Pacheco Pereira indigna-se com a "imoralidade" e a "mentira" do primeiro-ministro por este se opor ao orçamento da União Europeia, exigindo mais dinheiro para Portugal.
Opina o "erudito" que Passos Coelho "devia" ter a posição do primeiro-ministro britânico, que é a oposta. Se o governo português defende cortes orçamentais internos, Pacheco Pereira considera que também devia defendê-los na "Europa".
Pacheco Pereira não vê diferença entre política interna e política externa. Se os gastos previstos no nosso orçamento são pagos pelos contribuintes portugueses, e os gastos previstos no orçamento europeu são maioritariamente pagos pelos países mais ricos (como ele quer), isso não constitui para Pacheco Pereira uma diferença substancial.
Pacheco Pereira não percebe nada da lógica das relações entre os países? Está convencido que Cameron defende os cortes orçamentais na União Europeia porque também os defende no Reino Unido? Não lhe ocorre que o Reino Unido defende os cortes porque paga mais do que recebe, ao contrário de Portugal que recebe da União Europeia mais do que paga?
Não o ouvi expressar desconforto com, por exemplo, as quantidades de dinheiro que a França continua a receber em nome da política agrícola "comum". Deduzo que, no seu entender, isso é um assunto que não nos afecta.
Por "uma questão de coerência", Pacheco Pereira argumenta que Portugal, sujeito a um programa de austeridade que lhe causa tantas "preocupações sociais", deve defender a redução dos seus "apoios". Em nome dessa "coerência", Pacheco Pereira abdica da "solidariedade" europeia e deixa os portugueses apeados.
É certo que Pacheco Pereira sempre desconfiou da "construção" desta "Europa". Talvez pelas mesmas razões que levam os portugueses a desconfiar da "solidariedade" na boca destes "eruditos" de moralidade impecável.
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