A Marcelo chamei, no facebook, um “básico”. Uma boa amiga (feminista, das que me restam – algumas, mais radicais, já me puseram a um canto, sob a cominação de “machista”) discordou, achando que ele, de básico, não tem nada.
Não tem, de facto. O escrever à flor dos dedos nem sempre propicia a melhor escolha das palavras.
Pior: outras pessoas cuja opinião respeito, e que ademais conheceram o homem pessoalmente, descrevem-no como “brilhante”.
À minha amiga, que não me comprou o discurso, respondi como segue. E como ninguém duvida de que Marcelo se vai recandidatar, e que a recandidatura será um passeio, parece-me a altura boa para me repetir e explicar como vejo a peça. Razões por que, além de um perverso gosto meio masoquista de me ver isolado na opinião, aqui vai:
Marcelo sempre me pareceu um equívoco: não tem, numa vida de escrita e de magistrado da opinião, um dito original, uma frase ou pensamento que não seja uma cedência ao ar do tempo, uma recomendação de um livro que valha a pena porque provavelmente nunca leu senão badanas ou best-sellers; não tem sobre o país, a UE e o mundo senão ideias comuns a qualquer medíocre recém-licenciado em relações internacionais; e o brilhantismo que se lhe reconhece em táctica política decorre da manipulação, em que é mestre, e do faro político para lhe permitir cambalhotas com validade a seis meses. É brilhante - um brilho de lantejoulas. E a sua simpatia, que se toma por natural, não é mais do que um expediente de angariação da admiração de multidões beatas para lhe lisonjear o ego desmedido - quem gosta de toda a gente não gosta de ninguém. A ideia que tem da estabilidade é que é um fim em si e não um meio, porque não sabe para quê. Não é comunista, é crente (provavelmente para garantir a salvação, que aquela peça não dá ponto sem nó) e daria um bom rei constitucional. É um péssimo presidente e deixará, provavelmente, boa memória, como deixam frequentemente os bons vendedores de banha da cobra que não foram descobertos.
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