Tenho alguns amigos que revejo em casamentos, ou funerais, ou baptizados, e que estão mortos há muito - mas não estão ao corrente do facto.
Esta condição de fantasmas revela-se pelo estranho comportamento de contarem incansavelmente uns aos outros, e a mim, as mesmas histórias passadas há mais de quarenta anos e que todos sabemos de cor. Era num tempo em que eles tinham a importância que perderam, as esperanças que o futuro desmentiu e o estado de permanente exaltação que acompanha os anos verdes.
Casaram, tiveram filhos, separaram-se ou não, tiveram o seu quinhão de alegrias e tristezas - mais destas -, o mundo que conheceram já não existe, mas é ainda à luz do que então eram que veem o presente, que por contraste lhes parece infalivelmente uma coisa bem cinzenta e desprezível.
É da ordem natural das coisas - alguns de nós perderam a capacidade de entender o mundo que nos rodeia e o passar do tempo reforçou a saudade mas não a lucidez, que aliás nunca abundou.
E mesmo que na estultícia da análise, às vezes, nem tudo seja para deitar fora, sempre a condição de mortos-vivos é o que lhes explica o discurso.
- 700 mil funcionários públicos;
- 2,5 milhões de reformados e pensionistas (não inclui os da função pública);
- 600 mil aposentados da função pública (velhice, invalidez e sobrevivência);
- 350 mil pessoas que vivem do Rendimento Social de Inserção
(vulgo "rendimento mínimo");
- 200 mil pessoas com subsídio de doença;
- 300 a 400 mil desempregados que estão subsidiados pela Segurança Social*
(não conta com Empresas Públicas, apesar destes viveram da mesma lógica
orçamental).
700.000 + 2.500.000 + 600.000 + 350.000 + 200.000 + 350.000 = 4.700.000
Se considerarmos que cada um tem 0,5 pessoas a cargo:
4.700.000 x 1,5 = 7.050.000 (7 milhões e 50 mil)
Ou seja, mais de 70% da população portuguesa vive, directa ou indirectamente, através da despesa do Estado.
Fonte: Bagão Félix, 2010
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(*) Neste momento, o número praticamente duplicou.
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