Qualquer pessoa de senso percebe que se o salário mínimo fosse elevado para, por exemplo, 1000 Euros, os trabalhadores objecto da medida veriam melhorar o seu nível de vida e haveria um aumento do consumo - o tal que faz aumentar o PIB - em correlação com o aumento, salvo algum crescimento do aforro. Não muito, que com 1000 Euros ninguém vive verdadeiramente bem.
Porquê então esta timidez dos 500, ou 515, ou lá o que é? A resposta, óbvia, é que há uma relação entre o nível dos salários e o desemprego: com tudo o mais igual, impôr salários que não resultam da necessidade das empresas (por não encontrarem quem trabalhe por menos para o desempenho de uma determinada função) e abstraindo por completo das circunstâncias em que estejam (podem acomodar aumentos? podem repercuti-los nos preços a que vendem? podem, mesmo assim, não entrar em prejuízo? podem investir?) resultará em aumento de desemprego, sobretudo para os menos qualificados, os jovens e para quem está à procura de primeiro emprego.
Há tanta literatura sobre este assunto que nem vou por aí. Pergunto apenas: das três pequenas empresas que dirijo uma não pode provavelmente acomodar o novo salário mínimo - as outras duas nem o praticam, porque não precisam. É, está bom de ver, uma empresa mal gerida, não é o Pingo Doce, mas não faltam por aí empresas mal geridas, enquanto sobram gestores que se abstêm de se lançarem em negócios, salvo o da opinião. Pergunto: com que direito vêm os sindicatos, o Estado, e a puta que os pariu a todos, defender o que chamam de interesse dos meus trabalhadores quando estes, entre o que ganham e o desemprego, preferem conservar o que têm, na esperança de melhores dias?
E pergunto também: não haverá quem, por saber muito, queira tomar conta? O preço é módico, o ambiente bom, as perspectivas razoáveis no médio prazo. Há um senão: haveria a maçada de substituir os sócios nas garantias pessoais prestadas, aí um pouco acima de cerca de um balúrdio.
Generosa gente: não se limita, com o poder do Estado, a dar o que não criaram, não lhes pertence nem os afecta; ainda se tomam por benfeitores e, nos casos mais graves, lúcidos economistas.
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