Começou por aceitar a encomenda extravagante e impudente do jornal Expresso para escrever um prolongamento d'Os Maias. Alguém disse na altura que "com um bocado de caridade" se podia considerar, entre os prolongadores contratados, Rentes de Carvalho como o único legível. Pareceu-me uma crítica exagerada, mas agora que li o livrinho percebo que era justa e até bondosa.
Das piores possibilidades (duvido que houvesse "boas”, e foi isso que o Expresso ignorou), Rentes de Carvalho escolheu situar, já velhos, Carlos da Maia e João da Ega numa quinta do Douro, e empenhou-se em caracterizar aquilo que imagina ter sido "o falar do povo" nas conversas fastidiosas, irrelevantes, e em discurso directo, com os criados. Como se isto não fosse ilícito suficiente, assassinou todo o carácter ficcional de Carlos da Maia atribuindo-lhe “preocupações sociais”, por artes infanto-juvenis de umas reflexões sobre “desigualdades”.
Hoje publica no Tempo Contado (um dos poucos blogs que visito com regularidade e cautela) um texto (entre aspas porquê?) que descreve com detalhe a aventura de um idiota português que se enrola em esbórnia com um grupo de motards alemães a arrotar sauerkraut e cerveja morna.
Recomendo que evitem a leitura, talvez o exercício mais repelente dos meus últimos meses. Não posso suspeitar que as “autoridades” da “crítica” “literária” portuguesa estejam a caminho de premiar Rentes de Carvalho; já o premiaram (há uns meses?) e eu - com leviandade - aplaudi.
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