Mesmo a astronomia já não é o que era, e o equinócio de 21 de Março agora calhou ao 20, pouco depois das 10 da manhã de Portugal e GMT. Começou a Primavera.
E para celebrar o primeiro dia da Primavera, com os pólenes, os passarinhos e as abelhas, o you know what I mean e outros fenómenos da mesma ordem, nada como relembrar o compositor, em co-autoria com o saxofonista Jackie Branston, da primeira canção de rock & roll gravada em disco em 1951, a Rocket 88, inspirada no último modelo da Oldsmobile, o Rocket 88, nessa época o que se idolatrava era a liberdade de andar por onde se quisesse e quando se quisesse proporcionada pelo automóvel, ainda não tinha chegado a ditadura da bicicleta politicamente correcta, e podiam-se compor canções inspiradas em automóveis sem pagar imposto de vício, o Ike Turner.
O verdadeiro pai do rock & roll acabou por ser de facto o Chuck Berry, que morreu no sábado com 90 anos. Foi aquele que inspirou as maiores figuras da história do rock & roll, que começaram tentando imitá-lo com versões esforçadas, mas longe das originais, das suas canções. A primeira canção gravada pelos Rolling Stones foi o Come on, e uma das primeiras gravadas pelos Beatles o Roll over Beethoven. Mais tarde, quando se tornaram super-estrelas planetárias, iam humildemente ter lições com ele e procurar aprender a sua arte.
Eram esforçados, aprenderam muito com ele, acabaram por se chegar a auto-intitular the greatest rock & roll band in the world sem grande exagero, mas ele estava tocado pelo génio que só meia-dúzia de criaturas tiveram a graça de receber ao longo da história, e que lhe permitia brincar assim.
Mas, atalhando razões, hoje é o Ike Turner que se celebra neste dia. Quem diz o Ike Turner, diz a célebra cantora, agora suíça, então americana, que em tempos foi casada e cantou com ele, Tina Turner. A Tina Turner também foi tocada pelo génio. Um dia, o Dick Cavett perguntou no seu talk show à Janis Joplin, outra tocada pelo génio, por quem era capaz de sair de casa para ir assistir a um espectáculo, e ela respondeu prontamente Tina Turner, e informou o entrevistador, que não conhecia, que era the best chick ever. E era provavelmente verdade.
Bom, então hoje deixo-vos o Coro da Primavera interpretado pela Tina Turner e whoever a acompanhou nesse dia de 1969. Mandem deitar as crianças antes de porem o filme a tocar. Depois não digam que eu não vos avisei. A Primavera não perdoa.
Blogs
Adeptos da Concorrência Imperfeita
Com jornalismo assim, quem precisa de censura?
DêDêTê (Desconfia dele também...)
Momentos económicos... e não só
O MacGuffin (aka Contra a Corrente)
Os Três Dês do Acordo Ortográfico
Leituras
Ambrose Evans-Pritchard (The Telegraph)
Rodrigo Gurgel (até 4 Fev. 2015)
Jornais