Domingo, 3 de Novembro de 2013

Dissecando o chavão

 

 

"A coisa prossegue quando o camarada, insistindo na folga, desiste do esforço de procurar as palavras certas para as coisas. Isto é praticamente o mesmo que parar de pensar, porque pensar é botar as coisas em palavras; nessa hora, o sujeito substitui o pensamento pelos próprios chavões.

 

Isto ainda não é psicose da linguagem. Porque o chavão tem alguma semelhança, alguma parecença com as coisas que o sujeito pensava; há, senão uma identidade, pelo menos um cheirinho parecido entre o pensamento e o chavão que tranquiliza o sujeito, já guiado apenas pelo nariz."

 

No post do Orlando Tosetto - o novo link na coluna das leituras.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 13:28
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Quinta-feira, 24 de Outubro de 2013

Cinco mil

 

 

Fazem-se amigos na chamada blogosfera. Começamos a ler o que escrevem, e um dia damos por nós a gostar deles. Não "aconselho", nem "recomendo". Muito menos "sugiro", e nem me vou dar à arrogância de "explicar". São afectos que só comento com os meus botões.

 

Foi anteontem mas só hoje reparei: o meu amigo Nelson Reprezas, publicou 5.000 posts - escritos por ele, um a um (é preciso "importantizar estas rigorosidades"), desde Julho de 2004.

 

Fico à espera de outros tantos. Deixo os meus parabéns e uma garrafa de Bollinger para comemorar com ele:

 

♫♪ ♫ ... nhic... ♪ ♫ ... nhic...   ♪♫ ♪ ... nhiiiic... ♫♪ ...BUM!

 

(Ups... Espero que a rolha não tenha acertado no nariz de ninguém.)

 

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publicado por Margarida Bentes Penedo às 20:09
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Terça-feira, 27 de Agosto de 2013

Encenar um pandemónio

 

 

Para quem tiver a curiosidade de se informar junto de quem dedica a sua vida a investigar o assunto, deixo o link para um blog onde se fala de incêndios.

 

Não alinho, em particular, com este post: porque remete para uma "Petição". E apesar de muito bem escrita, estou pouco convencida que a iniciativa de lançar um debate deva partir da Assembleia da República (desconfio que são os últimos interessados e os menos habilitados).

 

O debate que se pede (e bem) deve ser lançado por quem se interessa directamente. Por exemplo, pelas associações de proprietários de terrenos florestais (se é que existem), pelos representantes das empresas que exploram a floresta e as indústrias derivadas, ou pelos núcleos das universidades que estudam a gestão florestal e o combate a fogos.

 

Escrevam para os jornais. Pressionem os canais de televisão. Sejam chatos, insistentes, insuportáveis. Organizem conferências, congressos, colóquios, jamborees. E chamem a imprensa, entupam os telefones e os computadores das redacções. Trepem para as varandas das autarquias e massacrem a paciência dos edis. Acampem, vistam-se de amarelo, cantem uma oitava acima, ou mascarem-se de sobreiros. Perguntem às Avoilas e aos deputados do Bloco qual é a melhor maneira de encenar um pandemónio: talvez seja preciso. E se inventarem um que seja mesmo hediondo estou certa que o dr. Costa disponibiliza o Terreiro do Paço. Desde que lhe prometam que a cidade, durante um dia inteiro, se transforma num lugar infrequentável.

 

Mas não esperem que os políticos se adiantem: isso é um absurdo. Não é esperável nem é uma boa ideia. Os políticos estão lá para ordenar e formalizar as vontades dos cidadãos, e não o contrário. Quando os cidadãos se vêm obrigados a digerir as vontades dos políticos, ainda que revestidas de papel celofane e enlevos do tipo "isto é a pensar no vosso bem", o resultado raramente é diferente de péssimo.

 

De resto, recomendo a leitura dos outros posts do blog. Fala-se muito sobre incêndios e não vejo por lá arrogâncias: inclusivamente, até já dei de caras com o reconhecimento de um erro.

 

Por fim, tem aquilo que para mim representa um selo de qualidade: a presença de Henrique Pereira dos Santos e a referência aos estudos do Zé Miguel Cardoso Pereira.

 

Mas se preferirem continuar a derrapar no asneirol, esqueçam. Nem visitem - pode o cabimento contaminar-vos o protesto.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 23:55
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Quinta-feira, 28 de Março de 2013

2 a 0 ao Malomil

 

 

Modalidade "Bispos": Literário, Gremlin 1 - Malomil 0;

 

Modalidade "Grilos":  Literário, Gremlin 1 - Malomil 0.

 

Estou em condições de informar o estimado público que o júri, na tranquilidade da minha total isenção, considera que o Gremlin Literário, em matéria de Bispos e de Grilos, é melhor que o Malomil.

 

O resultado teve em conta uma cuidadosa ponderação da nota técnica e da nota artística. Em ambas as provas o Gremlin Literário apresentou melhor capacidade atlética, superior penteado, e mais ritmo. Trata-se da minha opinião pessoal, que naturalmente respeito.

 

É com a voz embargada e o silêncio da comoção que aqui deixo os parabéns ao vencedor.

 

Bucareste, tantos do tal.

 

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publicado por Margarida Bentes Penedo às 02:16
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Sábado, 23 de Março de 2013

Más companhias

 

 

Sem entrar em detalhes, vejo a invasão do Iraque como um erro trágico de Bush que deixou ao mundo duas consequências lamentáveis.

 

A primeira foi talvez o auxílio mais forte para o processo de substituição de ditaduras militares por estados caóticos, sem ordem à vista. As diversas "primaveras" árabes que se seguiram têm muito a agradecer a Bush. E a chamada "civilização ocidental" ficou a dever-lhe uma boa parte da impossibilidade de ter com aquela gente qualquer tipo de entendimento. Mal por mal, é possível negociar com um tirano. Ainda que estúpido, malvado e ambicioso. Há um fio de racionalidade, que usado com competência e precaução pode ancorar uma conversa. Já perante o Islão político, que esta guerra ajudou a fortalecer, o "Ocidente" só pode tentar defender-se. Ainda estou para descobrir qual foi a vantagem resultante desta decisão para o bem estar dos povos envolvidos. As perdas são entregues em horário nobre, expressas em mortos e mutilados, filmadas todos os dias em lugares que os pivôs não conseguem pronunciar.

 

A segunda consequência foi o rombo que esta guerra provocou (e ainda provoca) no tesouro americano. Estivessem os Estados Unidos noutra situação financeira e a crise na "Europa" não seria a mesma. Podia ter arestas menos vivas, um sofrimento mais anestesiado. Sobretudo, podia ter alguma esperança.

 

Passados 10 anos dou com este post. O autor encarrega-se de lembrar a data escrevendo (chamemos-lhe assim) uma lista das pessoas que, em Portugal, apoiaram a invasão do Iraque. Sem apresentar uma única ideia sobre o assunto, o texto é muito claro a chamar-lhes, um por um, nada menos do que "nazis".

 

Saiba ele o que são "nazis". Eu sei um par de coisas.

 

Sei que um insulto não é um comentário. Sei que um texto "de opinião" deve conter, pelo menos, uma. E sei que me interessa tanto estar por perto destas práticas como me interessa, por exemplo, trocar impressões com uma faca de ponta e mola.

 

Convivo bem com a liberdade de opinião, assim as haja. Defendo, inclusivamente, a liberdade e o direito ao insulto gratuito. Não abro mão da liberdade para escolher as minhas companhias.

 

Agradeço, com reconhecida franqueza, ao João Monge de Gouveia por ter-me convidado a fazer parte do Senatus. Agradeço-lhe a confiança que mostrou ter naquilo que escrevo. E as palavras simpáticas que, em várias ocasiões, me disse. Agradeço-lhe, por fim, o favor de retirar o meu nome da barra lateral.

 

__________

 

Imagem: Caspar David Friedrich, "Monk by the Sea"

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 20:34
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Quarta-feira, 6 de Março de 2013

Um milhão

 

 

É um "mercado" muito "agressivo", com muitos "players" e muitos "clusters", por vezes "injusto", e quase sempre muito "insensível". É tudo "muito".

 

Muitos parabéns ao Estado Sentido.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 22:18
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Sexta-feira, 11 de Janeiro de 2013

Carimbar opiniões

 

 

As declarações foram louvadas n'O Insurgente. José Manuel Fernandes, no facebook, apreciou a "coragem" e a "frontalidade" de Silva Lopes, por defender uma posição "que o prejudica pessoalmente", e que lhe "retira benefícios".

 

As pensões de "alguns deputados" e "agentes políticos" são obscenas, é um facto. Outro facto é que ninguém "merece" as pensões que aufere, quando o critério de "merecimento" se baseia nos descontos efectuados. E segundo esse critério, os que recebem pensões mais baixas são quem menos as "merece".

 

Um acto de coragem seria dizer que o problema principal não se encontra no topo da pirâmide. Encontra-se na base: no volume incomportável de salários, pensões, e subsídios, médios e baixos, que foram garantidos pela criação artificial de empregos no Estado, e benefícios oferecidos em nome de um "Estado Social" completamente adulterado, destinado a comprar votos e manter a rapaziada relativamente entretida.

 

Estranho este novo figurino, que retira pertinência aos interessados para se pronunciarem sobre os assuntos que lhes dizem respeito. Seguindo o modelo mais fashion, os doentes não podem pronunciar-se sobre a saúde (cabe aos médicos), os alunos sobre educação (cabe aos professores), e os habitantes sobre as cidades (cabe aos arquitectos). Os velhos não devem falar sobre os jardins (cabe aos urbanistas) e espera-se dos proprietários de automóveis que se abstenham de dar palpites sobre o trânsito (cabe aos ambientalistas).

 

É admirável (mas não é surpreendente) o nível de insanidade que se observa em Portugal. Importa sobretudo que ninguém se pronuncie sobre o que interessa ao país; estamos todos inibidos, uma vez que somos todos interessados. A não ser que se soltem meia dúzia de inanidades e irrelevâncias.

 

O caminho mais seguro para a decência fica agora garantido ao cidadão mais capaz de se aliviar de opiniões que o prejudiquem "pessoal e directamente". Em qualquer repartição está um funcionário atento, ansioso por carimbá-lo com um selo branco de credibilidade.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 05:02
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Domingo, 30 de Dezembro de 2012

Exibições

 

 

O "pensador" português é, por tradição, um tipo ágil. Assistir às suas surpreendentes evoluções é um espectáculo privilegiado que suspeito não estar ao alcance do espectador de outra nacionalidade. Nesse capítulo, tivemos sorte e devemos estar agradecidos.

 

Fátima Bonifácio

 

Anteontem no Expresso da Meia-Noite a professora Fátima Bonifácio, "especialista em séc. XIX", confirmava com segurança que nunca tinha havido liberalismo em Portugal. Estranhei. Peguei no comando da televisão e carreguei no botão de "parar". À minha frente ficou uma imagem da senhora, ufana, com a boca aberta, os beiços tensos, sobrancelhas subidas e os olhos semi-cerrados - o que não sei interpretar. Talvez fosse a expressão da sua superior capacidade académica. Ou apenas o efeito da coincidência: interrompi-lhe o processo de lubrificação daqueles irrequietos globos oculares. Mas com ela assim, calada e paradinha, fiz as contas: de 1834 até 1910. Usei os dedos, para me certificar. Sim, estava certo, eram 76 anos. Carreguei noutro botão, e aquilo andou outra vez.

 

Já estava fidelizada: o Expresso da Meia-Noite, a par com a Quadratura do Círculo, destaca-se entre os programas de humor e entretenimento mais competentes da televisão portuguesa. E aquela comediante prometia. Os melhores "pensadores" fazem-no sempre em directo. Energicamente. Em movimentos mentais flexíveis, rápidos, contentes. Parecem carpas. Olham para uma premissa inesperada e atiram-se a ela com convicção. Por exemplo: "Eu, como liberal que sou, no sentido clássico do termo, dou muito valor à responsabilidade individual". Depois correm para outro ponto do lago e abocanham outra ideia: "Os portugueses têm de perceber que realmente se excederam. E que estão a pagar por isso". Dão ao rabo, como quem dá uma gargalhada, o que lhes altera a trajectória. Parece um percalço, mas não é (já me apercebi).

 

Dirigem-se com uma precisão milimétrica para a figura seguinte. Tomam balanço e arrancam o primeiro salto. Sem medo: "Em relação às privatizações tenho mixed feelings, devo dizer". E o salto evolui, roda sobre um eixo, continua a subir: "Pelo lado do serviço público, se for só público e propriedade do Estado, tende a burocratizar-se". E a descida para o mergulho, num ponto que a plateia raramente consegue prever, vem com a conclusão: "Porque não há, de facto, o acicate do lucro que obriga os patrões a andar em cima dos empregados e a fazê-los funcionar mais produtivamente". Lá está: aquela voltinha do "acicate do lucro" é que concentra toda a subtileza do movimento. Quem assiste não tem tempo para temer o embate. Mesmo sabendo que nem sempre corre bem, e que lhe pode atirar um jacto de água verde para cima das calças: "Infelizmente, a natureza humana não é perfeita e às vezes precisa de uns encontrõezinhos, de uns electrochoquezinhos, para a coisa andar melhor".

 

Foi lindo. As roupas do espectador ficaram todas molhadas, mas compensa largamente a elegância e a alegria do bailado. Não acaba aqui. As carpas, se lhes dá para dançar, só param quando exaustas ou lesionadas. Ainda não era o caso. Mais umas voltinhas e, sem dar tempo para a merecida salva de palmas, o entusiasmo da brincadeira depressa endireitou a balística rumo à premissa seguinte: "Por outro lado, se há um serviço público servido por uma empresa privada, o lucro sobrepõe-se a tudo". E largam por ali acima, para mais uma pirueta de grande domínio técnico e superior capacidade artística. Opondo-se, com muito treino, às leis da atracção da matéria, sobem a alturas sempre surpreendentes: "O lucro sobrepõe-se à qualidade do serviço". No ponto mais alto da evolução, rodam sobre si mesmas: "Dito isto, só sou capaz de responder casuisticamente".

 

Depois desta elevação, fica a curiosidade sobre o estilo da descida e a localização da aterragem. Precipitam-se por ali abaixo, rodando desaustinadas, já sem controlo aparente: "Por exemplo, sou totalmente contra a privatização dos correios. Ofende a minha consciência histórica". Nem sempre acertam no lago; frequentemente, falham a pontaria e caem duras em cima do lioz: "Os correios foram uma forma de apropriação territorial por parte do Estado português. Acho um ultraje, uma coisa outrageous, não suporto". Por vezes, ficam a contorcer-se na pedra e quando são socorridas já não há nada a fazer. É quando aterram de focinho: "Os correios são qualquer coisa cuja privatização me desencadeia uma crise identitária".

 

Ricardo Arroja

 

Parecendo que não, na blogosfera também se encontram alguns artistas promissores. Mas precisam, regra geral, de mais treino. Vamos por partes:

 

“O Estado Novo foi um período de enorme convergência para os padrões de vida de uma Europa mais rica, tendo o PIB per capita português passado de 30% da Europa rica em 1930 para mais de 50% imediatamente antes do 25 de Abril. Desde então, no espaço de outros 40 anos, a convergência não foi além de 10 pontos percentuais, de 50% para 60% do norte da Europa. E desde 2000 tem sido até uma história de divergência económica, ao ponto de hoje estarmos pouco melhor que em 1974” (p. 150). 

 

Esta parte é um bocado aborrecida. O espectador não absorve, segundo Pirandello, mais do que uma linha de algarismos. Perdoemos-lhe o zelo: Ricardo Arroja é um artista jovem, e cuida que a apresentação de números credíveis, e até "politicamente incorrectos", lhe garante a afluência de uma plateia cujo nome, mesmo pertencendo a uma família de reputados profissionais do ramo circence, ainda não seduz. É uma questão de tempo, tenho a certeza. Porque exibe o talento que manifestamente lhe corre no sangue.

 

Lá vai praticando as suas piruetas: "Juntamente com o período do Marquês de Pombal, o Estado novo foi dos períodos onde as contas nacionais estiveram em ordem e a economia teve boas prestações". E depois inflecte, já dominando alguns conceitos cénicos: "Períodos não-democráticos com certeza." E a seguir avança para um salto, que considero ainda meio tosco: "O que nos leva a considerar que as pressões democráticas das massas contribuíram consideravelmente para o actual descalabro". Enfim: não estaria mal. Mas falta-lhe requinte e o elemento "surpresa".

 

Não basta ao aprendiz de comediante a originalidade de ignorar olimpicamente os motivos do comportamento das contas portuguesas nos anos do Estado Novo, passando por um período em que se compara com uma Europa quase toda destruída pela II Guerra. Admiro a coragem dramática com que remove do guião o facto do dr. Salazar ter de arranjar dinheiro para pagar a guerra de África. Não cede à tentação de explicar que Portugal foi um dos países fundadores da EFTA, em Maio de 1960, o que deu a sua ajuda. Nem que a EFTA, ao contrário do que veio a acontecer com a CEE, não estabelecia limites à liberdade de cada país decidir sobre os impostos a cobrar pelas suas importações. Nem sequer passa perto do facto das leis do "condicionamento industrial" terem sido levantadas por Marcelo Caetano, bastante mais tarde, porque o dr. Salazar não via com bons olhos a livre concorrência entre as empresas.

 

O domínio da história económica é um ponto a favor de Ricardo Arroja. Dá-lhe uma elasticidade plástica muito favorável ao espectáculo sempre refrescante do livre "pensamento" português. Aguardemos as próximas exibições. Acredito que o caminho do estrelato não lhe será penoso, e não teremos que esperar muito até que seja convidado para fazer parte de um "elenco de luxo" no palco do prestigiado Casino de Carnaxide.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 17:58
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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2012

Como um boi para um palácio

 

("Imagem" daqui)

 

Há os economistas e há os outros, que não são iniciados, entre os quais me encontro. Nesta condição, confesso que não consigo perceber o conteúdo da maioria dos textos que se publicam, na blogosfera, sobre o assunto. Na realidade, estou convencida que até hoje ainda não percebi nenhum.

 

Por isso deixo aqui um pedido a todos os bloguers que escrevem na categoria "Economia e Alta Finança":

 

Seria abusivo que, de vez em quando, digamos 1 em cada 10 (para não exagerar), traduzissem os pontos principais das vossas opiniões em linguagem que nós, brutos confessos, conseguíssemos decifrar?

 

É que eu também podia escrever, sobre arquitectura (e uma lista de outros temas), em linguagem tal que para vocês, remetidos à inferior condição em que eu me encontro, olhar para um texto meu ou para esta imagem seria equivalente.

 

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 00:44
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Sábado, 16 de Junho de 2012

O Malomil

 

 

Não sei se existe outro. Há blogs decentes (poucos), blogs assim-assim (alguns), blogs péssimos (mas, ainda assim, blogs) e lixo por todo o lado. E há um blog português que é tão bom que parece de outro planeta. Chama-se Malomil.

 

Não falo de mariquices; o Malomil é visualmente fracote e tecnicamente básico. E o nome é um bocado esquisito. Também não é um blog para consultar a correr e roubar umas frases. O António Araújo escreve comprido, profundo, com a simplicidade de quem sabe o que está a dizer, e com a ternura de quem gosta dos assuntos.

 

O António Araújo escreve críticas de livros que são um prazer, mesmo quando o livro é uma fraude. Como o post com que inaugurou o blog, em Dezembro de 2011, chamado "Irei cuspir-vos no túmulo", sobre o livro "Homossexuais no Estado Novo" (Sextante Editora, Lisboa, 2010), da jornalista São José Almeida.

 

Antes de ler esse post, só tinha visto escrever assim (sobre livros) no New York Review of Books onde, para cada edição, os autores são escolhidos entre os melhores especialistas do mundo. E são pagos como tal.

 

Há mais autores no Malomil, ainda não os conheço todos. Um deles assina "Herança Camarido" e publica fotografias curiosíssimas de cenas, pessoas, e papelada que vai encontrando. Como este menu para uma ceia de Natal, escrito à mão, em 1904. Ou esta Casa (que me parece palafitada) do Director da Exploração do Caminho de Ferro de Benguela, em Nova Lisboa. Ou a visita do imperador da Etiópia Hailé Selassié a Lisboa, em Julho de 1959. Ou o António Ferro, em 1922.

 

Todos os posts valem a pena. E quando digo que valem "a pena" é porque, às vezes, os posts são tão grandes e tão completos, contêm tantas fotografias e vídeos, que os ecrãs demoram a fazer "scroll". Então exigem alguma paciência.

 

"The problem we all live with" fala de uma história, de um quadro, e da obra de um pintor. Também do António Araújo, é um presente para uma miúda de 9 anos. Tenham paciência; não percam isto por razão nenhuma.

 

________

 

Nota: Fotografia do João Pina, tirada daqui.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 03:22
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