Urbano Tavares Rodrigues, na condição de falecido, já reúne um dos requisitos que a minha mania estabeleceu para conhecer uma obra: ficção de autores vivos só se for em livros oferecidos, recomendada por quem me mereça respeito, ou por atracção de um excerto que me desperte a vontade de ler mais.
Recomendações de literatos comunistas, t'arrenego. Não é que estes não possam saber muito de literatura, e terem bom gosto. É que, em se tratando de militantes de seitas, funciona a escola do esfrega-me hoje as costas revolucionárias, que amanhã esfrego as tuas.
Se porém forem colegas do ofício da escrita, mas com dispensa de solidariedades engagées, deveríamos ter mais confiança. Mas não: a quase nenhum dos grandes vultos da nossa Literatura adivinharam os contemporâneos o futuro; e a curta história do Prémio Nobel está juncada de escritores hoje esquecidos.
Vou pensar, estou tentado a ler. É que, segundo José Luís Peixoto, "para Urbano Tavares Rodrigues, a escrita era uma forma de respirar" e "encarava a escrita como algo muito íntimo e que era ao mesmo tempo um encontro com o outro".
Eu gosto muito de coisas assim exóticas e misteriosas: um escritor que não respira apenas pelos pulmões deixa-me perplexo; e tenho grande curiosidade em conhecer a identidade do tal outro com quem Urbano se encontrava intimamente.
A menos que isto não queira dizer o que quer dizer, e seja apenas uma maneira pretensiosa de dizer. Caso em que Urbano Tavares Rodrigues talvez valha a pena; e José Luís Peixoto - nem morto.
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