Sexta-feira, 28 de Junho de 2019

Já não há Minhotas

Eu nasci e vivi toda a vida em Lisboa, não há ninguém mais lisboeta do que eu, mas sou minhoto dos dois costados, do Alto Minho, das vilas banhadas pelo Rio Minho de Melgaço e Monção, passei todas as férias grandes até ao fim da adolescência em Melgaço, e sou do tempo em que os minhotos sovavam militantes e incendiavam sedes dos partidos políticos que desconfiavam, com razão ou sem ela, na medida certa ou com algum exagero, que lhes ameaçavam o património.

E aprendi desde novo as histórias das heroínas do Alto Minho que se distinguiram, invariavelmente, na liderança da resistência das populações das vilas fortificadas aos sitiantes castelhanos. A Inês Negra de Melgaço que, depois de um cerco tão longo que tanto sitiados como sitiantes estavam exaustos, propôs resolver o cerco andando à pancada com uma das mulheres sitiantes, e depois de a sovar eles levantaram o cerco e retiraram, e a maior de todas, a Deuladeu Martins de Monção que, perante a iminência de acabar a farinha, andou pela vila a recolher toda a que havia, cozeu pão e foi para o alto das muralhas atirá-lo aos castelhanos e anunciar que de onde aquele vinha havia muito mais, o que, também exaustos como estavam, os convenceu a levantar o cerco e a ir embora.

Isto eram as Minhotas que cresci a evocar e admirar, e a ter a prudência de não me meter com elas.

Hoje as minhotas elegem governantes e autarcas do Partido Socialista.

Quando um certo governante socialista megalómano e nem sempre demasiado honesto decidiu deixar para a posteridade a sua marca passando um rolo compressor no país que estava e eregindo no seu lugar um país moderno, líder na nova economia, nas competências tecnológicas e nas energias verdes, as minhotas foram-lhe na cantiga e, dos vinte e quatro deputados eleitos pelos distritos do Minho, ofereceram-lhe doze.

Do país moderno fazia parte também, e desde que ele, chegado da província e habilitado e experimentado nas artes do projecto de habitações, tinha conseguido socializar com as elites culturais da capital, uma exigência arquitectónica que o país que estava não estava à altura de satisfazer. E nomeadamente o prédio Coutinho de Viana do Castelo. E tratou de lançar um projecto ambicioso para alindar as cidades portuguesas, talvez por motivos de exigência estética, talvez para estimular a actividade económica no sector da construção e nos sectores associados como os dos projectos de arquitectura e engenharia, o programa Polis. Através da criação de uma rede de empresas como, para alindar a cidade de Viana do Castelo, a VianaPolis (assim tudo pegado).

A VianaPolis decidiu que o maior problema que era necessário resolver para alindar a cidade era o prédio Coutinho.

Eu nunca reparei por aí além no prédio Coutinho, se bem que ele seja visível à distância, e nunca estive próximo nem dentro dele, não tenho uma ideia precisa da qualidade de construção. Esteticamente não me parece extraordinariamente feio nem bonito, não me parece muito diferente dos edifícios de bairros construídos em Lisboa como a Portela. Se eu fosse um traficante de droga disposto a investir em património imobiliário preferiria investir o meu dinheiro em solares, que não faltam na região. Mas se fosse de classe média, ou imigrante com algum dinheiro amealhado depois de anos de trabalho lá fora mas insuficiente para comprar a empresas sediadas em paraísos fiscais apartamentos em prédios reabilitados com classe e sem olhar a custos, não me pareceria aberrante comprar lá um apartamento. Uma coisa assim para remediados.

E os moradores que lá compraram as casas viram-se de repente ameaçados pelo governante-rolo-compressor que lhes queria demolir o prédio e libertar espaço para eregir a sua utopia arquitectónica através da empresa VianaPolis criada para o expropriar e demolir, para além de albergar ou contratar à peça gente para desenhar a nova cidade. A maior parte, provavelmente ponderando que não tinha capacidade para resistir à investida de uma empresa muito mais poderosa do que eles e propriedade do governo e do município acabou por ceder à ameaça e aceitou entregar os seus apartamentos, mas uma minoria resistiu ao longo de décadas às investidas do governo, da Câmara Municipal e dos tribunais que a queriam expulsar e expropriar compulsivamente.

Até que acabou o prazo determinado para serem despejados.

2019-06-28 Prédio Coutinho.jpg

Não vale a pena repetir a história que tem sido sobejamente relatada, como aqui, por um proprietário de uma fracção no prédio. Os moradores estão barricados nas suas casas e não permitem a entrada aos burocratas que lá estão para tomar posse administrativa delas protegidos por agentes da autoridade e empresas de segurança privadas, e sabem que se sairem as portas das suas casas serão arrombadas, as fechaduras mudadas, e não conseguirão voltar a entrar. Pelo que permanecem dentro de casa há dias. Cá fora a sociedade VianaPolis mandou-lhes cortar a água, a luz e o gás, e não deixa entrar ninguém no prédio, nem para lhes levar alimentos nem para prestar cuidados sanitários e de saúde aos moradores de idade avançada que lá estão barricados. E os familiares só lhes têm conseguido fazer chegar água e alimentos através de sacos içados por cordas das varandas. Como num cerco medieval.

Como num cerco medieval como os de Melgaço e Monção.

Nesta luta desigual e degradante o sitiante é protegido pelo anonimato. Ao contrário dos políticos e dos autarcas que são, estando a comunicação social virada para o fazer, escrutinados até aos fundilhos, os burocratas da empresa VianaPolis que dirige o cerco e a guerra aos moradores são anónimos, não são interpelados nem questionados pelos jornalistas pelas indignidades que ordenam, não são reconhecidos nem apontados na rua, na escola dos filhos ou na missa como os facínoras que querem matar os velhotes do prédio. São anónimos.

Mas os anónimos também têm nome, e se a comunicação social lhes preserva o anonimato e a privacidade não temos motivos para a secundarmos. Olhemos então para o presidente da sociedade VianaPolis e deixemo-lo sair do anonimato.

O presidente executivo da VianaPolis chama-se Tiago Moreno Delgado e é irmão do secretário de Estado das Infraestruturas do ministério liderado pelo marido da chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. É portanto um socialista instalado na teia. Mas a teia das famílias socialistas é tão densa e confusa que dela não se podem extrair grandes conclusões sobre as qualidades técnicas e humanas do gestor. Mas tem uma qualidade que no PS actual é muito valorizada. É um grande mamão nas tetas dos contribuintes. Em 2010 conseguiu impingir por ajuste directo de 75.000 euros a "Prestação de serviços no âmbito da coordenação dos projectos e empreitadas previstas no âmbito das actividades desenvolvidas pelo Programa Polis Litoral Norte" durante o prazo de 365 dias à Parque Expo ao mesmo tempo que era director da Parque Expo. Estando dotado da competência de mamar nos dois lados ao mesmo tempo e fazendo parte das famílias certas pode-se considerar perfeitamente integrado no regime socialista.

E as minhotas?

As minhotas, em vez de lhe invadirem o palácio para o sovarem e expulsarem violentamente da cidade, estão muito caladinhas a assistir ao cerco, a deixar exaurir os velhotes de solidão, escuridão, fome e fraqueza até se renderem e entragarem as suas casas ao sitiante.

As minhotas de hoje não são as Minhotas do meu tempo.

 

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 18:03
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Sábado, 11 de Maio de 2019

Testa de ferro

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Vamos fazer um exercício de supônhamos.

Suponhamos que somos o primeiro-ministro de um governo socialista.

Suponhamos que no país há um banco privado que, por ter sido criado de raiz como um caso de almanaque, atingiu uma dimensão e um sucesso sem paralelo na história do país.

Suponhamos que, sendo socialistas, e porque acreditamos que a gestão pública cria mais valor que a gestão privada, ou que um banco público pode ser usado para financiar projectos de investimento alinhados com a estratégia económica do governo e portanto mais válidos para a economia e a sociedade, ou até que dispondo de um banco público podemos canalizar dinheiro para os nossos amigos, ambicionamos, se não nacionalizar esse banco privado, pelo menos entregar o seu controlo a gestores de confiança do nosso governo.  E que os gestores actuais são até ligados a organizações muito longe do nosso governo, como a Opus Dei.

Suponhamos que o banco público tem, porque há muita liquidez no mercado, muita liquidez.

Então, poderiamos ser tentados a ordenar ao banco público para comprar uma posição de controlo accionista no banco privado.

Mas suponhamos que a gestão do banco privado tinha ao longo dos anos conseguido blindar os estatutos de modo  blindar o seu próprio poder contra o dos accionistas e proprietários do banco através de uma provisão estatutária que limita os direitos de voto de um accionista individual a 10%, mesmo que tenha 20%, 50% ou até 80% do capital do banco.

Então, ordenar ao banco público a aquisição de grandes lotes de acções do banco privado não seria suficiente para firmar uma posição de controlo da sua gestão.

Suponhamos que em vez de o banco público comprar grandes lotes de acções do banco privado elas fossem adquiridas na mesma quantidade mas por diversos investidores independentes uns dos outros, cada um conseguindo obter 10% dos direitos de voto, sendo que nesse caso bastariam 5 investidores independentes para conseguir obter os 50% dos direitos de voto suficientes para destituir a administração em funções e a substituir por outra votada por eles, até uma administração ligada ao banco público e da nossa confiança se eles decidissem apresentar e aprovar uma lista de administradores ligados ao banco público e da nossa confiança.

Suponhamos que os investidores independentes não tinham meios para adquirir parcelas tão significativas do capital de um banco tão grande, nem grande motivação para cederem com o seu dinheiro, e assumindo os riscos da operação, o controlo do banco privado ao banco público, para além da natural, mas limitada, disponibilidade para servir o interesse público e os desejos do primeiro-ministro, proprocionando-lho.

Suponhamos que o banco público montava um conjunto de operações de concessão de crédito aos investidores para terem meios de adquirir os lotes de acções do banco privado, garantindo-lhes, ao não lhes exigir quaisquer garantias pessoais para além das acções compradas com o crédito concedido, que o seu património pessoal não seria prejudicado se a operação corresse mal.

Suponhamos que toda a operação era orquestrada por nós, lembram-se que neste supônhamos somos o primeiro-ministro? com o apoio e a coordenação activa do governador do banco central e toda a disponibilidade da administração do banco público para financiar a operação.

Então, todas as condições estão reunidas para concretizarmos a aquisição do controlo do banco privado através da nomeação de uma administração da nossa maior confiança.

Suponhamos que mais tarde as acções do banco cujo controlo de gestão foi adquirido neste processo desvalorizam para um centésimo do valor a que foram adquiridas.

Então os investidores, sem meios para reembolsar o crédito que lhes foi concedido, entregam as acções que o garantiam. E o banco público que montou a operação fica a arder com uma garantia que vale um centésimo do dinheiro que tinha emprestado para a concretizar.

Suponhamos que uns anos mais tarde um dos investidores a quem o banco público concedeu crédito sem garantias para adquirir um lote de acções do banco privado que, em conjunto com os de outros investidores, contribuiu para substituir a administração que estava no banco por outra alinhada connosco, com o governo de então, e depois de esse crédito se ter revelado ruinoso para o banco público por as garantias não serem nem perto de suficientes para compensar o seu não-reembolso, é chamado a uma comissão parlamentar de inquérito para apresentar as suas razões para não ter reembolsado o crédito que o banco público lhe concedeu.

Suponhamos que ele se limita a contar a verdade, ou seja, que apenas aceitou participar na operação a pedido do banco público e depois de obter do banco garantias que o seu património pessoal não seria colocado em risco se a operação corresse mal.

Suponhamos que ao contar a verdade não terá querido ou conseguido esconder a satisfação por de facto o seu património pessoal não ter sido afectado pela operação, rindo.

E chegamos ao ponto onde estamos, um país a espumar de raiva por um devedor não pagar uma dívida ao banco e ainda por cima se rir por não ter que a pagar.

E nós, o governo da altura, relembrêmo-lo, enquanto o país se indigna com o pequeno testa de ferro da operação de grande envergadura que montámos com sucesso por termos atingido o nosso objectivo de substituir a administração do banco privado por uma da nossa inteira confiança e, distraído a indignar-se com ele, não se lembra de olhar para a operação para se indignar com quem a montou e orquestrou, para nós, rimo-nos ainda mais. Saímos por cima.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 16:02
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Sexta-feira, 30 de Novembro de 2018

Ericeira onde o mar é mais azul

2018-11-30 Gabriel Cardoso Ericeira.jpg

Tal como o assassino que, no final da leitura da sentença no julgamento em que foi condenado a onze anos e meio de prisão por ter morto um jovem à facada e em plena sala de audiências fez o gesto de atirar um beijo na direção da mãe da vítima, os socialistas que, mesmo debaixo do escrutínio de uma investigação judicial durante a qual até estiveram sujeitos a prisão preventiva andam a saltitar de casa de testa de ferro em casa de testa de ferro, ou debaixo do escrutínio intenso a que é sujeito qualquer primeiro-ministro nomeiam amigos ou até melhores amigos para representar o Estado em negociações de processos de privatização para assegurar aos interesses que eles representam profissionalmente a tomada de posição no capital das empresas privatizadas, andam a gozar com a sociedade como se se soubessem abrangidos por uma imunidade qualquer e o descaramento com que gozam às claras não lhes trouxesse o risco de virem a sofrer qualquer tipo de penalização.

 

Cabe à justiça representar os nossos interesses investigando-os com diligência e rigor, recolhendo provas sólidas dos crimes que eles cometem e não meros indícios, suspeitas e teses que originam títulos sensacionalistas nos jornais mas em tribunal não asseguram condenações, e apresentando em tribunal processos devidamente fundamentados para que se possa fazer Justiça condenando-os a penas de prisão efectivas correspondentes aos crimes que cometem.

Porque a justiça que simula condenações aplicando medidas meramente administrativas intoleráveis para quem considera a liberdade um valor supremo que só pode ser negado por sentenças judiciais como a prisão preventiva, e consegue condenações nos jornais alimentando-os com informação parcial que nos jornais parece conclusiva mas avaliada com o rigor exigível nos tribunais não é, a justiça populista que investe no justicialismo mediático sem fazer o seu trabalho de garantir a condenação de criminosos em tribunal, não os parece assustar sequer a título de os incitar a serem minimamente dicretos no crime.

A lata deles ao fazê-lo às claras não é mais do que a avaliação que fazem da competência do sistema judicial que não receiam. E se calhar a culpa é nossa, que lhes andamos a alimentar o populismo justicialista mediático em vez de lhes exigir resultados.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 10:55
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Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018

Corridas de cavalos

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As apostas em corridas de cavalos não fazem parte da cultura popular em Portugal, mas fabricam ruínas e fortunas na política portuguesa.

Ao contrário dos Salgado que apostaram no José Sócrates errado e tiveram que passar à reforma, o Salgado que apostou no António Costa certo continua no activo e vivaço como sempre.

  • Promove a saúde pública e os projectos da sua autoria para o gabinete de arquitetura da família.
  • Promove projectos de mobilidade urbana que quando não melhoram a mobilidade são pelo menos bons para o imobiliário.
  • Promove a libertação da Avenida da Liberdade de condicionamentos à construção através da desafectação de edifícios públicos que a faziam desmerecer o nome que tem, transformando-a numa verdadeira Avenida da Liberdade 2.0.

Quem diz apostas em cavalos pode dizer apostas em burros manhosos.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 10:59
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Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2017

Os animais mais ferozes também têm coração ou, são tão lestos numas coisas como lerdos noutras

Acabei de fazer uma modesta descoberta, ainda não sei se para catalogar no domínio da etnologia, se da etologia, que me sinto no dever de não guardar apenas para mim mas partilhar com a humanidade.

Os animais ferozes também têm coração.

Pelo menos, os que habitam a selva mediática.

E como é que eu fiz esta descoberta?

Durante o fim-de-semana, a matilha que ao longo da semana se dedicou a defender na selva mediática o primeiro-ministro das consequências da última trapalhada em que se viu apanhado, a revelação pela jornalista da TVI Ana Leal do envolvimento de vários membros do governo e de outros orgãos do poder político socialista na gestão danosa da associação Raríssimas, de que tinha dado conta ontem de mais uma que me pareceu mais habilidosa, tanto no plano literário, como no argumentário, do que as outras, viu-se obrigada a abrir uma nova frente na defesa da tribo socialista contra o resto do mundo.

Ao justificar à comunicação social o facto de não ter endereçado ao primeiro-ministro um convite para o almoço de Natal organizado pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrogão Grande, a sua presidente Nadia Piazza tinha cometido a afronta de dizer "...as pessoas que foram convidadas são ... as pessoas que estão connosco".

Esta mulher notável que perdeu no incêndio o filho, acompanhado do pai e da avó, e que conseguiu encontrar conforto no facto de o cadáver do filho ter sido encontrado nos braços do do pai e de, portanto, ter morrido na companhia de quem o amava e o protegia, cometeu a afronta de, com uma elegância suprema que foge ao alcance da capacidade de compreensão da matilha que o defende, ter revelado que, por exclusão de partes, não inclui o primeiro-ministro no conjunto de personalidades que considera que estão com as vítimas do incêndio.

Poderia, quem somos nós para sugerir que deveria? tê-lo dito de um modo mais directo, por exemplo aludindo ao facto de ele nem se ter dignado a interromper as férias na praia quando ocorreu a tragédia, de não ter manifestado a mais pequena empatia com as vítimas até ser obrigado a fazê-lo pelo presidente, ou de a primeira reacção do governo à tragédia ter sido a de encomendar estudos de opinião para determinar que tipo de resposta preservaria melhor a sua popularidade. Podia ter sido ainda mais directa relembrando o papel que a incompetência do governo e das lideranças que nomeou por méritos partidários e de proximidade pessoal para a Autoridade Nacional da Protecção Civil teve na ineficácia da protecção das populações que resultou nas dezenas de mortes, entre os quais a do seu filho. Poderia até ter sido brutal como o primeiro-ministro sempre é, dizendo algo como "não convidamos bestas para a nossa festa". Mas não, foi apenas de uma elegância suprema, o que agrava a afronta, porque a matilha tem toda a capacidade para actuar ao nível mais rasteiro mas não a de a enfrentar ao nível a que ela foi colocada.

E, a melhor defesa é o ataque, o primeiro-ministro lá teve que soltar a sua matilha à ousada que lhe virou as costas.

No fim do dia, o prémio do comentário mais rasca acabou por ser atribuído sem discussão ao sobrinho do presidente Mário Soares e seu chefe de gabinete nas presidências e actual apoiante do Bloco de Esquerda, Alfredo Barroso, que com um poder de síntese no insulto notável deixou nas redes sociais o breve mas rico de significado comentário "A brasileira de Pedrogão: manipulada ou manipuladora" que em apenas sete palavras conseguiu resumir todo um programa de xenofobia em "A brasileira", aliás com um certo humor, voluntário ou, mais provavelmente, involuntário, porque sendo ele próprio italiano não se pode considerar nos antípodas dos brasileiros na cadeia alimentar da xanofobia, de misoginia, é conhecido o tipo específico de suspeição que as mulheres brasileiras suscitam nas pessoas xenófobas, além de lhe dar a escolher entre a burrice de "manipulada" e a desonestidade de "manipuladora". Tudo isto em sete palavrinhas.

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Mas não foi ele que me conduziu ao caminho da descoberta, mas a académica Estrela Serrano que, já na véspera, tinha dedicado uma crónica no seu blogue a, entre outras coisas, o "azedume, inexplicável" da mesma Nadia Piazza.

Outras coisas entre as quais o objectivo primeiro da crónica, encontrar um sentido que não fosse boçal à trapalhada n - 1 do primeiro-ministro, a afirmação de que 2017 "foi um ano particularmente saboroso para Portugal" e explicá-lo às massas.

E qual foi a metodologia seguida pela académica socialista? Explicar que a crítica implícita mas clara que o presidente tinha feito às palavras do primeiro-ministro tinha o objectivo de ofuscar os seus magníficos sucessos no plano económico repescando a memória da tragédia de Pedrogão e era baseada numa descontextualização que lhe alterava o verdadeiro significado, e transcrevendo a explicação do verdadeiro significado não-odioso e, pelo contrário, virtuoso, das suas palavras pelo próprio primeiro-ministro. Em resumo, que seria tão deslocado recordar em Bruxelas a tragédia de Pedrogão como dizer em Pedrogão que tinha sido um ano saboroso.

Belo argumento, e merecedor de divulgação pelos seus apoiantes. E uma demonstração de que, mesmo os apoiantes mais ferozes, quanto mais lestos são a descobrir interpretações odiosas nas palavras dos outros, mais lerdos são a reconhecê-las nas palavras dos seus, e rodeiam a sua interpretação de todos os cuidados para eles não sairem magoados da discussão. Têm bom coração.

Mas uma andorinha não faz a primavera, e um caso de animal feroz das redes sociais que, em vez de interpretar maldosamente as palavras de um político, lhe pede para as explicar ele próprio de modo que não se cubra de odioso, não sustenta uma tese.

Por um acaso tão feliz como a descoberta da mayonnaise, encontrei hoje duas obras do antecessor de vultos como o deputado João Galamba ou a jornalista Fernanda Câncio, para além do incontornável sobrinho do seu tio Alfredo Barroso, na vanguarda do combate mediático socialista, a figura lendária da blogosfera que assinava as suas crónicas como Miguel Abrantes de quem circulam as histórias mais inacreditáveis, incluindo a de ser pago pelo então primeiro-ministro José Sócrates para o defender e louvar nas redes sociais.

Pois o tal Abrantes escreveu duas vezes, pelo menos estas duas que descobri, sobre o poeta e seu camarada de partido Manuel Alegre.

Na primeira, de 2008, era o Manuel Alegre o socialista que tinha desafiado dois anos antes o partido liderado pelo primeiro-ministro José Sócrates e concorrido como candidato independente sem apoios partidários às eleições presidenciais contra o candidato oficial socialista Mário Soares e vultos dos outros partidos da esquerda como o comunista Jerónimo de Sousa, o bloquista Francisco Louçã, e o emierrepêpista Garcia Pereira, e tinha-os humilhado com mais de um milhão e cem mil votos contra menos de oitocentos mil do Mário Soares. Era a sombra sobre a direcção socialista que os socialistas deviam abater para lavar a honra manchada do chefe.

E o blogger Miguel Abrantes ridicularizou-o por ter escrito um texto publicitário para um banco, mais a mais o banco privado dirigido ao segmento de mercado dos ricos, e revelando ambições de nouveau riche do poeta.

Na segunda, em 2011, era o Manuel Alegre o candidato oficial do partido às eleições presidenciais, e andava a ser ridicularizado por ter escrito uns anos antes esse texto publicitário.

E o blogger encheu-se de dó pela maldade de que o candidato oficial do seu partido estava a ser vítima e desculpou-o publicando um desmentido que, contextualizando devidamente a publicação o texto publicitário, a esvaziava de qualquer sentido ridículo ou odioso. Teve bom coração.

Os apoios do PS, do BE e do MRPP, além dos das suas máquinas de propaganda, de que o Miguel Abrantes era um membro notável, assim como a saída de cena dos candidatos destes três partidos resultou numa redução de mais de trezetos mil votos no candidato que antes se tinha apresentado como independente e sem apoios. Mas o esforço foi meritório.

E um mais um é igual a dois, e dois comentadores ferozes a apresentarem argumentos para defender os seus chefes de interpretações maldosas já não são um caso isolado mas sim uma tendência.

Os animais mais ferozes também têm coração.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 14:18
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Domingo, 7 de Maio de 2017

Bússula para o caminho de sucesso dos advogados do regime

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O Diário de Notícias, jornal secular do grupo de comunicação social do advogado Proença de Carvalho, o tenebroso comissário político da AD na RTP (lembram-se? ele e a Maria Elisa Domingues eram ainda mais odiados pela esquerda do que o Sá Carneiro e o Freitas do Amaral? lembro-me eu) e mais tarde advogado do primeiro-ministro José Sócrates nos seus processos judiciais milionários para aterrorizar jornalistas, actualmente confiado ao capataz Paulo Baldaia, oferece aos seus leitores um mundo onírico que se divide entre os louvores às grandes realizações do governo e às propostas do BE para as melhorar e as alfinetadas à má oposição, à que ganha eleições ao António Costa em vez de louvar o seu génio poítico e coexistir pacificamente com ele, alienando-os das trapalhadas que vão sendo cometidas com cada vez mais frequência, quanto mais seguros se sentem, mais se soltam, pelos anões de que ele, que é pequenote, se rodeou para parecer gigante, e depois de um dia de trapalhadas criadas pela secretária-geral adjunta desbocada Ana Catarina Mendes relacionadas com a tentativa de apropriação pelo PS dos louros de uma possível vitória eleitoral do candidato independente Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto, que apoia, do repúdio que este manifestou pelo apoio do PS mas abertura para manter nas listas da candidatura os mesmos socialistas que já lá estavam mas na figura de independentes, e da decisão do PS de afinal apresentar como candidato próprio à Câmara o mesmo que antes se candidatava a número dois da lista do candidato independente, como fez hoje mesmo ao erradicar da primeira página qualquer referência ao rasgar do apoio do PS à candidatura do independente Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto, à convenção autárquica do partido, e à apresentação da candidatura do socialista Manuel Pizarro.

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Longe da vista, longe do coração, e não calharia nada bem criar nos leitores habituados aos relatos do passeio triunfal do António Costa pela política portuguesa uma dúvida corrosiva sobre as suas reconhecidas qualidades políticas, que são a conjugação da vigarice com a manha suficiente para a conseguir levar a cabo, de modo que está tudo bem.

Mas a grande questão sobre que hoje me debruço é...

  • ...o que faz os grandes advogados do regime, como o Proença de Carvalho, apoiar regularmente os socialistas?

Alguns deles, como o Vasco Vieira de Almeida ou o Miguel Galvão Teles, já eram socialistas antes de se transformarem em advogados do regime, de modo que para esses a questão está respondida à partida.

Mas outros, não. Sociologicamente são oriundos da direita, alguns mesmo, como o José Miguel Júdice, da direita caviar. Servem invariavelmente os grandes grupos económicos capitalistas, quer nacionais, quer internacionais estabelecidos ou em vias de se estabelecer em Portugal. São advogados de banqueiros. E no entanto têm corrido ao longo dos anos a publicitar o seu apoio a socialistas, e principalmente a socialistas do calibre do José Sócrates e do António Costa. Porquê?

Eu desenvolvi e proponho um algoritmo que explica com razoável fidedignidade este comportamente aparentemente anómalo, e de fácil utilização por se basear na análise de apenas dois factores, ambos facilmente verificáveis, a bússula para o caminho de sucesso dos advogados do regime. Em que consiste? Na resposta às perguntas.

  • Quem está no poder?

Sendo por definição advogados do regime aqueles que são contratados pelas entidades dependentes do poder, ou pelas entidades que têm interesses dependentes do poder e interesse em ser simpáticas com o poder para satisfazer esses interesses, este factor tem uma importância óbvia e auto-explicativa para a formação da posição política com mais potencial de beneficiar a posição de cada um deles. Próximidade do poder é melhor que distância do poder. Mas não explica o motivo da proximidade com o socilaismo que eles evidenciam mesmo quando os socialistas estão na oposição, e que, para simplificar as contas, se pode mais ou menos quantificar como metade do tempo. Este factor é inegavelmente importante, mas não chega para explicar tudo, e é necessário outro.

  • Qual é o grau de generosidade dos beneficiados a retribuir a quem os apoia?

Este é um factor que tradicionalmente tem distinguido a direita da esquerda. Enquanto políticos como o Pedro Passos Coelho têm demonstrado uma grande ingratidão, mesmo para com personalidades ilustres da sociedade civil como o banqueiro Ricardo Salgado, políticos socialistas têm revelado uma enorme gratidão a retribuir quem os apoia, seja através de contratações de serviços, de nomeações para cargos honoríficos ou simplesmente bem pagos, até de favorecimento em negócios particulares. A retribuir favores, os políticos socialistas são um valor seguro.

Pelo que se pode enunciar com bastante solidez uma bússula para os pretendentes a advogados do regime maximizarem as suas probabilidades de sucesso escolhendo criteriosamente quem apoiam, e que consiste na resposta a estas duas simples perguntas:

  • Quem está no poder?
  • Qual é o grau de generosidade dos beneficiados a retribuir a quem os apoia?

Bons sucessos!

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 14:30
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Domingo, 19 de Março de 2017

Uma p., mas uma p. que f. bem

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Todas as profissões têm, pese embora o princípio da igualdade plasmado no Artº 13º da Constituição da República Portuguesa, os seus expoentes e os seus membros mais fracos, e a de comentador não escapa a esta infeliz regra.

No Diário do Governo Público de hoje o comentador (do PSD, para as estatísticas destinadas a provar a presença sufocante e a carecer de limpeza urgente do PSD no espaço do comentariado) José Pacheco Pereira publicou um comentário sobre a Operação Marquês com críticas à condução do processo, nomeadamente por fazê-lo crescer de modo exponencial sem produzir acusação em vez de ir levando a tribunal as acusações que já estão solidamente provadas e ir investigando paralelamente as novas suspeitas que vão surgindo, e a riqueza opulente do currículo do arguido propiciará o aparecimento regular de novas suspeitas durante pelo menos as próximas décadas, que genericamente eu sou capaz de subscrever e tenho muitas vezes manifestado a quem me lê.

Para contextualizar a sua opinião sobre o processo que critica, o comentador começa por fazer um breve resumo das qualidades do arquido José Sócrates, focada nas cumplicidades políticas que permitiram a sua ascenção e o exercício das malfeitorias que dedicou a sua passagem pelo poder a fazer. Em quais?

  • Na do presidente Jorge Sampaio, que nomeou um governo para lhe dar tempo de tomar conta do partido e, quando ele ficou pronto para concorrer às eleições, derrubou o governo que tinha nomeado a pretexto de se ter fartado dele? Não.
  • Na do Partido Socialista, que o elegeu para o chefiar e para se candidatar a primeiro-ministro e sempre o defendeu heroicamente enquanto exerceu o seu mandato? Também não.
  • Nas dos seus colaboradores mais próximos no governo ou no partido, ou mesmo nos dois, como a do actual primeiro-ministro e seu companheiro de tertúlias televisivas e então número dois do Sócrates, António Costa? Nunca, Deus o livre!

Mas isto são perguntas de retórica, porque todos os leitores já adivinharam que cumplicidades com o Sócrates é que poderiam alguma vez ser denunciadas pelo Pacheco Pereira: a cumplicidade da direita e, especificamente, do PSD.

É preciso ser senhor de um nível superlativo de trafulhice, comparativamente com o qual o Sócrates é um mero menino de coro provinciano para, num relato sucinto do seu percurso de ascenção e queda, só apontar como referência ao papel de outros agentes políticos:

  • "...A direita que o louvou como o social-democrata do PS, como aquele que tinha roubado o programa ao PSD, que andou ali a fazer-lhe a corte nos interesses e na política, agora, certamente por complexo de culpa, vai lá apedrejá-lo como se nada tivesse que ver com o homem. Mais, em vários momentos cruciais, protegeu-o de acusações muito semelhantes àquelas de que hoje lhe faz o Ministério Público. Na comissão de inquérito parlamentar, por cuja existência pugnei bastante sozinho, o PSD indicou como seu porta-voz Agostinho Branquinho, que depois de assistir à inquirição dos responsáveis da Ongoing, envolvidos na trama de Sócrates, acabou por ir para lá trabalhar como assalariado. Mas a verdade, é que quando se tratou de chegar às conclusões do inquérito, por uma intervenção pessoal de Branquinho, Miguel Relvas e Passos Coelho, travaram tudo o que incriminava Sócrates, porque não era politicamente conveniente e era um ataque pessoal. Repito o que já escrevi há muitos anos sobre Sócrates e as cumplicidades do PSD: estamos conversados... "

Identificados com a mestria ímpar que lhe é própria os verdadeiros responsáveis pela ascensão e pelas malfeitorias do Sócrates enquanto primeiro-ministro, a direita e o PSD, há que chamar a atenção para o facto de o comentador Pacheco Pereira ser, acumulando com a militância reconhecidamente leal no PSD, uma espécie de comentador avençado do governo do primeiro-ministro António Costa, que simbolicamente o galardoou com a sua primeira nomeação política ao fim de apenas duas semanas de governo para o Conselho de Administração da Fundação de Serralves. O comentário é genial mas não lhe saiu a despropósito nem como um mero acaso. Saiu-lhe com o propósito bem definido de evitar questionar a associação entre o seu amigo, colega de antigas tertúlias televisivas, e padrinho de nomeações António Costa, e toda a máquina de cumplicidades socialista que mantém no terreno e manteve no passado, e o Sócrates que, com o tempo, se transformou num passivo político, e a substituir essa interrogação comprometedora pelo apontar de dedo aos eternos suspeitos nas suas crónicas, a direita e o PSD. Duplamente genial, no conteúdo, e em colocá-lo ao serviço do propósito.

Este comentador é uma p., mas uma p. que f. bem!

 

PS: Para o caso de andarem por aí esbirros da polícia dos costumes, que não há mas eles gostavam que houvesse, a vasculhar as redes sociais à procura de oportunidade para me colocar um processo em cima por abuso da liberdade de expressão, neste novo tempo socialista a liberdade de expressão é uma excentricidade de que se tende a abusar, esclareço desde já que o título desta publicação significa "Uma pessoa, mas uma pessoa que fala bem".

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 12:06
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Domingo, 18 de Dezembro de 2016

Isto são muitos anos de experiência a arruinar Portugal (2)

2016-12-18 CGD Pedro Marques.jpg

Quando se quer arruinar um país, deve-se fundamentar a missão nas estratégias comprovadas. E o investimento estratégico anda nisto, e soma sucessos, há muitos anos. Sem ele, um governo não é genuinamente socialista. Com ele, o sucesso das políticas socialistas é garantido.

Investimento estratégico socratista no quinquénio 2005-2010:

  • Ministério Público chama PJ para investigar créditos da CGD

Investimento estratégico costista a partir de 2019:

  • Pedro Marques: Obras para o novo aeroporto de Lisboa vão estar no terreno em 2019
publicado por Manuel Vilarinho Pires às 01:42
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Sábado, 17 de Dezembro de 2016

Isto são muitos anos de experiência a arruinar Portugal

2016-12-17 Vieira da Silva 2010-2016.jpg

Quando se quer arruinar um país, deve-se confiar a missão às mãos dos melhores especialistas com créditos firmados na praça. E o José António Vieira da Silva anda nisto, e soma sucessos, há muitos anos. Sem ele, um governo não é genuinamente socialista. Com ele, o sucesso das políticas socialistas é garantido.

Ministro costista enquanto ministro socratista em Novembro de 2010 (acompanhado de emplastro):

  • Vieira da Silva diz que atingir os 7% de juros na dívida pública não obriga à entrada do FMI

Ministro socratista enquanto ministro costista em Dezembro de 2016:

  • Vieira da Silva: Portugal deve acelerar a renegociação da dívida

* Com um agradecimento à Vanda Pereira, que descobriu a relíquia.

 

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 12:46
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Sábado, 17 de Setembro de 2016

Descubra as diferenças

2016-09-17 Sócrates - Carlos Alexandre.jpg

Económico, 9 de Fevereiro de 2016:

  • Sócrates acusa justiça de querer impedir a sua candidatura presidencial

Público, 17 de Setembro de 2016:

  • Carlos Alexandre: "Acredito que me queiram afastar de tudo"
publicado por Manuel Vilarinho Pires às 16:35
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