Não sei do que estão à espera, para ir a Évora, os ex-ministros, secretários de Estado, antigos e actuais deputados, presidentes de empresas públicas e outros boys, jugulares e próceres sortidos que ainda não visitaram Sócrates.
Ir a Évora é um dever. E declarar, como fez Silva Pereira, que "acredita na inocência" de Sócrates, uma redundância.
Claro que acreditam todos na inocência - só podem. Porque a memória do eleitorado pode não durar mais de seis meses, mas a dos políticos, comentadores e espectadores atentos da vida pública é mais durável: Abril de 2011, o XVII Congresso do PS, o discurso empolgante de António Costa, e o triunfo apoteótico do então Primeiro-Ministro, que acabava de fazer falir o País, estão na memória de todos.
À excepção da casa de Paris e dos réditos da Octapharma, tudo, absolutamente tudo, de que Sócrates é acusado, e ainda mais, andava pelas redes sociais, quando não pelos jornais; e os proventos que terão permitido a vida faustosa no estágio parisiense têm por força que ter sido adquiridos antes.
Ninguém teve dúvidas, ninguém desconfiou, ninguém viu? Nem os números um, dois e três, nem os próximos, nem os íntimos? Nem Costa, o delfim, nem Vitorino, o lúcido, nem Siva Pereira, o alter-ego? Nem os senadores Soares, Almeida Santos, Manuel Alegre?
"Este congresso foi uma grande lição de unidade", declarou Sócrates sob uma chuva de aplausos.
Pois foi. E é por ter sido que quem lá estava deve ir, em romaria, a Évora, repetindo para si mesmo o mantra: Sócrates está inocente! Porque, se não estiver, também pode e deve ir - mas de penitência.
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