Fulana (nome fictício), que não tem ADSE nem seguro de saúde nem dinheiro para pagar do seu bolso cuidados de saúde no privado, e que persiste em engravidar contra o bom-senso da matriz cultural europeia de inspiração cristã, atingiu as 40 semanas de gravidez no início da semana e dirigiu-se à Maternidade Alfredo da Costa onde lhe disseram que se não entrasse em trabalho de parto até ao final de domingo regressasse lá para lhe induzirem o parto e a mandaram embora.
No domingo à tarde dirigiu-se à MAC onde tirou uma senha e foi vista por uma enfermeira na triagem às 4 da tarde e depois de esperar a sua vez por um médico às 8 da noite, que lhe disse que se não entrasse em trabalho de parto até terça-feira regressasse lá pare lhe induzirem o parto e a mandou embora.
Na terça à noite regressou à MAC, onde lhe disseram que estavam lotados e não a podiam atender, e lhe entregaram uma carta a dizer que devia ser acolhida com urgência numa unidade de saúde para lhe induzirem o parto e a mandaram embora.
Foi tentar a sorte no Hospital Amadora-Sintra, que queria evitar por ter tido lá a primeira filha e o parto ter sido particularmente penoso, onde lhe disseram que estavam lotados e não a podiam atender, e lhe deram uma carta a dizer que devia ser acolhida com urgência numa unidade de saúde para lhe induzirem o parto e a mandaram embora.
[Estas sucessivas idas e vindas e ordens de ir embora tentar a sorte npoutro lado foram vividas, lembro aos mais distraídos, por uma grávida de 41 semanas]
Fez as contas com a família e depois de inventariarem as poupanças que podiam mobilizar foi para o Hospital CUF Descobertas. Onde foi acolhida na terça à noite, o parto lhe foi induzido na quarta de manhã e decorreu rapidamente e sem qualquer problema, e de onde teve alta com o bebé na sexta-feira.
A recusa do acolhimento nas duas unidades de saúde do SNS, que no entanto custam os olhos da cara aos contribuintes, custou à família cerca de 3.200 euros. Se não os tivessem, teria tido que parir na rua.
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