O governo socialista introduziu um algoritmo alternativo às médias obtidas pelos alunos nos exames nacionais para fazer o ranking alternativo das escolas, o indicador Percursos directos de sucesso que serve de base ao Ranking de sucesso que, como o nome indica, evidencia o sucesso do socialismo, neste caso específico no domínio da Educação. Trocado por miúdos, é a percentagem de alunos que completam um ciclo de ensino passando (com dez ou com vinte, é igual) nos exames finais de Português e Matemática desse ciclo sem nunca terem chumbado nos anos intermédios do ciclo.
Neste Ranking de Sucesso a escola secundária pública mais bem classificada no ano lectivo de 2015/2016 é a Escola Secundária José Falcão, em Coimbra.
A escola tem raízes históricas, teve origem no Liceu de Coimbra, um dos primeiros de Portugal fundado em 1836, e por ela passaram as mais ilustres personalidades históricas que estudaram na cidade, e as instalações actuais, construídas nos anos 30 do século XX, estão classificadas como Monumento de Interesse Público. Mas está num estado de conservação deplorável, não tendo sido intervencionada no âmbito do programa de requalificação das escolas, o Parque Escolar, cujo objectivo primeiro e mais nobre é Recuperar e modernizar os edifícios, potenciando uma cultura de aprendizagem, divulgação do conhecimento e aquisição de competências, o que motivou o lançamento pela associação de pais de uma petição com vista à realização urgente de obras que devolvam a dignidade ao edifício e a segurança e conforto aos seus utentes.
Para além das boas intenções subjacentes à sua missão, a criação de condições para melhorar a qualidade e os resultados do ensino nas escolas intervencionadas, o Parque Escolar foi uma festa.
O facto de a melhor escola secundária pública do país, medido pelo critério que o governo socialista considera mais relevante para aferir a qualidade do ensino, estar num estado de conservação deplorável é que, pelo menos, suscita dúvidas sobre a validade da convicção, no entanto aparentemente pacífica, que recuperar e modernizar os edifícios, de facto, potencie uma cultura de aprendizagem, divulgação do conhecimento e aquisição de competências, já que as escolas intervencionadas não conseguiram obter melhores resultados que esta escola degradada, e esta conseguiu obter melhores resultados que as intervencionadas.
Pelos vistos, o Parque Escolar valeu mais pela festa que pela melhoria da educação em Portugal.
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