Elisa Ferreira, Marisa Matias, Ana Gomes fazem um trio absolutamente temível - postas a integrar um "grupo de trabalho", ou "comissão especial", ou lá o que é, sobre práticas fiscais, o asneirol é garantido.
Podia estar lá uma tipa, ou um tipo, sensatos, para terem mão nelas. Mas não, o outro Português neste grupo airado é um comunista, Miguel Viegas de sua graça. Onde as duas disserem mata, e Ana Gomes gritar qualquer coisa, ele dirá esfola.
A tal comissão tem 45 elementos, que se reúnem já na próxima 2ª feira para "aprovar a agenda e calendarizar os próximos passos a tomar".
Este colégio de parasitas talvez pudesse, num mundo alternativo, produzir alguma coisa de útil, por exemplo inquirir sobre se haverá alguma relação entre a fiscalidade opressiva que a Europa tem, no seu conjunto, e o facto de ser um continente que cresce menos do que os outros; e daí recomendar medidas para o reforço da competitividade fiscal entre países, como casar isso com estados sociais cujas necessidades lesam gravemente a performance das economias, de que forma promover a natalidade, como facilitar a imigração sem criar guetos nem importar corpos sociais inassimiláveis, e um longo etc.
Nada disso. O objectivo, comunica solenemente Elisa, não é “fazer uma caça às bruxas [está a falar do caso swiss leaks], mas pressionar os Governos europeus a acabar com um dumping fiscal inaceitável entre países que partilham o mesmo mercado e a mesma moeda.”
Traduzindo: o objectivo é acabar com a taxa, escandalosa, de IRC na Irlanda; nivelar as taxas de impostos, por cima, de forma a que as empresas e os indivíduos que não queiram levar caneladas se sujeitem, mudando de país, a pontapés; retirar mais poderes aos governos e parlamentos, e dá-los a Estrasburgo, Bruxelas e quanto apparatchik e político supra-numerário anda por essas cidades abençoadas; e garantir que a Europa terá duas velocidades - uma para a zona Euro e outra para a zona menos oprimida da União das Repúblicas Socialistas Europeias - mas se manterá como um orgulhoso farol enquanto o resto do mundo adopta o GPS.
Resta a esperança de que as borras das centenas de litros de café, e dos milhares de páginas de europês, que o grupo consumirá, tenham o mesmo destino que o tratado de Maastricht, o de Lisboa, e as proclamações e discursos dos responsáveis pretéritos e actuais: a reciclagem.
Blogs
Adeptos da Concorrência Imperfeita
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?
DêDêTê (Desconfia dele também...)
Momentos económicos... e não só
O MacGuffin (aka Contra a Corrente)
Os Três Dês do Acordo Ortográfico
Leituras
Ambrose Evans-Pritchard (The Telegraph)
Rodrigo Gurgel (até 4 Fev. 2015)
Jornais