A gente lê uma notícia destas e sente um frio na espinha: a mesma instituição que custa os olhos da cara ao contribuinte para nunca acertar previsões, e que falhou rotundamente na supervisão, acha que há “evidência casuística” de dificuldades das empresas no acesso ao crédito - uma formulação pretensiosa para recobrir o que entra pelos olhos dentro de qualquer imbecil que não ande a dormir. Também garantiu que o Banco de Portugal “não é surdo e regista as queixas das empresas”.
Olha, ó fonte do Banco de Portugal: Cega sabemos que a tua entidade patronal é; criminosa também - autoriza com naturalidade taxas de agiotagem aplicadas a quem está em estado de necessidade, exactamente como faz a Máfia; e duvidamos que não seja dura de ouvido, por não ter ouvido nada do que se disse anos a fio da gestão do BPN e das moscambilhas da CGD e do BCP, entre outros. A tal evidência casuística, por sua vez, já está meio apodrecida, por ter mais meses de vida que os necessários para uma elefanta dar à luz.
Mas para registar queixas não precisamos de centenas de funcionários com estatuto de excepção, governados por um incontinente verbal pago a peso de ouro - basta um PC ligado à Internet e um gravador de chamadas.
Quantas mais empresas terão que fechar, e trabalhadores irem para o Dubai ou o Luxemburgo, até que estas luminárias percebam o que andam a fazer?
Deixa ver se percebo isto, Zé Maria: o rating dos bancos depende dos racios entre creditos e depositos, o Banco de Portugal está preocupado em melhorar estes racios, logo, diz aos bancos que tratem de reduzir os creditos, começando pelos pequenos, porque as empresas que dependem de contas caucionadas são PME não contribuem em nada para o nosso PIB? Será isto?
Tanto quanto sei, o rating dos bancos depende de muitos factores, incluindo o rating do País. O BCE, ou a Troika, ou a puta que os pariu, parece querer melhorar a solidez da banca, diminuindo o racio capital/crédito concedido, o que pode ser conseguido de várias maneiras: a que está a ser seguida danifica a economia nacional, porque não se está a falar de destruição criativa, está-se a falar de liquidar empresas perfeitamente viáveis. Ou seja, o BP acha que é procurador das instâncias europeias para fazer disparates, em nome da correcção instantânea de erros acumulados e da preservação dos interesses dos accionistas da banca.
Chamei rating a algo que se calhar não é rating... são as condições de solidez dos bancos. Mas queria dizer isso que dizes. Infelizmente, vai na linha de outra notícia que li hoje, sobre a ajuda concedida pelo governo da Madeira às sociedades de desenvolvimento regional consideradas tecnicamente falidas pela Inspecção Geral de Finanças
Não me parece mal, desde que seja para pagar as dívidas (de muitos milhões de euros) aos credores...
Se estão falidas, a injecção de dinheiro só poderia resolver o problema se houvesse garantias de que o tipo de gestão que as levou à falência não iria continuar, ou se mudassem para a mão de empreendedores que arriscassem o seu capital ou o seu crédito. Não há essas garantias e por conseguinte o dinheiro do contribuinte, chamado a tapar este buraco, será chamado no futuro a tapar outros. Quando uns decidem e investem, mas quem paga são terceiros, a probabilidade do desastre aumenta - é da ordem natural das coisas.
De
NG a 7 de Maio de 2012 às 02:33
Post muito bom e necessário. Vou guardar.
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