Vai ser, então, um bom mandato? Acho que sim, disse eu, e por o ter dito expus-me à irrisão geral como o trumpista que não sou, condição que me garante comentários mordazes e indirectas maldosas de certos e dilectos amigos quando o presidente se alivia, no seu inglês de brat filho de empreiteiro, das provocações tuíteiras que julga, se calhar com razão, lhe acrescentam à popularidade.
Passou já mais de um ano. E concedo que a economia animada, a diminuição do desemprego, e o clima geral de euforia, não se devam inteiramente a Trump. A economia tem ciclos e quando chega a maré das subidas só mesmo um governo esquerdista é que consegue abrandar a bonanza, primeiro, e criar as condições para a depressão ser pior, depois.
Mantenho portanto o meu prognóstico. E até mesmo na frente externa, aquela onde moram todos os perigos, Trump não tem do que se envergonhar. É como se diz aqui:
Massive deregulation; economic growth picking up; standing up to Russia, Iran, China and North Korea; destroying ISIS; remaking the federal courts; recognizing Jerusalem; and now, the greatest tax reform in a generation – all while the Mueller investigation crumbles, and his opponents are tied up in knots over his tweets. The winning is under way.
Nós portugueses, ou pelo menos aquela parte de nós que esparrama as suas opiniões nos jornais e nas televisões, achamos que um bom líder político deve ter as qualidades de seriedade e isenção que apreciamos num santo, como Eanes (de pau um tanto carunchoso, na verdade: usou a presidência para fazer um partido); que deve ser culto, amante declarado das letras e das artes, como Soares ou Marcelo (se bem que, na realidade, Soares fosse praticamente analfabeto e de Marcelo se possa razoavelmente supor que, dos livros, raramente passou da badana); que deve ser dialogante, como Guterres; que deve entender muito dos arcanos da economia, como Cavaco; que deve ser muito “solidário”, como Costa; e, mais recentemente, que deve ser muito lá de casa e amigo do peito – outra vez Marcelo.
Achamos mal. E já achamos mal há décadas. É por não percebermos que um líder precisa apenas de ter duas ou três ideias acertadas, podendo ser um imbecil em tudo o mais, e que essas ideias não podem ser de esquerda, que somos uma pequena região da Europa (ela própria um império decadente), vivendo de esmolas, de uma empresa emprestada por alemães, de um sector industrial sufocado por impostos e dirigismos estatais, e de uma quantidade crescente de empregados de mesa e estalajadeiros.
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