Não há definição suficiente para o horror. Não há palavras que o definam convenientemente. O horror para ser entendido, deve ser sentido fisicamente, no estômago, na mente, espalhando-se por todo o corpo e dando a sensação de que não aguentamos, que morremos imediatamente de desgosto, de dor, de um sofrimento tão absoluto que a morte imediata é um alívio. Pode acontecer de muitos modos. Para um pai, ou uma mãe, assistir à morte de um filho define o horror.
No Bataclan os terroristas terão, segundo notícias que até agora foram abafadas pelas autoridades francesas, torturado, cortado cabeças, esventrado pessoas, cortado testículos, inserindo-os na boca de homens vivos. Horror que filmaram para fins de propaganda do Daesh.
Porque nos querem proteger abafando a cruel realidade que nos traz a morte com cada vez mais frequência na Europa? Que fim serve, o ocultar da dimensão do ódio que nos movem os radicais médio-orientais? Que vontade de controlo é satisfeita com o ocultar dos corpos de crianças inocentes esmagadas ontem pelo camião de Nice? Porque diacho não hão-de mostrar às potenciais vítimas (todos nós) o que lhes pode suceder numa qualquer próxima manifestação pública?
- Porque os governos da Europa não têm coragem para combater efectivamente a ameaça. A ameaça cresce, e cresceu, por políticas apoiadas pelos nossos governos, Brincaram às invasões, às primaveras, às deposições de ditadores em países tampão e agora pagamos o custo das opções que deram muito dinheiro a ganhar a muita gente das cúpulas, das elites ocidentais. Logo, o impacto deve ser minorado para esconder as vontades de compreensão do porquê nos estarem a matar agora.
Esquecendo a arqueologia da origem, o que tem de ser feito agora para evitar que mais europeus morram é de uma dureza extrema para uma cada vez mais importante parte da população europeia, a muçulmana. A guerra, e é disso que se trata, não pode ser ganha na Síria, no Iraque ou em qualquer outra zona estrangeira. Deve ser combatida cá, com controlo de entrada nas fronteiras, monitorização e acompanhamento interno até talvez à terceira geração, reforço dos sistemas de informação, e repressão forte e segura cada vez que há um novo atentado. Muita firmeza que os actuais governos não estão a demonstrar a custo de centenas de vidas inocentes e a custo da própria capacidade de re-eleição face ao avanço dos radicais como Le Pen e outros. Como sempre foi na história: Crime e Castigo.
É uma história de corrupção moral (dos nossos líderes) de corrupção financeira (das nossas elites) e de miséria humana por parte dos que elegemos.
Dito isto, quando disserem que é preciso esconder as imagens de horror das crianças esmagadas em Nice, pensem que ao não o fazerem - ver com os próprios olhos a morte horrorosa e gratuita de inocentes - estão a proteger os verdadeiros responsáveis: a ajudá-los a esconderem-se.
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