"ACORDA, palhaço!!! Não sei quê, e tal TÁZADORMIR??? OLHAÍÍÍÍ, não sei que mais, ACORDA!!!!!!"
Acordou. Tropeçou na tairoca, espetou o queixo na aresta da cómoda, segurou-se ao naperon e puxou por ele com toda a força na esperança desesperada de se agarrar. Fez desequilibrar o candeeiro de louça e todas as peças que estavam em cima do pano, incluindo um frasco de Heno de Pravia, duas pastorinhas de Sèvres, um molho de chaves, e uma esferográfica que lhe acertou em cheio na retina. Deitou a mão ao cortinado e veio o varão disparado por aí abaixo, aterrando de topo na tampa do baú que, abrindo-se em pedaços, atirou com um madeirão ao suporte do dossel. Quando Nunes Liberace acudiu ao estrondo estava tudo escaqueirado. Maria chorava baixinho, agachada a um canto, com um cristal do lustre pendurado na franja e uma perna presa no abat-jour. E a camisa de dormir enredada à volta do pescoço.
Eram exactamente 20:30, e aconteceu em frente às câmaras de todas as estações de televisão.
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