Na tabacaria, entre a muita boa imprensa que ainda há disponível, dão invariável destaque às publicações ditas cor de rosa (porquê cor de rosa? há tons de rosa que nem são tão pirosos assim).
Impressionou-me ver nas capas de duas dessas publicações uns personagens sinistros a fazerem o trading da sua própria morte.
Respeito sempre as opções pessoais de cada um, não é o que está em causa. Nesse respeito, cabe contudo, a incompreensão pela publicidade e aproveitamento que se possa fazer de momentos que considero os mais íntimos e reservados que teremos de enfrentar. Não me venham com lições de vida ou de morte, não tardará e teremos death coaching; cada um morre pessoal e intransmissivelmente a sua própria morte, cada um terá de encontrar por si e em si as respostas a essa circunstância inescapável.
Escolher partilhar estes momentos entre os arrufos da Lucy e do Djaló e as novas cenas de sexo na "casa", dá uma de duas impressões: uma solidão e medo devastadores, em que tudo vale para chamar à atenção, ou o tal trading macabro, em que tudo se vende até ao último suspiro.
Pior mesmo, só o enorme bando necrófilo que consome ávido a infindável miséria alheia.
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