José Rodrigues dos Santos é apresentador de televisão e escreve novelas de série B.
António Araújo, hipotético "historiador", é o boneco do "intelectual" português. No blog enfrenta gigantes literários como Isabel Moreira, ou Domingos Freitas do Amaral; sobre as grandes fraudes que a "cultura" leva a sério, nem uma única linha.
Se António Araújo tivesse algum estatuto aparecia em polémicas relevantes. Ou profissionais, como por exemplo aquela que opôs Rui Ramos a uma matilha de zelotes da 1ª República. Mas não. Senta-se no jornal Público a meter na ordem uma personagem menor. Na prosa mais chata de Portugal, típica de "académico", um saco de citações e notas remissivas para opinar por interposta pessoa.
Talvez António Araújo tenha ganho um convite para outro "colóquio". Talvez lhe sirva para apresentar serviço, neste tempo de "afectos" e "consensos". De resto não se compreende a utilidade do exercício. Quem é que aprende marxismo com o José Rodrigues dos Santos?
A morte recente de Oscar Niemeyer voltou a provocar a discussão sobre o movimento moderno na arquitectura. Talvez o único sobre o qual, ainda hoje, interessa verdadeiramente conversar.
Esta e outras imagens estão no Malomil, num post do António Araújo que vem muito a propósito.
Não sei se existe outro. Há blogs decentes (poucos), blogs assim-assim (alguns), blogs péssimos (mas, ainda assim, blogs) e lixo por todo o lado. E há um blog português que é tão bom que parece de outro planeta. Chama-se Malomil.
Não falo de mariquices; o Malomil é visualmente fracote e tecnicamente básico. E o nome é um bocado esquisito. Também não é um blog para consultar a correr e roubar umas frases. O António Araújo escreve comprido, profundo, com a simplicidade de quem sabe o que está a dizer, e com a ternura de quem gosta dos assuntos.
O António Araújo escreve críticas de livros que são um prazer, mesmo quando o livro é uma fraude. Como o post com que inaugurou o blog, em Dezembro de 2011, chamado "Irei cuspir-vos no túmulo", sobre o livro "Homossexuais no Estado Novo" (Sextante Editora, Lisboa, 2010), da jornalista São José Almeida.
Antes de ler esse post, só tinha visto escrever assim (sobre livros) no New York Review of Books onde, para cada edição, os autores são escolhidos entre os melhores especialistas do mundo. E são pagos como tal.
Há mais autores no Malomil, ainda não os conheço todos. Um deles assina "Herança Camarido" e publica fotografias curiosíssimas de cenas, pessoas, e papelada que vai encontrando. Como este menu para uma ceia de Natal, escrito à mão, em 1904. Ou esta Casa (que me parece palafitada) do Director da Exploração do Caminho de Ferro de Benguela, em Nova Lisboa. Ou a visita do imperador da Etiópia Hailé Selassié a Lisboa, em Julho de 1959. Ou o António Ferro, em 1922.
Todos os posts valem a pena. E quando digo que valem "a pena" é porque, às vezes, os posts são tão grandes e tão completos, contêm tantas fotografias e vídeos, que os ecrãs demoram a fazer "scroll". Então exigem alguma paciência.
"The problem we all live with" fala de uma história, de um quadro, e da obra de um pintor. Também do António Araújo, é um presente para uma miúda de 9 anos. Tenham paciência; não percam isto por razão nenhuma.
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Nota: Fotografia do João Pina, tirada daqui.
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