A mais antiga profissão do mundo sempre foi mal vista: vender a prática de actos íntimos a quem os compra para disso retirar prazer é objectivamente degradante; e é por isso que a natureza deles supõe uma gratuitidade que o vil metal polui.
Depois, as religiões, que se ocupam sobretudo da relação do crente com o sobrenatural, tratam de garantir que o comportamento nesta vida não comprometa a bem-aventurança na outra, segundo a Revelação em que cada uma se acolhe e o cânone fixado pela igreja competente. Daí que a luxúria não seja vista com muito bons olhos, por distrair da contemplação do eterno a benefício do imediato e contingente - a esfera mais íntima não fica fora, por definição, do comando religioso.
Mas a carne é fraca, todos os pecados serão perdoados, e as igrejas são feitas de homens (homens para designar o género humano, não me venham cá com perífrases de homens e mulheres). Donde, não faltam nem épocas nem situações em que a prostituição foi tolerada - não em nome da tolerância, mas do realismo.
Mas isso era dantes. Que o que as igrejas não conseguiram, os costumes permitiram, as autoridades toleraram, mulheres sem outros recursos agradeceram e pecadores aproveitaram - c'est fini.
Claro que a prostituição não corre o risco de desaparecer, ou sequer de diminuir seriamente - já bastou o tombo que levou com o risco da sida, a reverter logo que a cura se venda na farmácia da esquina. O que vai diminuir é a liberdade, por mais um comportamento ser interdito, e a segurança, por as polícias terem um novo crime para perseguir, com recursos que não crescerão. Ao mesmo tempo, a corrupção vai aumentar, porque a clandestinidade e o secretismo a facilitam; e, aberta mais esta porta, por ela se enfiarão, com o breviário da igualdade de género e causas fracturantes na mão, todos os promotores do novo homem politicamente correcto:
Não fuma, não bebe, não toma café em excesso, faz exercício e está aqui está a tornar-se vegan. E, claro, nunca foi às putas.
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