Pessoalmente considero o juiz que faz acordãos a citar a Bíblia um distúrbio social, não por citar a Bíblia nem por ter uma visão troglodita do papel dos homens e das mulheres na sociedade, mas por citá-la e usar as citações para oferecer a agressores domésticos uma imunidade que a lei não lhes oferece e que com frequência tem sido usada por eles para escalar as agressões até ao assassinato das mulheres queixosas. Penso que não sou o único a pensar assim.
Mas ao ameaçar processar criminalmente todos os que o criticam ele está afinal a assumir uma utilidade social: está a revelar que em Portugal a liberdade de opinião é limitada quando o alvo da opinião são magistrados judiciais que, ao contrário do que acontece quando os criticados são políticos ou polícias ou outros cidadãos quaisquer e as críticas que lhes fazem são julgadas por magistrados que não fazem parte da sua classe, julgam dentro da classe as críticas que lhes fazem. Ou da casta.
E está também a dar-lhes uma (última?) oportunidade para mostrar que estão na Justiça para servirem a justiça e não para se servirem a si próprios protegendo-se uns aos outros. Será o teste de algodão.
Veremos se estão à altura do desafio.
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