Não consigo dizer, como o José Meireles Graça faz aqui, que a UE tem os dias contados.
Penso que até chegarmos a um ponto de não-retorno (se aí chegarmos) ainda vai correr muita tinta e muita luta entre as facções políticas que neste momento se radicalizam na Zona Euro com o apoio do extremistas interessados do Reino Unido.
A Itália, que uso como exemplo, talvez seja o pais da ZE onde o debate do Euro/Não Euro, mais tem adeptos há mais tempo. O consenso continua a ser maioritário em torno da permanência, embora a confiança na governação da UE seja baixa.
A questão central é: a confiança que baixa. A confiança e a segurança fomentam-se, oferecendo aos cidadãos, uma perspectiva do rumo mais claro possível enquanto o navio navega em mar agitado.
É esse rumo que tem tido mensagens contraditórias por parte da liderança europeia. Por um lado, durante a cimeira da decisão grega, a Zona Euro deu um sinal claro: ou os gregos estão na Zona Euro, cumprindo as regras, ou devem sair.
Por outro, as hesitações de Hollande, o centro do consenso socialista europeu, passaram uma mensagem de medo, de receio sobre o que sucederá se os gregos saírem. É natural que a imposição aos eleitorados, da solidariedade com a Grécia a todo o custo, suportada pelos contribuintes europeus, não poderá deixar de ser vista com outro olhar que não seja o do receio e insegurança.
A posição de Hollande, pressionada pela direita radical francesa (medo de Le Pen) é também forçada por uma interpretação, a meu ver errónea, da manifestação de vontade mais barulhenta nas últimas semanas por parte da esquerda radical. Os radicais de esquerda são poucos, mas muito barulhentos e activos nos media e nas redes sociais.
Esse fenómeno estará também a acontecer em Portugal no PS dando origem às hesitações de Costa. Apoio ao Syriza - meias tintas - o "Syriza tem politicas tontas" - silêncio.
Naturalmente, a esquerda radical, está a perder contornos definidos, quando internacionalmente é sustentada, nos argumentos, pelas posições v.g., de Krugman, Stiglitz, Sachs, e outros referentes, pretensos moderados. Está a ser propulsionada pelo "mainstream" ideológico e a pressionar posições socialistas que nunca poderão obter apoio popular ao centro moderado.
A última tontice hollândica foi a proposta do governo ZE, a seis, e a criação de um novo parlamento.
Não se pode governar eficazmente a Zona Euro com tontices que produzem insegurança. Nem qualquer outro país ou bloco.
Antes de dizermos que os problemas monetários da Zona Euro são insolúveis, podemos concentrar-nos nos constrangimentos oferecidos pelas tontices na política nacional e internacional e não nos deixarmos condicionar demasiado por eles?
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