O problema do Tribunal Constitucional é simples na sua complicação, e consiste nisto:
Ou o TC incorporava no seu modelo de raciocínio o facto de Portugal já não ser um país independente, ou não; ou o TC incorporava no seu modelo de raciocínio o facto de o governo do País ser uma parceria decisória com os credores, ou não.
Que se me não fale de argumentos jurídicos e subtilezas escolásticas. Porque é sempre possível construir raciocínios jurídicos diferentes mas igualmente impecáveis na sua fundamentação, consoante os princípios que se escolhem para nortear a conclusão. A alteração das circunstâncias em que se fundava o contrato social que a Constituição consagrava deveria justificar, só por si, uma interpretação compatível com o estado de necessidade do país.
De resto, a nossa Constituição nasceu sob o signo do equívoco, da má-fé e da reserva mental: equívoco por incluir não apenas um modelo de sociedade, que é para o que as constituições servem, mas também um programa de governo, para o qual deveria bastar a aprovação de uma maioria absoluta da AR; má-fé dos comunistas, que quiseram e conseguiram que ficasse impossível o governo da direita fascista, mesmo que com legitimidade eleitoral, e do PS, que se garantiu como indispensável para a revisão, que sabia inevitável; e reserva mental do PSD, que aprovou um texto a léguas, já então, das suas convicções.
As sucessivas revisões não depuraram o texto da sua parte programática, por quase exclusiva responsabilidade do PS, que quis conservar capital para outras revisões, e guardar uma aura de esquerda, que é o seu fonds de commerce.
E aqui estamos. Os senhores juízes deverão por certo estar satisfeitos: à força de dizerem como se governa vão tornando o país ingovernável.
Perguntados individualmente, não duvido nada que achem que as dívidas são para pagar, o Euro não se discute e a Europa menos ainda.
Eu que, salvo na parte das dívidas, não acho nada disso, e ademais não sou católico, digo: Perdoai-lhes, Senhor, que não sabem o que fazem.
Blogs
Adeptos da Concorrência Imperfeita
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?
DêDêTê (Desconfia dele também...)
Momentos económicos... e não só
O MacGuffin (aka Contra a Corrente)
Os Três Dês do Acordo Ortográfico
Leituras
Ambrose Evans-Pritchard (The Telegraph)
Rodrigo Gurgel (até 4 Fev. 2015)
Jornais