Confesso que muito gostaria de saber a opinião de todas aquelas Senhoras das várias associações femininistas que a nossa esquerda fez brotar sobre o facto de Otelo viver às segundas, terças e quartas com uma senhora e às quintas, sextas e sábados com outra (suponho que descanse ao Domingo?).
Ainda o considerarão um herói?
Aqui está o exemplo da não notícia.
Uma coisa chamar-se Observatório sobre Crises e Alternativas deveria ser suficiente para se concluir sobre o que se pretende observar e o que se concluirá, independentemente de qualquer observação.
Num simples google sobre a coisa fica-se a saber que é coordenada por Manuel Carvalho da Silva e tem como membros Francisco Louça ou o inevitável observador de tanta coisa Boaventura Sousa Santos.
Fazer uma notícia dizendo que esteOobservatório observou coisa diferente da do Governo é a mesma coisa que dizer o Rui Gomes da Silva não observou qualquer penalti a favor do Porto.
Fazer disto uma notícia é ser instrumentalizado.
Tentar passar a notícia com um ar científico é fazer de nós todos burros.
A minha única esperânça - vã, concedo - é que não sejam os meus impostos que estejam a pagar esta observação.
Confesso um indesfarçável sorriso quando vejo notícias destas.
Durante anos foram desprezados: eram, no politicamente correcto, uma indústria suja, passada, destinada a morrer e de gente pobre e provinciana que não valia a pena apostar. Eram, quase, como aquele parente que não gostamos de mostrar. Eram aquela face do Portugal verdadeiro que o Portugal Europeu sempre teve vergonha.
Curiosamente, são o Portugal que, hoje, nos pode fazer sonhar.
O Bispo da Guarda resolveu interferir nos assuntos terrenos para, ao melhor estilo de 75, e que tão bons resultados teve que ainda hoje está na génese de muitos dos nosso problemas proclamar: os ricos que paguem a crise.
Poderia explicar a idiotice da afirmação de muitas formas: poder-se-ia argumentar com base no economês; com base em princípios éticos que suponho não sejam desconhecidos do Senhor Bispo, tal como se poderia explicar que tal afirmação mais não significa, filosoficamente, que a instrumentalização do homem.
Mas, de todas as explicações possíveis, há uma que me parece mais impressiva, porque monetária, matemática mesmo: não temos ricos suficientes para pagar a crise.
Ou seja, mesmo que o caminho devesse ser o indicado pelo Senhor Bispo, falta-lhe uma premissa essencial: não temos ricos suficientes para pagar a crise.
Repare-se: Américo Amorim, segundo a Forbes, valerá 1,9 mil milhões de euros, mas Portugal em 2012, terá tido necessidades de financiamento (vulgo deficit) de cerca de 8,3 mil milhões.
O problema, em Portugal, não são os ricos que temos, são os ricos que não temos.
Ainda que as mais das vezes seja involuntária, Manuel Alegre tem uma qualidade que aprecio: diz alto o que muitos pensam.
Na sua posição sobre o corte de subvenções a titulares de cargos públicos diz clarinho ao que vem: nós, pais da democracia, não podemos ter o mesmo tratamento dos demais. Nem mais nem menos. Acha, Manuel Alegre, que todas as gerações deveriam estar eternamente gratos à sua geração.
E, mais do que gratos, dispostas a pagar os excessos que essa própria geração atribuiu a si mesma; dispostas a aceitá-los eternamente na vida pública, ainda que 3 intervenções externas, porventura, devessem ser suficientes para abalar essa gratidão. Mas para eles, pais da democracia, parece não ser.
Este é, aliás, o verdadeiro problema em causa em muitas das medidas deste Governo: há uma geração que não perdoa a Passos Coelhos ter deixado de estar no poder e sentada à mesa do orçamento. Seria bom, aliás, para percebermos bem o que está em causa, que os Capuchos e as Ferreiras Leites desta vida que sempre têm tanto a dizer falassem, agora, sobre esta medida.
Muito se tem falado em demagogia a propósito do corte de subvenções vitalícias de políticos. Confesso-me sensível ao argumento. Quer intelectual quer, sobretudo, emocionalmente, porque dá sempre muito mais gozo estar do outro lado.
Porém, neste caso concreto, não há qualquer demagogia, sendo, aliás, a decisão justíssima.
Defendem, os visados, que a sua situação deveria ser igual aos demais Portugueses, pelo que estariam disponíveis para aceitar um corte de 15%, idêntico ao corte das pensões de sobrevivência, sob pena de sermos, voilà, demagógicos.
Porém, a verdade é que nem as pensões de sobrevivência têm seja o que for que ver com subvenções pelo desempenho de determinadas funções, pelo que a equiparação é ridícula; como a verdade é que a atribuição, ainda que legal, de subvenções pelo desempenho de determinadas funções sempre foi imoral.
Defendo, há muito, que quer por razões ideológicas quer, sobretudo, por razões práticas decorrentes dos sacrifícios – por vezes injustos é bom que se diga – que têm sido pedidos, ao Governo actualmente em funções não se impõe, apenas, o cumprimento da lei, impõe-se, antes sim, uma postura ética inatacável.
Este é um primeiro passo e que, confesso, tardava.
Se quiserem chamem-me demagogo à vontade. E, já agora, moralista. A ver se me importo.
Ao que parece há um problema diplomático com as selvagens. Parte do argumentário espanhol parte do facto de as selvagens estarem mais perto das Canárias do que da Madeira.
Argumento simples e lógico que poderíamos levar até ao fim.
Em consequência:
A) O subarquipélago das selvagens passaria a pertencer às Canárias;
B) As Canárias, já com o seu subarquipélago das selvagens incorporado, passariam a pertencer a Portugal, porquanto substancialmente mais perto de Lisboa do que de Madrid.
Que grande jurista que eu sou!
O Público, ou melhor, o jornalista Victor Ferreira, resolveu que merecia destaque o facto de o novo Secretário de Estado da Administração Interna ser oriundo do mesmo Distrito do qual é natural o respectivo Ministro (Braga, no caso concreto).
Não se diz, mas fica no ar, que se Miguel Macedo não fosse de Braga Fernando Alexandre talvez não tivesse sido nomeado (apesar de ter carreia académica e profissional mais do que suficiente). Não se diz, mas fico no ar, que houve algum género de favorecimento por serem do mesmo Distrito.
Pois claro, ó Senhor Victor Ferreira, qualquer Secretário de Estado que não seja da aldeia Lisboeta merece que se destaque o seu nascimento, não é? Percebo-o bem, há que desconfiar, não é? Ora deixa lá ver porque foi o gajo (o Ministro, perceba-se) buscar alguém de fora? Isto é estranho…
Já lhe ocorreu, Senhor Victor Ferreira, que os outros oito milhões de Portugueses que não vivem na aldeia Lisboeta em geral não têm lepra e até podem ter uma quantas qualidades.
Deve ser de ter aproveitado para rever dezenas de vídeos de Thatcher: mas cada vez acredito menos nessa história do consenso, de chamar o PS, de não sei o quê com os parceiros sociais... A loucura é tanta que o Presidente de uma coisa irrelevante chamada CES parece ser transformado num D. Sebastião. Sinceramente, o que se pode negociar com a CGTP que todos os dias pede a demissão do Governo e lhe chama nomes. Depois do PS ter apresentado uma moção de censura e ter escolhido o caminho da extrema-esquerda que mais se pode consensualizar? As sistemáticas tentativas de consensos não levam a lado nenhum e impossibilitam qualquer reforma. É tempo de acção, de convicções e de clareza. E claro de confronto e rupturas. Sem medo.
Todos os dias ouço a oposição garantir que o Orçamento é inconstitucional. E, também, que o Governo está a fazer pressão sobre o Tribunal.
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