A campanha eleitoral já ferve, Rangel fez dieta, Assis não, que excitação, já a 25 de Maio ficamos a saber quem vai para Estrasburgo nuns dias, e para Bruxelas noutros, fazer o pé-de-meia lá naquela coisa da Europa.
Eu não sou desses de fazer um tabu: votarei na lista do Governo, diz que é da direita. Não é que goste muito da lista (nem do Governo, já agora) mas socialistas não, palavra de honra, é malta que não percebeu o que fez ao País e continua disposta, na medida, que é pouca, em que os credores deixem, a fazer o mesmo.
E seja porque se acredita que esta coisa vai voltar ao antigamente pela mão de um émulo do edil Costa, o das mudanças de paradigma e apostas na competividade, formação e tretas sortidas, seja porque - vota comuna, pá - se deseja uma lição nestes fachos egoístas e corruptos, seja porque se acredita que os Pachecos, Manuelas, Bagões e os 73 do Manifesto (eram 74 mas um arrependeu-se) desta vida têm no alforge soluções muito diferentes para um problema muito igual, sempre o que se vai discutir é o nosso rincão.
Em alguns dos 28 países discute-se a Europa, para o efeito de saber, antes de mais, se convém estar dentro ou fora; e, estando dentro, estar dentro como.
Gente indecisa e pouco firme nos propósitos. Que nós não temos dúvidas: a nossa posição é dentro - e de mão estendida, variando apenas o grau de persuasão na pedinchice do qual uns e outros dizem ser capazes.
E ainda bem que é assim. Porque, se a eleição tivesse realmente alguma coisa a ver com assuntos europeus, ia ser o carago para escolher. Das nove afirmações seguintes três são do socialista Schulz, três do centro-direitista Juncker e três do liberal Verhofstadt:
- O Estado-Nação atingiu o seu limite.
- Devemos ousar dar um salto ainda mais radical: para uma nacionalidade europeia completa.
- Populismo, nacionalismo e eurocepticismo são incompatíveis com uma União Europeia forte e eficiente, capaz de enfrentar os desafios do futuro.
- É patético que a França e o Reino Unido não encarem a hipótese de fundir os respectivos assentos no Conselho de Segurança da ONU num único, em representação da UE.
- A criação do Euro beneficiou certamente as economias dos países aderentes e é por isso irreversível.
- Um mundo global requer um governo global.
- Não podemos permitir que o princípio de uma Europa a várias velocidades se enraíze.
- Uma União Europeia ambiciosa requer um orçamento ambicioso.
- Não deveremos pensar no imediato em instalar um governo mundial, ainda que isso deva ser o nosso objectivo final.
Pois é, não se consegue saber, sem pesquisa, quem disse o quê, porque eles dizem todos a mesma coisa, ainda que a terceira pérola pudesse ser nacional, por ter um aroma cavaquista - "desafios do futuro" é uma expressão que faz parte do dialecto de Belém.
Tratemos então da nossa casa, que da casa europeia já há quem trate. Mas não é nenhum dos três estarolas acima - é a gente que aparece no vídeo, no final deste post.
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