Não contesto o direito à greve: por razões históricas (foi um direito duramente conquistado lá onde foi conquistado - entre nós veio com a quartelada do 25 de Abril, dado que, tirando alguns episódios a que a historiografia de esquerda atribui a importância que não tiveram, o povo era sereno); por razões práticas - o preço de negar com repressão o exercício do direito é maior do que reconhecê-lo; e porque permite ajudar a resolver situações de abuso, que existem quando a vara esteja na mão do vilão, como muitas vezes está.
E portanto acho muito bem que os sindicatos dos professores decidam fazer greve - são lá coisas deles, e dos agitadores profissionais a la Mário Nogueira ou Pasionaria Avoila, e dos partidos de que são os braços para o mundo do trabalho.
E que os professores adiram, porque compram o discurso do PCP, ou do BE, ou do PS, que por este então está esquerdista mêmo mêmo, ou por oportunismo, ou por ingenuidade - também acho bem.
O que não acho bem é o diálogo. Porque o tempo do diálogo não é o tempo da greve - ela representa precisamente a falência dele.
E como desta vez há miúdos cuja serenidade e interesses fazem parte da equação; e como, quaisquer que sejam as ideias que tenhamos sobre o que sejam esses interesses futuros, não se admite que se os ofendam desde já; e como a luta não é entre interesses profissionais legítimos e autoritarismos patronais abusivos, mas entre o modo de ver as coisas que os derrotados nas eleições têm e a que têm os que as ganharam:
Apreciaria que a Crato não doessem as mãos. E que, no diálogo que toda a gente recomenda para todas as situações, usasse apenas uma frase:
A comunidade, que representamos, agradece o vosso recuo.
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