Segunda-feira, 12 de Janeiro de 2015

Je ne suis pas.

 

Jorge Sampaio reemergiu estes dias com o papelinho do Je suis. Confesso que cada vez que vejo a figura fico mal disposto. Não me sai da cabeça o seu percurso e onde nos trouxe a influência que teve na sociedade portuguesa.

O mesmo homem que à frente do MES nos idos de 75 defendia que não devia haver eleições livres porque o povo, esse grande e perigoso ignorante, não estaria preparado para votar "livremente" na consolidação da via socialista desejável para Portugal. Segundo a luminária, havia que esperar por tempo indefinido, "educar o povo" e só depois, quando o povo fosse garantidamente votar onde era conveniente, teriamos então eleições "livres"!

Entretanto, derrotado pelas eleições que não quis, foi fazendo o seu caminho rumo à comodidade alcatifada do PS. Chegou a presidente, da camara primeiro, da república depois, mas a consideração pelos resultados eleitorais "contra natura" continuou a mesma.

Detestou Durão Barroso, mas nada pôde fazer. Suspirou com a sua partida, mas detestava igualmente Ferro Rodrigues, incapaz de ganhar as malfadadas eloições a uma carpa morta há três dias. Cinicamente, havia que aguentar o Governo da coligação, por acaso com apoio de maioria absoluta parlamentar, até o PS resolver o seu "problema".

O PS resolveu o seu "problema", provavelmente instado por Belém, e deu um valente pontapé no traseiro de Ferro Rodrigues, acolhendo em extâse o menino d'oiro da Covilhã. Sócrates é entronizado para repôr a normalidade, levar urgentemente o PS de volta ao aparelho do Estado, ao exercício do poder. 

Para quem tivesse escrúpulos democráticos ou institucionais, dissolver um Governo empossado há pouco tempo e com maioria absoluta no Parlamento, com pretextos de pacotilha e um timing absolutamente escandaloso de tão evidente, seria muito, muitíssimo mau; para Sampaio foi normal, está-lhe no sangue. E os camaradas ficaram muito satisfeitos.

Em resumo, Sampaio é o homem que deu o golpe de estado constitucional que retirou Pedro Santana Lopes para lá pôr o seu amigo José Sócrates.

Pode não se gostar de Pedro Santana Lopes, mas olhando para Sócrates e para tudo o que fez a Portugal e aos Portugueses, podemos agradecer a Jorge Sampaio o servicinho que fez à república que tanto o emociona.

publicado por Raul Almeida às 01:35
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