Fui ler o maldito Relatório (em diagonal e a cem à hora, que são 62 páginas densas e cheias de gráficos e eu é mais leituras amenas) e juro que não vi lá 870 milionários portugueses que, no conjunto, têm 75 mil milhões de euros.
Claro que esta riqueza, a existir, não é líquida, corresponde a activos dos quais a maior parte emigraria para outras paragens ou veria o seu valor despencar pela escada abaixo se fosse confiscada.
Depois, o confisco dos muito ricos não acabava com os ricos - o 871º passava a 1º, o 872º a 2º e assim por diante, até não haver ninguém que detivesse meios de produção que lhe permitisse apropriar-se das mais-valias geradas pelos trabalhadores, pé-ré-pé-pé.
Sem crédito externo, porque o confisco não é bem visto por quem vive de emprestar, os bancos tinham que ser nacionalizados, as empresas paralisavam por falta de matérias-primas, passaria a haver racionamento, controle de divisas, prisão dos transgressores económicos e manifestantes contra-revolucionários, fuga de capitais e pessoas, planeamento central da economia, e tudo o mais que caracterizou o regime defunto cuja Revolução seminal se assinalou ontem. E tudo isso aconteceria necessariamente - um regime comunista só pode nascer e manter-se na violência, cortando permanentemente as cabeças à hidra da Reacção.
Eles, os comunistas, são por vezes cultos, lidos, parlamentares brilhantes, dão aulas nas universidades, aparecem todos os dias a dizer coisas na televisão, alguns são historiadores e economistas, que Deus lhes perdoe.
Mas não aprenderam nada, não esqueceram nada, e ao mais que podem aspirar é cavalgar o descontentamento. E em vez dos amanhãs que cantam têm para oferecer o passado grávido de crimes, enterrado no lixo da História.
Que este programa cative algures entre dez e quinze de cada cem portugueses é uma medida segura da nossa miséria, atraso - e ignorância.
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