A fazer companhia à jornalista f. na vanguarda do empreendimento de virar o bico ao prego no caso dos socialistas apanhados a gamar, e a deixar gamar, dinheiro para as crianças com doenças raras na associação Raríssimas tem estado o simpático deputado João Galamba, que generalizou a oportunidade de gamanço detectado nesta para todas as IPSS, que como toda a gente sabe são instituições de caridadezinha criadas com a intenção de amenizar a miséria criada pelo capitalismo e desde modo eternizá-lo por refrear a indignação e a revolta popular que um dia o hão-de derrubar, e por causa do governo Passos, que deixou de as obrigar a ter, e pagar, um ROC, desse modo diminuindo a intensidade do seu escrutínio público abaixo do que tem a administração pública.
É uma nova frente de batalha nesta guerra mediática pelo branqueamento dos socialistas apanhados a gamar, a jornalista f. tinha optado por denunciar a má fé da sua colega jornalista da TVI Ana Leal ao ter identificado socialistas no assalto à associação mas ter fechado os olhos a pàfianos como Maria Cavaco Silva, que a própria associação identifica como apoiante, recorrendo como ele à falácia da generalização, neste caso específico através da insinuação que, havendo não-socialistas com ligações à associação, também deviam ser considerados suspeitos de gamanço.
Também, não, porque ela própria, e ele também, tinham dado a publicidade adequada aos desmentidos do marido da deputada Sónia Fertuzinhos ter alguma vez sido informado como ministro das práticas de gestão da associação de que tinha sido vice-presidente até entrar para o governo, e ao da mulher do ministro Vieira da Silva que subsidiou a associação depois de ter saído da sua direcção de ter sido a associação e não outra associação a financiar-lhe a viagem à borla que usufruiu por convite dela.
De maneira que, se fecharmos os olhos ao actual secretário de estado socialista que participou com a generosidade que lhe foi possível no trabalho meritório da associação a troco de uma insignificante avença, para gamar na associação, só sobra mesmo Maria Cavaco Silva. Ela e o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite, a jornalista é mesmo pouco perspicaz e passou ao lado do nome dele, que tinha acabado de ser convidado para fazer parte da direcção da associação e fazia parte da lista que ia ser votada na próxima assembleia-geral que ela publicou e onde descobriu em letrinha miudinha o nome que denunciou.
O exercício de generalização é abusivo, porque mistura pessoas que apoiavam a associação com o seu nome, ou fariam no futuro parte da sua direcção, com pessoas que aceitaram da associação pagamentos em dinheiro ou em espécie, e pessoas que fizeram parte da sua direcção durante o período em que as práticas de gestão danosa eram praticadas, e mesmo lhes confiaram dinheiro público depois de as terem dirigido, mas é uma boa tentativa de espalhar a porcaria por toda a sala de modo a disfarçar a origem do mau cheiro. E, como falam para convertidos, os argumentos são suficientemente sólidos para os convencerem.
Mas, e regressando ao deputado João Galamba, tal como as mulheres da vida são as que conhecem melhor as taras mais improváveis dos homens que as frequentam, os avençados de unidades de missão também sabem que, com o elevado escrutínio a que ele explica que é sujeita, a administração pública também pode ser usada para gamar. Ele próprio foi um dos avençados que participaram nas campanhas eleitorais do primeiro-ministro José Sócrates, liderando a vertente das redes sociais, ao mesmo tempo que usufruia de uma compensação financeira como avençado, por ajuste directo, da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI).
Pelo que, parafraseando outra mulher da vida, lhe podemos dizer "Não (diz uma), tu, padre, não me engodas...".
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