Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2017

Foi bonita a festa, pá!

2017-01-13 ES José Falcão.jpg

O governo socialista introduziu um algoritmo alternativo às médias obtidas pelos alunos nos exames nacionais para fazer o ranking alternativo das escolas, o indicador Percursos directos de sucesso que serve de base ao Ranking de sucesso que, como o nome indica, evidencia o sucesso do socialismo, neste caso específico no domínio da Educação. Trocado por miúdos, é a percentagem de alunos que completam um ciclo de ensino passando (com dez ou com vinte, é igual) nos exames finais de Português e Matemática desse ciclo sem nunca terem chumbado nos anos intermédios do ciclo.

Neste Ranking de Sucesso a escola secundária pública mais bem classificada no ano lectivo de 2015/2016 é a Escola Secundária José Falcão, em Coimbra.

A escola tem raízes históricas, teve origem no Liceu de Coimbra, um dos primeiros de Portugal fundado em 1836, e por ela passaram as mais ilustres personalidades históricas que estudaram na cidade, e as instalações actuais, construídas nos anos 30 do século XX, estão classificadas como Monumento de Interesse Público. Mas está num estado de conservação deplorável, não tendo sido intervencionada no âmbito do programa de requalificação das escolas, o Parque Escolar, cujo objectivo primeiro e mais nobre é Recuperar e modernizar os edifícios, potenciando uma cultura de aprendizagem, divulgação do conhecimento e aquisição de competências, o que motivou o lançamento pela associação de pais de uma petição com vista à realização urgente de obras que devolvam a dignidade ao edifício e a segurança e conforto aos seus utentes.

Para além das boas intenções subjacentes à sua missão, a criação de condições para melhorar a qualidade e os resultados do ensino nas escolas intervencionadas, o Parque Escolar foi uma festa.

O facto de a melhor escola secundária pública do país, medido pelo critério que o governo socialista considera mais relevante para aferir a qualidade do ensino, estar num estado de conservação deplorável é que, pelo menos, suscita dúvidas sobre a validade da convicção, no entanto aparentemente pacífica, que recuperar e modernizar os edifícios, de facto, potencie uma cultura de aprendizagem, divulgação do conhecimento e aquisição de competências, já que as escolas intervencionadas não conseguiram obter melhores resultados que esta escola degradada, e esta conseguiu obter melhores resultados que as intervencionadas.

Pelos vistos, o Parque Escolar valeu mais pela festa que pela melhoria da educação em Portugal.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 11:33
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Sexta-feira, 20 de Maio de 2016

O Tempo Novo

Perfeitos seis meses quase perfeitos de Tempo Novo, vejo-me impelido a, em nome do Gremlin Literário, oferecer aos leitores uma modesta colecção de cromos comemorativa das grandes realizações do socialismo nacional, subordinados ao tema "A Lição de Costa", com a esperança que os leitores os distribuam por todas as escolas oficiais do país, a começar pelas que vão receber os alunos oriundos dos colégios com contrato de associação que são apenas movidos pela ganância do lucro e com que a revolução nacional terá um dia, que se espera em breve, que extinguir.

 

Lição nº 1 - Dívida soberana

Graças à leitura inteligente dos tratados e a bater o pé a Bruxelas, os títulos do Estado português, fortes pela modelar administração que dispensa medidas adicionais e planos B, têm hoje taxas de juro das mais altas da Europa.

 

Lição nº 2 - Reconstrução e Reabilitação

Do abandono das funções do Estado, e das ruinas do estado social demolido para ser entregue aos privados, sinais de neoliberalismo e insensibilidade social, o Tempo Novo, ao mesmo tempo que edifica através do Parque Escolar, faz renascer o património da Nação pela reabilitação urbana para instalar hotéis de charme, um investimento magnífico para fazer crescer o dinheiro dos reformados.

 

Lição nº 3 - Soldados e Marinheiros

Em contraste com o zero da fôrça armada, a que as chefias militares retrógradas e homofóbicas a haviam reduzido através da proibição de afectos, o Tempo Novo assegura, em todos os campos, com os mais eficientes meios técnicos, a defesa da Nação e do Império por soldados felizes porque podem fazer o amor uns com os outros sem as chefias, prontamente obrigadas à autocrítica e submetidas ao vexame público em comissão parlamentar, e escorraçadas pela comandante suprema Mariana Mortágua, perturbarem o seu direito à manifestação dos afectos.

 

Lição nº 4 - Operários e Camponeses

Com o Tempo Novo, e sob a orientação do vice-primeiro ministro Arménio Carlos, inicia-se uma era de dignificação do trabalho com o combate à precariedade, só no privado, o horário de 35 horas, só na função pública e para quem pode, e a recuperação da contratação colectiva e um dia, quem sabe? oxalá, a sagração da unicidade sindical.

 

Lição nº 5 - A justa luta dos Estivadores

Não havia portos que satisfizessem as exigências dos estivadores nacionais ou que ao menos servissem de apoio à rude faina dos nossos sindicalistas. Está a construí-los o Tempo Novo, e já os maiores armadores desamparam a loja para haver espaço para atracarem os cruzeiros de charme. Isto, para quem está com atenção, anda tudo ligado.

 

Lição nº 6 - Energias Renováveis e Auto-estradas

Onde eram escalvados os montes, ressequidos os campos e intransitáveis os caminhos, já reverdecem graciosas centrais eólicas, brilham poderosas fotovoltaicas, e magníficas auto-estradas cortam Portugal em todas as direcções e sentidos, paralelas e ortogonais.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 00:10
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