Sábado, 9 de Janeiro de 2016
Quando Keynes apresentou o seu Tratado sobre a Moeda, discutiu o conteúdo com Hayek. Num comentário, Hayek disse a Keynes: "o senhor argumenta com factos, eu argumento com lógica".
Ora bem, factos estão disponíveis nas árvores dos factos com diversas cores e tempos de maturação prontos a serem colhidos seletivamente por quem queira. Cada um dá uma imagem parcial e pode indicar coisas diferentes em conjunção com outros que escolhemos.
Vem isto a propósito da intervenção/comício de António Costa ontem na edição especial da Quadratura do Círculo sobre a solução encontrada para o Banif.
Costa gaguejando, e com interjeições (revejam a gravação, ainda não disponível), debitou alguns factos:
- a proposta da Apollo (que custava ao estado 4 vezes menos) era apenas de intenção;
- entre sexta-feira, 18, e domingo 20, não tinha sido tornada vinculativa;
- que o Banif tinha de ser resolvido até segunda-feira 21 de Dezembro, impreterivelmente, ou perdia a liquidez necessária para manter as portas abertas.
Breves questões:
- A que horas de sexta-feira 18, foi comunicado à Apollo que devia vincular a proposta? Os decisores da Apollo estavam disponíveis e tiveram tempo durante o fim de semana para a tornar vinculativa? Teriam recursos? Sabiam da emergência até à noite de domingo?)
- Segunda-feira 21, o BdP não poderia iniciar uma linha de emergência de liquidez para suportar o banco durante mais uma semana que permitisse poupar aos contribuintes os milhares de milhões de erros que a absoluta pressa terá obrigado a torrar gastar?
A técnica mediática muito bem dominada por Costa, após anos a treinar na Quadratura, de apresentar factos que suportem uma interpretação ou narrativa conveniente, pega? Pegará mesmo?
De Manuel a 9 de Janeiro de 2016 às 16:27
Estás desactualizado... o BDP não tem qualquer capacidade de decisões sobre "linhas de liquidez". Desde 1 de Janeiro de 2015 que os bancos nacionais não tem qualquer capacidade sobre isso. Para essas coisas foi criado o Fundo de Resolução bancária. Esse é que pode financiar os bancos. Ou o BCE... só que, tanto a UE como o BCE já tinham dado ordem para arrumar o caso Banif, em Agosto de 2015.
Por outro lado, a Apollo apresentou uma proposta de análise. Para aceder aos dados internos do banco, é necessário realizar esse passo. Só depois disso, podem avançar com a proposta vinculativa para aquisição. Pelos vistos, fizeram a oferta, viram os dados e saltaram fora.
Esta operação é muito habitual e já no caso do BES aconteceu o mesmo... 24 entidades fizeram a primeira proposta, para poderem consultar informação mais específica, só 6 fizeram propostas efectivas. (todas foram recusadas, por criarem um buraco acima de 2500 milhões no fundo de resolução)
E as ofertas iniciais NUNCA são os valores finais. O Santander também poderá ter oferecido mais (ou menos) e vinculou aquela oferta por um grupo de opções do banco.
Corrige-me,mas os bancos gregos, em 2015, não tiveram ELA (autorizada pelo BCE fornecida pela Banco Central da Grécia)?
De
Nadir a 10 de Janeiro de 2016 às 12:37
Ficamos todos surpreendidos com os valores em causa para salvar o banco. Mais surpreendidos ainda pelo facto de aparentemente o governo também se mostrar surpreendido. Afinal o que é que está em causa?. A solidez do sistema bancário? A falta de supervisão adequada do mesmo? Ou a ausência de mercado para tantos bancos devido à dimensão da economia? e a apetência voraz e desenvergonhada pelo lucro fácil de alguns sem qualquer consideração pelo resto da sociedade?
Penso que os cidadãos deviam estar mais esclarecidos sobre o assunto e devia-lhes ser permitido tomar posição sobre o mesmo, visto que são sistematicamente chamados a entrar com dinheiro para resolver os enormes problemas criados.
Acho que é tempo de deixarmos de ser meros espectadores com foi o caso e passarmos a ser protagonistas. Temos já qualificação mais que suficiente para o efeito, e não estamos amarrados a jogos de influência muito pouco recomendáveis e até pecaminosos, e só isso já nos tornava mais qualificados do que muitos que por aí vegetam.
O Papa já está a fazer uma desinfecção aos bancos do Vaticano.
Propomos isso mesmo em: patidointeligente.blogs.sapo.pt
De Tono a 10 de Janeiro de 2016 às 23:26
Não seria útil explorar a notícia de que o BCE não aprovou uma solução que poupava 1700 milhões de €.
A ser verdade não existe um tribunal Europeu e Internacional que os obrigue a pagar aos portugueses em geral e aos investidores esse valor ?
A troika esteve cá a supervisionar e impôr condições para se atingirem metas de poupança e fecham os olhos a este descalabro.
De
Nadir a 10 de Janeiro de 2016 às 12:41
Ops! Enganei-me no endereço: partidointeligente.blogs.sapo.pt
De nadir madatali a 11 de Janeiro de 2016 às 19:31
Como sabe não existe um tribunal internacional nem europeu para crimes económicos, nem tal seria mínimamente plausível numa plutocracia/cleptocracia. Só se conseguiria mudar o estado das coisas e não permitir actos discricinários e de favorecimento, nesta caso ao Santander, fazendo evoluir o regime para uma democracia o mais participada possível. Estamos a propor isso mesmo, mas se melhor ideia houver também apoiamos como é óbvio. Já é tempo de passar á acção.
De Tiro ao Alvo a 11 de Janeiro de 2016 às 20:45
E sobre a notícia do domingo anterior, na TVI, avisando que o BANIF ia ser liquidado (notícia que deu origem a uma corrida aos depósitos, nos balcões das ilhas), nada?
Se Costa mencionou isso? Não vi tudo. Suponho que os restantes do painel não tenham reforçado muito para encostar Costa às cordas.
Quanto a mim, a notícia da TVI foi algo que fez parte da acção concertada com o fim de gerar o resultado pretendido.
De Tiro ao Alvo a 13 de Janeiro de 2016 às 18:59
Comungo das suas dúvidas: aquelas notícias não foram inocentes.
De pvnam a 14 de Janeiro de 2016 às 21:08
Uma óptima actividade de regulação de mercado
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Não há necessidade do Estado possuir negócios do tipo cafés etc )... porque é fácil a um privado quebrar uma cartelização... agora, em produtos de primeira necessidade (sectores estratégicos) - que implicam um investimento inicial de muitos milhões - a existência de empresas públicas no mercado... sujeitas a uma constante atitude crítica do contribuinte/consumidor permitirá COMBATER EFICAZMENTE A CARTELIZAÇÃO privada.
[ver blog « http://concorrenciaaserio.blogspot.pt/ »]
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Anexo: A Política com um Novo Paradigma
-» O CONTRIBUINTE NÃO PODE IR ATRÁS DA CONVERSA DOS PAROLIZADORES DE CONTRIBUINTES - estes, ao mesmo tempo que se armam em arautos/milagreiros em economia etc ), por outro lado, procuram retirar capacidade negocial ao contribuinte!!!
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-» Mais, quando um cidadão quando está a votar num político (num partido) não concorda necessariamente com tudo o que esse político diz!
-» Leia-se, um político não se pode limitar a apresentar propostas (promessas) eleitorais... tem também de referir que possui a capacidade de apresentar as suas mais variadas ideias de governação em condições aonde o contribuinte/consumidor esteja dotado de um elevado poder negocial!!!
-» Ver blogs « Fim-da-Cidadania-Infantil » e « Concorrência a Sério ».
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P.S.
O CONTRIBUINTE TEM QUE SE DAR AO TRABALHO!!!
Leia-se: o contribuinte tem de ajudar no combate aos lobbys que se consideram os donos da democracia!
---»»» Democracia Semi-Directa «««---
Isto é, votar em políticos não é (não pode ser) passar um cheque em branco isto é, ou seja, os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a ‘coisa’ terá que passar pelo crivo de quem paga (vulgo contribuinte).
Leia-se: deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!!
[ver blog « http://fimcidadaniainfantil.blogspot.pt/ »]
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