Em Outubro de 2005, repito, 2005, Pacheco responde a Pacheco:
Ficamos à espera de ver se Pacheco tem barba na cara para responder a Jorge Costa. Ou se os pêlos que a gente ali vê só servem para ajoelhar nas sessões espíritas do dr. Fernando Rosas.
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Com um penhorado agradecimento a Terry Malloy.
Pacheco Pereira diz melancolicamente que há uma certa tristeza nisto tudo: na mãe que afoga as filhinhas na maré, no corrupto magistrado que vai de cana, no vereador que quer pôr umas árvores e na câmara que quer arrancar outras, na actrizinha que vem mostrar os progressos do cancro de que padece aos fãs, no pescador que morre afogado, no namorado traído que significa o seu desagrado com duas facadas na moça arredia - e, sobretudo, na televisão que nos serve estas misérias em doses cavalares, nos intervalos de sessões intermináveis de futebol.
Mas isto ainda não é nada. Que a grande maçada, o que transtorna Pacheco, é "a impotência do poder político democrático face ao poder económico [que] castrou governos eleitos e submeteu-os a entidades obscuras como os mercados".
Tivessem os mercados nome e outro galo cantaria. Mas os malvados vinham à sorrelfa emprestar-nos dinheiro, a taxas de juro proibitivas, e punham-se na Senhora da Alheta com os proveitos, que escondiam "numa caixa de correios das ilhas Caimão".
Tudo isto para salvar a banca, que no fim não salvaram: "Uma mistura de interesses, negligência, incompetência e uma nonchalance ideológica com custos gravíssimos, deixou de herança uma crise de milhares de milhões, que todos sabem de quem foi a responsabilidade. É por isso que Passos fala dizendo enormidades, como as que disse sobre o Banif, o banco que dava lucro e por isso não se tocava, e Maria Luís está lá no fundo da bancada muito silenciosa a ver se ninguém a vê".
Um verdadeiro pesadelo. E interminável porque, agora que o governo tem a bênção do BE e do PCP, e é dirigido pelo compagnon de Quadratura, poder-se-ia razoavelmente esperar que, finalmente, se começasse a "bater o pé aos credores" e a famosa TINA (there is no alternative) fosse remetida para o caixote da história, que é o destino fatal de todas as políticas que não têm o beneplácito de Pacheco.
Mas não. O Orçamento recentemente aprovado pela maioria é filho de pai incógnito, porque nem é o que o PS levou a Bruxelas, e que era saudavelmente "expansionista", nem, t'arrenego, o do PCP e do BE, nem muito menos o da Oposição. Isto Pacheco, por acaso, não diz. O que diz é que "é 'normal' o ministro das Finanças de Portugal receber ordens por email de Danièle Nouy, uma alta-funcionária bancária francesa com funções no BCE, mandando entregar o Banif ao Santander".
Dito de outra forma: Costa, como Passos, cumpre ordens de Bruxelas, precisamente o que se dizia ser o principal pecado do governo defunto. É certo que a contragosto - e isso chega para continuar a ter o apoio de Pacheco, até mais ver. Mas, entretanto - entristece.
Quem é mais afoito é Anacleto Louçã, que difere de Pacheco pelo facto de, dizendo basicamente as mesmas coisas, delas retirar consequências. Acha assim que "a liberdade de circulação de capitais é uma forma de regulação" (é mesmo, precisamente da mesma forma, e pelas mesmas razões, que a liberdade de comércio protege o consumidor), que "a única condição para que um Estado tenha condições para uma política de emprego e distribuição social é ser capaz de controlar os capitais" (tradução: para o Estado se apropriar do capital privado e instaurar a sociedade socialista é necessária a autarcia económica) e que a "banca privada será a forma de permitir a fuga de capitais" (entre outras coisas, Louçã, entre outras coisas. E ainda bem que os capitais podem fugir, senão desapareceriam, depois de confiscados, sob a forma de consumo e dos elefantes brancos do investimento público - enquanto durassem).
Há sim uma certa tristeza nisto tudo - e nestes dois também.
As interpretações crapulosas de Pacheco Pereira têm um lado instrutivo:
Marcelo não se podia candidatar, porque veio do comentário político, o que é uma "mancha ética". Mas Costa pôde candidatar-se a líder do PS e a primeiro-ministro, mesmo vindo da Quadratura do Círculo; e pode preparar-se para forçar um governo seu, coligado com 2 partidos que se opõem activamente a toda a estrutura da nossa vida política, económica, social, e cultural, mesmo nunca tendo mostrado essa intenção ao eleitorado e apesar de ter perdido as eleições.
O próximo Presidente da República não pode convocar eleições ao fim de 6 meses, porque isso seria fazer um servicinho à coligação, que está desejosa de obter a maioria absoluta. Mas entre 2011 e 2015 todas as quintas-feiras Pacheco pediu eleições antecipadas, a bem da "saúde democrática", porque o governo tinha "perdido a legitimidade", e não percebia esta sobrevalorização da estabilidade "pantanosa".
Espremendo, foi isto. Pacheco ajudou a legitimar a situação miserável do país; ouvindo-o com cuidado, percebe-se como e porquê.
Nem de propósito: diz-se aqui que "geralmente, credita-se a introdução do termo 'intelectual' a Georges Clemenceau durante o caso Dreyfus". E este famoso caso é a inspiração para Pacheco Pereira, o nosso intelectual por antonomásia (completo com o exílio na Marmeleira, a pose de buda cabeludo, a biblioteca que se diz imensa e a obra obscura sobre a história do PCP) se lançar num texto prolixo e contraditório sobre o papel dos intelectuais no nosso tempo.
Por um lado, lamenta que homens como Zola, Raymond Aron, Sartre ou Bertrand Russell já não existam; e insinua, com razão, que Krugman, Stieglitz, Piketty e Varoufakis (!) não se lhes comparam. Por outro, reconhece que "a maioria dos intelectuais do século XX mostrou um fascínio com tudo o que era errado, tudo o que representou um imenso sofrimento para a maioria das pessoas comuns, que era suposto a sua voz proteger. Refiro-me à enorme capacidade de justificação e legitimação que os intelectuais do século XX tiveram com o comunismo e o fascismo".
Um detalhe: suponho que por "fascismo" Pacheco tenha querido dizer "nazismo". Porque, na hierarquia da abominação, o fascismo foi um parente pobre e, se usa tanta treta para dizer tão pouco, conviria ao menos que fosse rigoroso no uso das palavras. Mas o argumento principal não convence: porque se a maioria dos intelectuais do século passado sofreu do vício que lhes é atribuído - o não perceberem a inerente desumanidade dos regimes totalitários - então estamos melhor com as nulidades que Pacheco lista como expoentes do pensamento contemporâneo, e nada há por conseguinte a lamentar.
Tudo isto é um disparate pegado. As personalidades citadas são todas economistas, e nem os próprios imaginarão decerto que a dimensão económica é tudo o que conta nos nossos dias, ou que todas as coisas têm uma dimensão económica. Mas Pacheco, podendo escolher outros, escolheu aqueles.
Porquê? Porque todas aquelas notabilidades são contra a austeridade. E Pacheco também.
Ou seja, conhecendo o seu público, Pacheco embrulha o seu ódiozinho de estimação à crença e prática dos seus inimigos políticos actuais numa tese abstrusa que mete personagens históricas ilustres, nomes sonantes da contemporaneidade opinativa, e zás - toma lá Passos, que já almoçaste.
Foi o que sempre fez - olhai pra mim, que sou diferente e profundo e por isso não penso o que os demais pensam, excepto se me derem importância, caso em que estou disposto a fazer cedências.
Na juventude, podia ter sido um comunista como os que não eram diletantes, mas não - no PCP entra-se pela porta baixa, e por isso navegou em organizações obscuras (OCMLP, PCP(ml) ou lá o que foi), grupelhos hoje esquecidos; quando se converteu às alegrias da democracia burguesa podia ter ido para o PS, mas outros antifascistas havia lá muitos - por isso foi para o PSD, que o recebeu de braços abertos, e veio a ser um feroz cavaquista, apoiou a invasão do Iraque, e passeou a sua superioridade pela Assembleia da República e pelo Parlamento Europeu.
Recentemente, tinha o ouvido de Manuela Ferreira Leite e outros próceres do partido a que ainda pertence. Mas no saco de gatos que aquela agremiação sempre foi a facção a que pertencia perdeu. E ei-lo de braço dado com a oposição interna, e a externa, até que tome o poder alguém que lhe pergunte: qual o caminho, divino Pacheco? - caso em que, rendido, ministrará os seus preciosos conselhos, que consistem em geral em estar do lado errado da história e apostar em cavalos perdedores.
Exagero? Há por aí alguém que acredite que, caso Manuela tivesse tido o encargo de aplicar o programa da tróica, as coisas teriam sido muito diferentes, salvo talvez num pequeno grau e com uma retórica um pouco mais doce? E que imagine que o celebrado Pacheco, desde que fosse ouvido pelo Poder, teria o mesmo discurso que hoje tem, e não referiria, em vez de Krugman, os seus críticos?
O homem abastarda a função dos intelectuais - deles se espera que, certos ou errados, defendam ideias, que poderão ser ou não as dos seus amigos, e não que defendam amigos, usando as ideias como armas.
Isto é uma forma particular de corrupção. E, de tão transparente, é também uma forma de burrice. Mas esta não é em geral reconhecida: o homem sabe quem foi Zola, e Dreyfus - aquilo é uma cabeça.
Às vezes acontece-me - não estou acima de fraquezas - apreciar Pacheco Pereira. Na última Quadratura, disse (interpretação minha) que o Tratado Orçamental corresponde a uma visão política, não existem escolhas económicas públicas que não tenham uma dimensão política, a UTAO não tem que se pronunciar sobre projectos de programas de governo (a propósito do Plano para a Década, do PS), e as regras orçamentais hoje dominantes na UE, ao serem impostas a todos os países, anulam a liberdade de escolha dos eleitorados, e por conseguinte limitam a democracia.
Estou de acordo em quase tudo. Comecemos pelo quase: se a UTAO se limitasse a verificar a coerência interna do programa e a credibilidade das previsões, e fosse capaz de fazer isso de forma asséptica, talvez houvesse alguma coisa a ganhar na prática, que de resto (ignoro em que termos, e com que resultados) é corrente noutros países. Porém, imagino que lá trabalhem uns moços esforçados, formados nas mesmas escolas que os autores do Plano, e possivelmente deles, ou doutras luminárias da Economia, ex-alunos.
Ora, convirá ter presente que o desastre a que o nosso país chegou foi pilotado, e recebeu o apoio entusiástico, de prestigiados professores; que Teixeira dos Santos, cuja competência ninguém discute, só reclamou o extintor de incêndios quando o fogo já estava nas vigas do edifício; que o bombeiro da ocasião, embora tenha apagado o incêndio, reconheceu, depois de dar à sola, que não conseguiu criar as condições para que o fogo não se repita; e, já agora, para a petite histoire, que nem por isso ambos deixaram de ser recompensados com aprazíveis sinecuras. Aliás, encontram-se na Academia comunistas travestis como Louçã, socialistas como os autores do referido plano, um tropel de gente a favor do Euro, alguns que, como Ferreira do Amaral, são contra, e Cavaco Silva e outros que papagueiam o que aprenderam nos manuais que empinaram e nos autores que julgam de referência - so much para as escolhas assépticas.
Mas enfim, veremos se a UTAO sabe conter-se, ou se pelo contrário fica ela própria refém das escaramuças políticas. Aguardemos.
Quanto ao resto: o Tratado limita a liberdade dos Parlamentos fazerem asneiras em matéria orçamental, e é um primeiro passo para limitações em matéria de decisões sobre fiscalidade. Ora, os impostos são precisamente o que está na origem do poder dos parlamentos, que foram o lugar onde os representantes do Povo (enfim, as categorias de pessoas que historicamente assim foram consideradas) dizem ao soberano se pode ou não cobrar tributos. Se, em nome da moeda única, os orçamentos carecem de um visto prévio das "autoridades" europeias, o eleitor até pode incomodar-se a ir votar mas, no nosso caso, limita-se a escolher entre quem não vai conseguir cumprir o Tratado, mas tenta, e quem apenas finge e com o fingimento arrisca uma nova bancarrota, além do sentimental voto nos fósseis comunistas ou nos primos chavistas com camisas de marca.
Isto será, para quem for pouco exigente, democracia. Mas esta ou comporta o risco de fazer escolhas erradas ou não é democracia, ponto, tal como não é liberdade o poder ter opiniões diferentes das do vizinho, e manifestá-las livremente, mas ser obrigado a viver da mesma maneira.
Dir-se-á que não têm as gerações presentes o direito de onerar as futuras, e que por isso tem que haver limitações ao défice. Não poderia estar mais de acordo, e pelo que me diz respeito a regra ordinária deveria ser o equilíbrio, não um défice limitado. Mas a Constituição di-lo? E se há regras tão apertadas para a rever e aprovar, como se aceita pacificamente que tenha sido revista pela porta do cavalo, à boleia de discussões que não foram públicas, acordos discretos que não foram sufragados, e barganhas repelentes com estrangeiros que fingem igualdade apenas na exacta medida do que lhes convém, como é natural e devia ser evidente?
Não é que, feitas as coisas à luz do dia, os resultados fossem muito diferentes: o português sem emprego ou ambicioso emigra desde os anos 60 para a Europa, e vê que lá vive, e se vive, melhor; desconfia da sua classe política, que imagina muito diferente da dos outros, e por isso acredita que quanto mais poderes se alienem ao estrangeiro, melhor; e sobretudo adora a livre circulação de pessoas, que lhe confere a superioridade de não precisar de passaporte e passar por uma porta diferente nas fronteiras aéreas, além de não precisar de cambiar moeda, que é igual à do passageiro alemão ou francês. Grande progresso - só falta mesmo ter igual quantidade no bolso. A classe dirigente, essa, anseia por um lugar na Europa, e pelos fundos, a administração dos fundos, os lugares que os fundos criam e o poder que dão; como finge ter a esperança, e se for suficientemente burra nela acreditando, a cada novo programa, de que desta vez é que vai ser - ninguém nos segura.
Enfim, em que ficamos? Pacheco tem ou não tem razão? Tem porque se os eleitores só podem escolher o que está "certo", a escolha significa nada; não tem porque na realidade Pacheco simplesmente não aprecia o resultado inevitável da escolha actual, mas apreciá-lo-ia se tivesse forçadamente que ser outro mais próximo do que acharia desejável - o homem não tem mais convicções do que as que decorrem das suas simpatias, nem mais rejeições do que as que o seu ódio acarreta. É um processo de intenções que lhe faço, claro, mas o próprio fá-lo constantemente - basta abrir a boca.
Ou seja, nada que seja em substância diferente da gente do meu lado do espectro, que é europeísta porque a Europa, hoje, exige que se siga o caminho que de toda a maneira achamos mais indicado.
Talvez seja melhor assim: quando o edifício esquizofrénico da União ruir toda a gente poderá tranquilamente dizer que não virou a casaca - estava era com reserva mental.
Pacheco Pereira tem uma grande biblioteca, a reputação de ter uma formação filosófica, imagino que sólida, e de ser um leitor ávido. Isto num espaço público onde a maioria não chega sequer a ter consciência da própria ignorância mas tem um respeito instintivo pelos intelectuais, mesmo quando os despreza, intimida. Depois, sempre se envolveu no combate político, sempre teve simpatias partidárias declaradas e, a partir de certa altura, cedo, migrou da nebulosa comunista para a zona democrática, acolhendo-se na balbúrdia congénita do PSD, onde ganhou estatuto - os partidos políticos adoram ornar-se de intelectuais e houve um momento na nossa história recente em que um ex-comunista era recebido de braços abertos, por conferir uma espécie de legitimidade "revolucionária" aos partidos "burgueses". Éramos assim, anteontem, e não creio que sejamos muito diferentes hoje.
Desde que Passos apareceu na corrida para disputar a liderança do PSD que Pacheco escolheu outros cavalos; e pôs nesse combate a suficiência e a jactância que lhe são naturais.
Perdeu: tem mais vocação para perder do que para ganhar, o que, se não diz nada sobre o que quer que seja que defenda como doutrina política para o nosso País, diz alguma coisa sobre a sua competência tática para a luta partidária.
Mas Pacheco não gosta de perder. E tem das suas tribunas perseguido tenazmente o Governo actual, a tal ponto que na Quadratura, por exemplo, o seu discurso só se distingue do do edil Costa quando falam do passado: Pacheco acha, com razão, que Sócrates foi um demagogo que pôs o País de joelhos; e Costa entende que, se Sócrates tivesse sobrevivido, não haveria Memorando, nem austeridade, mas antes "apostas no crescimento", e mais "solidariedade", "Europa" e outras piedades. Que são precisamente as mesmas, mais a renegociação, que defende para a situação presente.
Fosse eu um malévolo blogueiro e diria que, se Pacheco tivesse algum lugar no aparelho da Situação, não abandonaria a sua aversão ao líder da maioria mas seria bem mais compreensivo dos constrangimentos terríveis que este Governo herdou; e que, longe de escrever textos imbuídos de um espírito de finis patriae, daria algum contributo para o desenho de uma solução.
Mas não, não dá: o título do artigo de ontem (sem link) no Público era: O peixe apodrece pela cabeça. E nele condena com veemência, e muitas vezes com propriedade, na governação actual, o estilo, as práticas, as maçãs podres e a Refundação. E conclui: "Sempre podem cortar a cabeça ao peixe, deitar o peixe fora e arranjar outro. É difícil, mas não é impossível".
É no que dá um pensador envolver-se na guerrilha partidária: prefere discutir pessoas e lugares, não políticas. E, como de costume, nem nisso acerta: o peixe do PSD é decerto pouco fresco; o do PS, herdeiro natural, mesmo que envolvido em folhas frescas de salva, despede um fedor que empesta o mercado.
Sobre a reforma da frota de pesca, Pacheco diz nada. Confere.
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*tirado daqui
Pacheco Pereira indigna-se com a "imoralidade" e a "mentira" do primeiro-ministro por este se opor ao orçamento da União Europeia, exigindo mais dinheiro para Portugal.
Opina o "erudito" que Passos Coelho "devia" ter a posição do primeiro-ministro britânico, que é a oposta. Se o governo português defende cortes orçamentais internos, Pacheco Pereira considera que também devia defendê-los na "Europa".
Pacheco Pereira não vê diferença entre política interna e política externa. Se os gastos previstos no nosso orçamento são pagos pelos contribuintes portugueses, e os gastos previstos no orçamento europeu são maioritariamente pagos pelos países mais ricos (como ele quer), isso não constitui para Pacheco Pereira uma diferença substancial.
Pacheco Pereira não percebe nada da lógica das relações entre os países? Está convencido que Cameron defende os cortes orçamentais na União Europeia porque também os defende no Reino Unido? Não lhe ocorre que o Reino Unido defende os cortes porque paga mais do que recebe, ao contrário de Portugal que recebe da União Europeia mais do que paga?
Não o ouvi expressar desconforto com, por exemplo, as quantidades de dinheiro que a França continua a receber em nome da política agrícola "comum". Deduzo que, no seu entender, isso é um assunto que não nos afecta.
Por "uma questão de coerência", Pacheco Pereira argumenta que Portugal, sujeito a um programa de austeridade que lhe causa tantas "preocupações sociais", deve defender a redução dos seus "apoios". Em nome dessa "coerência", Pacheco Pereira abdica da "solidariedade" europeia e deixa os portugueses apeados.
É certo que Pacheco Pereira sempre desconfiou da "construção" desta "Europa". Talvez pelas mesmas razões que levam os portugueses a desconfiar da "solidariedade" na boca destes "eruditos" de moralidade impecável.
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