Em 25 de Janeiro do ano que vem uma deusa desloca-se a Lisboa e, sabedor do facto, apressei-me a reservar dois bilhetes para a aparição, um para mim e outro para a pessoa que me vai aturar e à artista.
É relativamente diminuta a quantidade de gente que gosta de música clássica. Em Portugal, então, é praticamente inexistente.
Daí que quem ache mal este estado de coisas, e não entenda que deva ser melhorado, como se entende sempre, despejando-lhe dinheiro público por cima, gostasse que quando nos visita uma estrela do firmamento mundial, a peça escolhida estivesse mais próxima daquela gente, que é quase toda, que tem o gosto, e os ouvidos, formatados na música popular. Piano de Tchaikovsky, Brahms, Beethoven, Schumann, Liszt, Grieg, estariam bem. Agora, Prokofiev?
Yuja Wang, que tem um repertório vasto, vem tocar um concerto para piano daquele contemporâneo de Estaline e, a menos que tenha sido escolha sua, já estou daqui a ver o intelectual metido a besta que acha que é mesmo isso o que convém a Lisboa - ouvir Prokoviev, aplaudir muito, suspirar de alívio no fim, e concluir que a música clássica é um género para gente esquisita.
Enfim, seja, a oportunidade não se pode desperdiçar. Lá fui comprar os bilhetes, via internet que eu moro longe.
Já os tenho, graças a Deus. Mas a Gulbenkian não é o Concertgebouw, lá isso não, pelo menos a julgar pela minha experiência, que se infere do e-mail que enviei àquela prestigiada instituição. Figura abaixo:
"Boa noite.
Tentei no v/ site http://www.bilheteira.gulbenkian.pt/selectTicketSeat.do seleccionar dois lugares para o concerto no dia 25 de Janeiro do próximo ano. Escolhi portanto dois da Zona 1, dos três a azul indicados como disponíveis. A mensagem de resposta foi "Não é possível escolher os lugares".
Passando para o quadro seguinte sem escolher lugares, a mensagem passou a ser "Não indicou o número de bilhetes".
Acabei por adquirir dois lugares na Zona 2, sem problemas. Aparentemente, na Zona 1 há lugares indicados como livres mas que na realidade não o estão. Ou estão mas o site funciona mal.
Em nenhum dos casos fico surpreendido: a organização é portuguesa e o local Lisboa. Se a propriedade fosse pública nem me incomodava a escrever.
Mas não é pública. Conviria que o não parecesse".
Não teve, é claro, resposta. Também não esperava.
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