A CGTP está ferozmente contra o Governo. Mas a CGTP esteve sempre ferozmente contra o Governo, desde o VI Governo Provisório, nos idos de Setembro de 1975.
A UGT tem anos em que mia e anos em que ruge: em havendo muito diálogo, e uma quantidade razoável de benefícios para os seus filiados, mia.
O PCP é o PCP.
O PS tem vocação de Governo; tem mesmo, segundo a imprensa e as pessoas que pensam bem, uma espécie de direito divino a ser Governo. Os eleitores, de quando em quando, mudam o pessoal político, por causa das famosas fraldas do dito de Eça de Queirós, e entra o PSD, aclamado pela mesma imprensa que daí a uns meses já está com saudades dos outros, que sempre era uma gente mais francamente virada para o futuro, a igualdade, os bons sentimentos e assim, embora tivessem por lá umas ovelhas negras, felizmente substituídas entretanto por pessoal mais à maneira.
Chegámos aqui neste rotativismo e assim nos manteríamos se não fosse a dívida. A dívida é que é o carago, com perdão do plebeísmo. E como os credores descobriram que por trás do écran do Euro havia gente que comprava votos com empréstimos no exterior para pagar parte das promessas eleitorais, e em particular um demente português que acrescentava dívida à dívida ao ritmo de dezenas de milhões por cada nova má notícia da crise de 2008 e cada novo fato Armani, viraram a mesa.
E agora a maquineta do rotativismo emperrou. Emperrou tanto que as cartas da mesa virada estão baralhadas:
O PCP está onde sempre esteve - quer o Poder se ele cair na rua, mas não acredita que caia;
O BE quer boleia do PS para fazer uma Suécia cubana, seja lá isso o que for, não descartando mesmo a hipótese de alguns dirigentes porem fato e gravata;
O PS está partido: Seguro quer chegar ao Governo sem a troika a espreitar por cima do ombro, senão nota-se muito que tem a mão cheia de nada; Costa quer chegar a líder, ou a Presidente da Republica, o destino marca a hora; os barões querem o que os barões sempre querem - lugares; e não faltam dirigentes que acham surdamente que Seguro não tem carisma. O carisma, aliás, é uma unção que, tanto no PS como no PSD, só se adquire no Governo.
Mas o PSD também está partido: Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, António Capucho, para citar só alguns próceres, acham o Primeiro-Ministro um completo desastre e apreciariam que ele fizesse o favor de se disfarçar de fantasma, dando a vaga no Governo. Pacheco, aliás, com um discernimento que lhe faz honra, vai mesmo mais longe: quer exilar o CDS para o Parlamento, com a missão de apoiar o Governo, passando este a ser liderado por uma personalidade cujo nome não divulga, mas que dá garantias de ter a benção pachequiana. E acrescenta com um encolher de ombros impaciente: O CDS não conta! Vi eu, com estes que a terra há-de comer, na Quadratura do Círculo - Pacheco é grande.
Soares, ele, acha que diminuírem-lhe os subsídios à Fundação é um escândalo, e por isso concorda com os manifestantes que gritam: gatunos!, pelo que acha que o Governo se deve demitir.
Um cansaço.
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