Miguel Portas não deixou obra memorável: não recebeu, que eu saiba, prémios como economista, escritor, jornalista e co-autor, bem como apresentador, de séries documentais para televisão; e não foi uma figura da cultura pop, ou do jet-set, ou sequer do Poder.
E todavia a sua morte causou comoção. O pertencer à família a que pertence, e a morte prematura e as suas circunstâncias, não chegam para explicar o fenómeno.
Mas Portas tinha a imagem de ser um político de causas, e de estar disposto, por elas, não apenas a ter sido preso, adolescente ainda, mas também a abandonar uma agremiação da qual é difícil sair; a embarcar em empreendimentos generosos e de sucesso duvidoso; a defender com tranquilidade os seus pontos de vista, sem acrimónia e com respeito por opiniões diferentes, e até opostas, da sua; e em tudo pôr simpatia, desprendimento, generosidade e empenho.
Se as ideias que defendia para a coisa pública alguma vez se tornassem as dominantes, seria uma vítima do monstro que com as melhores intenções ajudara a criar; e concluiria decerto que as pessoas comuns não se regiam pelos seus padrões, ou, quem sabe, que a igualdade não pode ser obtida sem violência.
As pessoas sabem que não há muitas pessoas assim; e não precisam concordar com elas para lhes sentir a falta.
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