Sexta-feira, 19 de Abril de 2013

Um sobre-endividado é um escravo da sua dívida.

Ora contemplem o mapa abaixo que mostra as previsões de crescimento mundiais para 2013 a partir do último relatório do FMI. Reparem como o  mundo desenvolvido europeu e norte americano, inclusive os país do G7, tem crescimento previsto de menos que zero, a um por cento.

 

Os crescimentistas argumentam que a escolha da austeridade implica o baixo cresimento e que a folha de Excel em que Rogoff e Reinhardt cometeram erros é responsável por aquela escolha pois serviu de fundamento a decisões políticas favoráveis à redução de gastos dos estado e a aumentos de imposto. O erro está explicado aqui e a resposta de Rogoff-Reinhardt aqui.


Vejamos o senso comum:  um estado endividado quanto mais paga de serviço de dívida, menos tem disponível para políticas de crescimento, apoios sociais e fomento económico. Quando dispõe de moeda própria pode imprimir dinheiro, desvalorizar a dívida, subir a inflacção, baixar salários reais e aumentá-los nominalmente, de facto empobrecendo os cidadãos, enquanto alguns se convencem que são mais ricos por ganharem 120 em vez de 100. Evidentemente que com os novos 120 apenas compram 80% do que compravam com os anteriores 100, mas há alguns que pensam que a emissão de moeda para financiar défices é vantajosa. Nada a fazer nestes casos patológicos.

 

A Zona Euro, enquanto quiser uma moeda única em que entre a Alemanha, não pode emitir moeda e desvalorizar o câmbio como gostariam os países a Sul, em graves dificuldades por acumulação de défices excessivos e dívidas públicas e privadas demasiado caras e insutentáveis.

 

Os EUA têm uma dívida astronómica de 17 triliões de dólares e esta continua a subir. Vejam aqui a impressionante progressão. O Quantitative Easing (emissão de moeda) é usado sem parcimónia e os EUA continuam a crescer pouco. Até quando crescerão pouco e quando começarão políticas restritivas? Provavelmente muito em breve.

 

A austeridade é uma opção? Que capricho, levará os governos de economias que têm graves problemas de competitividade com os países emergentes, matérias primas cada vez mais caras, graves dificuldades populacionais com os sistemas de segurança social, gastos tremendos com estados sociais e, genericamente, estruturas de custos de produção muito mais caras que os países competidores, a escolher a redução de gastos e o aumento de impostos? Porque não se faz diferente? Há como? Nem os mais imaginativos dos crescimentistas são capazes de propor alternativas. Limitam-se a apontar erros no Excel,a dizer que a austeridade é mázinha e que o Estado Social não pode ser sacrificado.  

 

Para Paul Krugman que faz 365 artigos por ano, apenas no New York Times, a solução é única e sempre a mesma: imprimir mais dinheiro o que significa apenas, empobrecimento por via da inflação.  

 

 

publicado por João Pereira da Silva às 09:20
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2 comentários:
De Cecilia Gama a 19 de Abril de 2013 às 21:03
“Limitam-se a apontar erros no Excel ”? Que spin doctor "! Subestimando o impacto do estudo dos RR na tua filosofia ou a gravidade dos erros?
Conheces a expressão garbage in, garbage out ”? Além do garbage in ”, os RR tinham um erro de fórmula – de palmatória. Portanto, neste caso: garbage data in + flawed processing = big time garbage out
Tremo quando penso – e tenho pensado nisto muitas vezes e há muito tempo, talvez por deformação profissional - no que se poderá passar com muitas folhas de cálculo por esses ministérios fora, incluindo o principal...
De João Pereira da Silva a 20 de Abril de 2013 às 18:18
Cilinha,

Quem me dera que a austeridade pudesse ser cancelada por se verificar que uns Exceis em que se baseia teoricamente estavam errados. Lamentavelmente tal não é possível porque a austeridade não é uma opção e é a única alternativa disponível para um país endividado, acima do sustentável, que não pode imprimir moeda para custear os défices.

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