Há aí uma gente em cujas casas a higiene é duvidosa; e, consequentemente, não cheiram a água de rosas.
Aqui intervém a pujança do mercado, que disponibiliza ambientadores, aromatizadores, e mesmo paus de incenso, estes últimos para os que, além de porcos, são fortemente espirituais, e por isso pretendem, através da fumarada, vislumbrar os segredos do Além e dar um alento ao karma esmorecido.
Assunto deles.
Logo a Deco, um organismo muito atento aos direitos dos consumidores, nos intervalos de nos consumir nas caixas de e-mail, fez um estudo e concluiu que os incensos e óleos contêm substâncias daninhas que prejudicam isto e aquilo.
Assunto da Deco, dos sócios da Deco e dos leitores da Deco. Assunto também dos consumidores que, inteirados destes efeitos malignos, podem abster-se, doravante, de imaginar que o porco cor-de-rosa é um animal doméstico.
A coisa devia morrer aqui. Mas não: a Deco está a "desenvolver esforços junto da Comissão Europeia para criar um regulamento europeu e um sistema de fiscalização para estes produtos”.
Ora, leis e regulamentos há de mais, não de menos; e nenhum fiscal produziu jamais coisa alguma, senão perdas de tempo e autos de notícia, mesmo que muitos não possam ser dispensados, a benefício de sociedades civilizadas.
Atrás dos regulamentos vêm as infracções aos regulamentos, a corrupção, as coimas, os tribunais e a hidra da despesa.
Assunto nosso. Pelo que me diz respeito, estaria disposto a desenvolver esforços para a Deco ir, por exemplo, queimar paus de incenso. Longe.
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