemã ou da Saint Julian's no acesso às melhores universidades.
Os delegados da Fenprof no governo já estão a tratar do assunto, revertendo a reforma Crato de modo a reduzir as aulas de Português e de Matemática e substitui-las por aulas do ciências sociais onde adquiram as competências realmente importantes para eles, que não são as mesmas que são importantes para os meninos que os governantes metem nas escolas privadas, de forma a repor a hierarquia ameaçada.
No ensino, quem tem dinheiro toca viola.
No seu estilo tão próprio de fazer política, o estilo ácaro em que se dedica a apontar regularmente aquilo que irrita a oposição, o primeiro-ministro António Costa saiu em defesa do ministro Mário Centeno, em quem delegou o trabalho sujo de
até porque
dizendo publicamente,
Em resumo, ele rouba mas faz.
* E consegui escrever o parágrafo mais comprido do mundo sem se parecer com um parágrafo.
O PEV, que tem dois deputados há quase trinta anos sem nunca ter tido um voto e representa os portugueses que votaram nele, gostava de planificar a economia portuguesa, de uma meneira geral, ou não fosse um franchise do PCP orientado para o mercado eleitoral sensível às questões ambientais que não se conseguia rever em Chernobyl, e mais especificamente a parte que tem a ver com questões ambientais, a sua razão de existir fora do PCP, impedindo a importação de energia nuclear, a mais barata disponível no mercado.
Levou a proposta de proibição ao parlamento, onde conseguiu os dois votos dos seus próprios deputados, o estou-me nas tintas dos deputados do BE, da sua holding, o PCP, e até do PAN, que também dedica a sua existência à protecção da natureza, e o nem penses! dos partidos burgueses clássicos, o PSD, o PS e o CDS, por ordem de dimensão dos respectivos grupos parlamentares. Infelizmente, os seus dois votos não foram suficientes para impôr a proibição, e a proposta foi chumbada.
Eu, pelo contrário, gostava que o mercado de energia fosse realmente liberalizado, ou seja, que cada cliente fosse livre de encomendar ao seu fornecedor a energia proveniente das fontes escolhidas por si próprio aos preços a que elas estivessem disponíveis para venda, tantos por cento de moinhos de vento a tanto e tantos por cento de barragens a tanto, para dar um exemplo, ou quero só carvão se faz favor, para dar outro, enfim, aquilo que cada consumidor quisesse consumir e estivesse ao alcance da sua bolsa e da sua vontade de gastar dinheiro, e não pelo PEV ou pelos partidos que vão debitando leis no parlamento ou governando.
E toda a gente teria a liberdade de ser completamente ecológica e optar por não gastar um único kWh de energia nuclear, sem estar sujeito às eventuais decisões em contrário de compra de energia pelas empresas distribuidoras. Ou até de os gastar todos, se fosse para o mais barato e não se assustasse ou até se preferisse o nuclear, nem que fosse para chatear os que gostam de escolher por eles e agora têm esse poder. Eu quase que aposto que, depois de conhecerem os preços, iriam mais por este caminho...
A sabedoria convencional diz-nos que a táctica seguida inicialmente pelo PSD de martelar incessantemente a ilegitimidade originária do governo Costa, que só nasceu porque apoiado numa maioria com comunistas que não foi aventada na campanha eleitoral nem tinha precedentes, foi arrastada durante demasiado tempo. Já o CDS, após Portas ter anunciado o óbvio (óbvio quer dizer que se tornou fácil de ver para toda a gente depois de o ter dito), isto é, que de futuro só seriam possíveis governos de direita com maioria absoluta, deixou rapidamente cair a lamúria.
O eleitorado vive no presente e quer que lhe garantam o próximo fim do mês melhor que o de há um ano, e para o resto do futuro contenta-se com promessas vagas desde que risonhas - o que lá vai lá vai. É por as coisas serem assim, e o PS ser delas um óptimo intérprete, que as sondagens que andam por aí não penalizam o governo golpista, donde pessoas de representação deduzem que o PSD e o CDS se devem esforricar em projectos, iniciativas e propostas alternativas.
Tretas. Que no campeonato da diarreia legislativa, lançamento de novos serviços públicos, manutenção dos existentes, dinamização da economia a golpes de subsídios e voluntarismo, desarme de conflitos sociais com cedências, e criação artificial de um clima de optimismo - o PS ganha, e o PSD muito, e o CDS alguma coisa, sempre o acompanharam no esforço, com excepção do tempo da tutela da troica.
É por as coisas serem assim que a dívida pública chegou ao nível a que chegou, e que não pára de crescer, a despeito da propaganda sobre a suposta redução do défice, na qual as instâncias europeias fingem acreditar (para explicar a discrepância - a dívida cresce mais do que proporcionalmente ao défice apresentado - os economistas dizem candidamente que não percebem); e que, a menos que surja um basta! dos credores, sob a forma de juros incomportáveis, ou um basta! dos comunistas, por perderem cada vez mais votos a troco de cada vez menos novas cedências, Costa continuará de vitória em vitória até à derrota final. Que infelizmente será também a do país.
Até lá, o regime vai apodrecendo. E a novela bufa destes dias em torno do banco público, que cobre de lama o presidente da República, cuja hiperactividade, incontinência verbal, e ausência completa do mais elementar sentido de Estado, estavam à espera de uma oportunidade para se tornarem evidentes, mesmo para o mais furioso apreciador de selfies parvas; que desprestigia o Parlamento, por as necessidades da coligação se terem sobreposto aos poderes de uma comissão de inquérito, eliminando o elemento de contrapoder que estas alguma vez tiveram; que impede que o cidadão conheça os nomes dos responsáveis, e dos beneficiários, do descalabro que fez com que aquele banco precise de cinco mil milhões de reforço de capital, sem que se perceba que parte é que cabe à crise, que parte cabe a exigências dos dementes de Frankfurt, e que parte cabe a salteadores e ineptos; e que trouxe para a praça pública uma litania de personagens menores, desde bancários de imaginária competência pagos a peso de ouro com dinheiro público, ministros que subcontratam a feitura de leis a privados que delas directa e exclusivamente beneficiam, apresentando a conta ao contribuinte, para já não falar de alguns parlamentares televisivos que se prostituem em nome da disciplina partidária ou da estratégia de um bem maior, e de comentadores cuja independência está comprometida pela necessidade de agradarem ao governo:
Vem provar que o pecado original deste governo, isto é, o apoio de comunistas (os que são e os que fingem não ser), não tem apenas o preço das reversões, da conservação deletéria do poder dos sindicatos, e da paralisia de qualquer esforço sério de reforma.
Mesmo sendo Costa um depositário de todas as ideias erradas que levaram à falência do país, às quais faz as entorses necessárias para os nossos patrões europeus continuarem a bancar o forró, e mesmo sendo um mentiroso contumaz, como abundantemente já demonstrou, nunca um governo minoritário da PàF, com a abstenção do PS, ou até mesmo incluindo alguns socialistas mais apresentáveis na boa sociedade, levaria o país a estes extremos de abjecção.
Não é que uma tal solução pudesse resolver os nossos problemas; nem eles jamais começarão a ser resolvidos senão quando a esquerda - toda - for varrida do universo decisório. Até lá, a chamada direita faria bem em pensar com paciência no day after; e ocasionalmente lembrar-se, e lembrar-nos, que Costa tem lepra - contraiu-a logo a seguir às últimas eleições.
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