...Esperando que o fim da coisa lhes seja também favorável para a reconstrução sobre as cinzas. Daí a coligação na Grécia e por esse mundo fora dos interesses de ambos.
Vamos assumir que Tsipras quer apenas sair do euro - embora afirme que não e até diga que vai recorrer à justiça europeia para o impedir.
Porque Tsipras não organiza uma saída apoiada, negociada e financiada com as instituições para amortecer o impacto da mudança cambial e económica preparando assim um futuro melhor para a Grécia e seu povo mantendo a Grécia na UE? Porque, creio, o que lhe interessa realmente é terminar o projecto euro que é capitalista e continua a "exploração do exército de mão de obra por parte dos privilegiados". Tsipras é esquerda radical, revolucionária e deseja implementar uma utopia marxista na Grécia e em outros países europeus (Espanha aí está com o Podemos, prontinha a continuar o projecto).
Já estamos em guerra contra autênticos terroristas semelhantes às brigadas vermelhas, mas sem AK47, usando o nosso terreno e armas democráticas, com um plano frio, calculista, muito bem preparado e sustentado por cérebros inteligentes e maquiavélicos. Como se negoceia com esta gente determinada, gélida e disposta a tudo, mesmo a sacrificar incrivelmente o próprio povo, para atingir os seus fins? Negociar acordo de mais ou menos austeridade com ele é perda de tempo e joga a seu favor. Ele não o quer. As consequências, sejam quais forem os resultados do actual braço de forças, afiguram-se gigantescas para todos nós.
Basta ler o que Varoufakis escreveu, em livros, intervenções, e mais recentemente nos papeis que entregou ao Eurogrupo, para nos apercebermos da sua inteligência e capacidade. Ele é o muito capaz cérebro estratégico do governo do Syriza. Varoufakis conhece bem o estado geral da economia mundial sustentada artificialmente pelos bancos centrais fazendo "kicking of the can" através da política monetária expansionista. Quando ameaça o default grego, ameaça por contágio, o default de outros países da zona euro e o efeito dominó no resto do mundo. É a economia mundial em xeque na praça Syntagma.
Palpites, face ao potencial impacto? A zona euro vai ter de ceder e mais uma vez fazer o "kicking of the can" se quer sobreviver no curto/médio prazo. Ou então, a Europa, dividida (vide posição do UK e da França) e sem liderança central, opera um milagre de lucidez/coragem e joga muito forte, isolando os gregos, assumindo todo o choque, apostando todo o futuro previsto da lógica UE. Para isso é preciso "cojones". Há?
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