Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2017

Quatro diferenças, além do mais

Um meu colega empresário, do ramo das padarias, disse algumas coisas sentidas e apropriadas sobre o salário mínimo e a legislação do trabalho.

 

Um nosso colega, do ramo da opinião, cascou-lhe:

 

"Note-se que 25% da massa salarial implica uma percentagem absurda de trabalhadores (perdão, "colaboradores") com salários abaixo de 557 euros (perdão, em "regime de transição"). De tal forma alta que o sócio-gerente da Padaria Portuguesa preferiu dizer a percentagem da massa salarial do que responder à pergunta que lhe foi feita, contando, com razão, com a desatenção da jornalista. Não me espanta que quem baseie o seu negócio nos salários baixos considere que a grande prioridade dos portugueses não é o aumento do salário mínimo (que só interessa aos políticos, claro), mas a liberalização dos despedimentos, o fim dos limites legais ao horário de trabalho e uma redução considerável do pagamento de horas extra, não penalizando as empresas que contratam menos trabalhadores do que aqueles que necessitam para funcionar. Um País desigual é isto: cada um vive na sua bolha e, quando fala para a televisão, julga que quem o está a ouvir partilha as suas prioridades".

 

Nuno Carvalho vende pão e Daniel Oliveira opiniões em letra de forma, ou faladas em frente às câmaras, ambos dependendo, para viver, da procura que tem o produto que fabricam.

 

Se Nuno pudesse sobreviver sem empregar ninguém não seria decerto a fazer pão, que isso implica maquinaria, compra de matéria-prima, manutenção de stocks, arrendamento ou compra de estabelecimentos, distribuição, publicidade e o catano - ou seja, capital, empregados, organização e gestão. Não que não pudesse conseguir alguma farinha emprestada para a transformar artesanalmente no que fosse possível num dia, para vender no seguinte depois de comer uma, decerto saborosa, bucha; e até podia empregar no esforço a mulher, se fosse casado, e os tenros filhinhos, se os tivesse. Mas esse pão sairia a um preço que o tornaria invendável; a mulher calçar-lhe-ia uns patins, por crueldade doméstica; e a Segurança Social apreenderia os meninos famélicos para os colocar num lar.

 

Nuno, na realidade, como empresário, não tem outra escolha senão contratar empregados, coisa que Daniel não precisa de fazer, e é esta a primeira diferença entre os dois - um não tem empregados porque não precisa, mas o outro é forçado a tê-los.

 

O artigo que Daniel fabrica é único - só ele escreve como escreve, e é dos poucos que debita convincentemente teses que numerosos leitores/pagadores querem ardentemente comprar para se abastecerem de opiniões. Pessoalmente acho a escrita apenas passável e as opiniões uma abominação, mas eu não sou um cliente deste produto popular nos meios da esquerda acéfala - há quem seja.

 

E esta é a segunda diferença - o artigo de Daniel está muito menos exposto à concorrência: um pão é um pão e há inúmeros padeiros a fazê-lo com pequenas diferenças, pelo que é preciso um esforço constante para que o consumidor não vá à porta ao lado. E o esforço não consiste apenas em tomar muitos cafés pela noite fora até que a inspiração apareça, é preciso uma atenção permanente a todos os infinitos factores que fazem com que umas empresas singrem e outras não - mesmo o sucesso, quando se atinge, não implica que se mantenha.

 

Daniel não tem como companheiro o espectro do falhanço e da falência. Se os meios de comunicação social para os quais trabalha falirem, ou o despedirem, Daniel queixar-se-á não de si mas deles, e com a própria queixa fabricará material que alguém há-de querer comprar. E é esta a terceira diferença.

 

A Nuno não ocorreria decerto invocar os poderes do Estado para fiscalizar a justiça do que Daniel mete ao bolso como ganho do produto que vende, desde logo porque os jornais, ou as revistas, ou os canais de televisão, não lhe pertencem, e por isso não vê razões para que ele, ou o Estado por causa da opinião dele, se intrometa em contratos livremente celebrados entre terceiros.

 

E esta é a quarta diferença. Daniel quer ser generoso com o que não lhe pertence, nem criou, nem seria provavelmente capaz de criar, nem sequer sabe se existe, porque é uma pessoa muito boa. Boa como nos versos de Alberto Caeiro: E, olhando para mim, viu-me lágrimas nos olhos/ E sorriu com agrado, julgando que eu sentia/ O ódio que ele sentia, e a compaixão/ Que ele dizia que sentia. Já Nuno, se for pessoa caridosa, fará as suas liberalidades, discreta ou publicamente, com o que lhe pertence, depois de pagos os impostos que a empresa suportou, os seus como trabalhador, e os devidos sobre o que ela tenha distribuído do que sobrou.

 

Resta que Daniel não percebeu o que o empresário, no seu discurso algo confuso, disse, (este esclareceu que NÃO tinha trabalhadores com o salário mínimo mas passaria a ter com este aumento) nem curou de perceber: é patrão verdadeiro, isto é, não é recebido em S. Bento, não tem um cadeirão na Concertação Social nem diz coisas profundas ao mesmo tempo que finge que faz sentido sentar-se à mesma mesa com quem o quer destruir? Então é para abater.

 

Os tais 25% que escandalizaram Daniel não servem para fundamentar nenhuma conclusão. Esta percentagem é, no sector, alta ou baixa? E esta empresa deve muito ou pouco dinheiro, fez ou não fez investimentos, distribui ou não distribui lucros, paga ou não paga salários e prémios altos à administração, tem ou não tem resultados, pode ou não pode suportar os aumentos? Sobre tudo isto Daniel não diz nada porque acha que as empresas todas podem pagar e, se não puderem, devem desaparecer. Patrões só interessam os que podem pagar e mesmo estes apenas desde que aumentem sempre acima dos ganhos de produtividade, ou das margens, ou da inflação, ou do diabo, porque é justo.

 

Há patrões destes. São, além dos que trabalham em sectores protegidos da concorrência, os que, se forem padeiros, automatizam processos de tal modo que os salários não pesem no custo de produção, e portanto o que pensam e dizem os daniéis deste mundo não conte para nada.

 

Mas disto Daniel não sabe. Nem do resto. Nem de nada, salvo sobre as características do produto que vende, porque tem saída, e até o Governo consome.

publicado por José Meireles Graça às 12:19
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Quinta-feira, 2 de Junho de 2016

Lisboistão

Daniel Oliveira é, como quase toda a gente que navega na esquerda, um jacobino. Não tenho dificuldades em perceber o que diz, não obstante ser navegador de águas menos impuras, porque tenho também, como agnóstico, uma costela jacobina.

 

Ao contrário de Daniel, porém, o meu mundo não é simples: a dimensão religiosa da vida, que a mim me falha, a Teologia, pela qual nunca me interessei seriamente, o lado abominável da história do cristianismo, que não ignoro, o papel da Igreja Católica entre nós, passado e presente, negativo em muitas coisas e positivo noutras tantas - tudo isso e mais não me faz esquecer que a civilização ocidental está inextricavelmente ligada ao cristianismo, e entre nós, especificamente, à Igreja Católica, o que acarreta consequências.

 

Como Daniel e quase toda a gente hoje, defendo o Estado laico; mas não defendo o Estado cego, nem estúpido, nem ingénuo, nem engenheiro de arranjos sociais revolucionários. O modo como estão organizadas as coisas entre nós resulta de um equilíbrio que levou muito tempo a conquistar e nele o catolicismo não é, nem deve ser, uma confissão como as outras, porque está ligado à identidade nacional e ao sentimento, mesmo que difuso, da população, além de a Igreja Católica desempenhar uma obra social, educativa e de protecção do património, pelo que não deve ser tratada como uma qualquer IURD.

 

A Igreja já não se permite hoje defender um tratamento discriminatório para os não-católicos ou de inferioridade legal das mulheres - isso foi-lhe imposto e adaptou-se. E embora continue a defender soluções na ordem civil e no domínio penal que a maioria da população não subscreve, era o que mais faltava se a instituição mais antiga do país, e a mais prestigiada, não tivesse o direito de defender publicamente os seus pontos de vista - bem menos radicais, aliás, do que os que defende o PCP, os primos do BE e Daniel Oliveira, todos crentes na religião de que se-tirarmos-aos-ricos-e-dermos-aos-pobres-ficam-todos-remediados (aliás, com o grau de violência do Estado que for necessário).

 

É aparentemente o laicismo militante do Estado que Daniel defende, a propósito da construção de uma mesquita em Lisboa, exigindo que quem está contra o apoio com dinheiros e poderes públicos à erecção do templo negue, por razões de coerência, qualquer tipo de ajuda, discriminação positiva ou sequer presença de pessoas ou símbolos da Igreja Católica em edifícios públicos ou cerimónias oficiais.

 

Claro que não é apenas laicismo o que está em causa; é também, consciente ou inconscientemente, a certeza de que a Igreja defende os pobres mas não o confisco da riqueza, e isto não obstante as teologias da libertação e os deslizes ingénuos de alguns bondosos curas ou até de um Papa não por acaso sul-americano - ou seja, a certeza de que a Igreja é de direita. E a defesa, em nome do multiculturalismo, do Islão e suas práticas consiste assim objectivamente numa táctica leninista: há que apoiar para já o inimigo do inimigo principal; depois vê-se.

 

João Miguel Tavares explicou, com bons argumentos, por que razão Daniel vive em 1916 e não hoje, mas não nega o direito que teriam os muçulmanos de construir uma mesquita se o apoio público fosse menos grave: "... e é óbvio que construir uma mesquita em terreno expropriado não é o mesmo que vender a um preço simbólico um dos milhares de edifícios sem utilidade que a câmara possui".

 

Não é o mesmo, de facto, e foi na anquilosada cabeça de Medina, um homem premonitoriamente com nome de cidade saudita, que germinou a ideia de, num país católico, patrocinar com dinheiro do contribuinte a construção de um templo islâmico. Mas esta loucura, se o é, dificilmente terá graus: é pouco mais grave expropriar e subsidiar do que seria vender ao preço da uva mijona um edifício de propriedade pública - que seria exactamente uma forma apenas diferente de subsidiar.

 

Por mim, nem sequer estou convencido da necessidade de construir uma nota dissonante na paisagem em nome da liberdade religiosa, porque ela, a liberdade, pode bem exercer-se num templo discreto. Uma Lisboa com minaretes pode ser politicamente correcta, mas o minarete não é coisa portuguesa - isso é a torre sineira.

 

Depois, até pode ser que o xeque Munir acredite que o Islão é uma religião de paz. Mas atrás da mesquita vem a madraça; e atrás desta é apenas uma questão de tempo e de quantidade até que venha o moço barbudo, sem emprego, que procura as suas raízes, as suas virgens e a sua identidade num cinto de bombas.

 

Precisamos disso? E ainda por cima pagamos para isso?

publicado por José Meireles Graça às 23:27
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Segunda-feira, 23 de Maio de 2016

Encarnados e amarelos

 

O sr. Daniel Oliveira escreveu e publicou um textinho no facebook a proclamar o seu sentimento sobre os contratos de associação. Passada uma hora* editou, aplicou-lhe uma expressiva facada, e voltou a publicar - sem qualquer nota, sem explicação. Como se estivesse assim, alterado, desde o princípio.

 

Porque é que alterou? Não sabemos, nem podemos ter a certeza. Mas entre uma versão e a outra está a resposta de Carlos Guimarães Pinto, no Insurgente.

 

Fica a história, para quem se interessar pelos processos da esquerda. Com as alterações “nas cores convencionais”: a encarnado o que o sr. Oliveira fez desaparecer; a amarelo o que acrescentou.

 

DO-Escolas-2016-05-23-Sublinhado.jpg

 

__________ 

 

Nota*: 

Não passou “uma hora”, mas sim 2 minutos. Hoje o facebook já dá horas concretas, ontem dava um arredondamento muito grosseiro. O post teve 4 edições, bastante seguidas (7 minutos da primeira à última). A grande facada aconteceu entre as 11:58 e as 12:00. O sr. Oliveira veio aqui protestar, com bons motivos, fica um agradecimento e a devida correcção.

(2016.05.24, às 14:31)

 

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 16:38
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Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

Ideias nebulosas

Soares dos Santos é rico e diz uma quantidade prodigiosa de tolices. As tolices de Soares (deste, que é um privatus amador, não do outro, que é profissional do asneirol) têm acolhimento porque quem enriqueceu detém uma chave que toda a gente gostaria de ter e assim a audiência é garantida: quem é que não quer ficar ao corrente do que pensa George Soros ou Bill Gates, ou até mesmo Richard Branson, quando estes propinam às multidões anelantes as pérolas do seu saber? Se foram capazes de passar brilhantemente pela estreita porta do sucesso, enriquecendo, é porque sabem algo que os outros ignoram; e se a actividade política é hoje na sua maior parte, directa ou indirectamente, dirigida ao sucesso económico, então os conselhos dos magnatas são para ouvir.

 

Há mesmo uma tradição americana, para os homens de muito sucesso, que consiste em contratarem, quando em idade avançada, alguém para lhes escrever a biografia, onde ficará plasmada para a imortalidade a argúcia e o rol de qualidades que lhes deram o estrelato e o império nos ramos da sua especialidade. As pessoas compram avidamente o livrinho, para descobrirem desconsoladas que o grande homem se levantava cedo, trabalhava muito e era fino como um alho. Ora bolas, que não faltam por aí borra-botas com exactamente essas características.

 

Infelizmente, os países não são empresas, mesmo quando têm um PIB inferior ao volume de negócios de muitos conglomerados; e qualquer empresário que se dedique à política descobre a muito breve trecho que está metido num ninho de lacraus - governar cidadãos nem mesmo em ditadura é parecido com dirigir empregados, e produzir um bem ou serviço está a léguas da congeminação de leis. De resto, com o sucesso costuma vir a suficiência e esta, quando associada a doses confortáveis de ignorância, proporciona momentos deliciosos: Belmiro de Azevedo, provavelmente o mais completo e brilhante empresário da sua geração, há anos, quando inquirido sobre as reformas necessárias para o País, começou por pintar o organograma do governo, exactamente como se estivesse a fazer o layout de um qualquer board.

 

Mas eu falo assim dos empresários porque falo assim das pessoas. Não me move qualquer animosidade particular contra os ricos, e pelo contrário entendo que não apenas os ricos, incluindo os muito ricos, desempenham um papel insubstituível numa economia sã, como repousa neles, incluindo sobretudo mas não apenas os pequenos e muito pequenos empresários, a parte mais criativa e dinâmica do crescimento económico.

 

É por isso que o tom chocarreiro deste artigo ("saber vender iogurtes de pedaços, bacalhau demolhado da Noruega e champôs anticaspa...") é profundamente desagradável: Daniel Oliveira não fala assim de uma nulidade qualquer que seja depositária do que ele, Daniel, toma como cultura, isto é, um baladeiro capaz de ganir a um microfone umas fanhosas musiquetas de intervenção, ou uma actriz a declamar desastradamente num palco uma peça qualquer carregadinha de mensagens, ou ainda uma bailarina a espolinhar-se no chão, com o propósito de representar amores contrariados por inultrapassáveis obstáculos de classe, ou outra merda qualquer sobrevivente a golpes de subsídios e críticas favoráveis de críticos piolhosos e esquerdistas.

 

Soares dos Santos não tem clientes por decreto; não contrata trabalhadores apontando-lhes uma pistola à cabeça; contribui para o Estado, directa e indirectamente, com muito mais do que dele recebe; e, ainda que a dignidade das pessoas não se meça pelo seu contributo para o PIB, tem direito à admiração dos seus concidadãos por ter, dentro e sobretudo fora de portas, o sucesso que soube merecer.

 

Não precisamos, é claro, de lhe comprar as ideias políticas; e é aventureiro asseverar  que são os Soares dos Santos desta vida "a decidirem, através da pressão que vão exercendo, o futuro do país".

 

Daniel está enganado: Portugal está como está, chegou onde chegou, não por causa dos Soares dos Santos, mas dos outros Soares, o propriamente dito e a sua família política, mais a nebulosa dos fazedores de opinião que venderam, e continuam a vender, ao eleitorado, a ideia de que a melhor maneira de criar riqueza é começar por expropriar quem a pode criar.

 

Daniel Oliveira, em que pese aos seus muitos méritos, faz - ainda - parte dessa nebulosa; Soares dos Santos não.

publicado por José Meireles Graça às 22:10
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Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013

Quem avisa amigo é

Francisco (não o de Assis, o de Roma) declarou à comunicação social portuguesa, por inspiração do dr. Mário Soares:

 

1) A dívida pública deve ser renegociada para um prazo mínimo de cinquenta anos, a uma taxa de juro não superior àquela a que se financiar o Estado Alemão, e com reembolsos de capital indexados ao comportamento das exportações;

 

2) Deve ser suspenso o plano de privatizações e substituído por um plano de nacionalizações, nomeadamente daquelas empresas privadas que se verifica terem uma posição dominante no respectivo ramo, das que se encontrem em situação de oligopólio ou de outras sobre as quais seja legítimo suspeitar que venham a encontrar-se naquelas situações; as nacionalizações deverão obedecer ao princípio de que ao valor de mercado se devem abater os dividendos e prémios distribuídos aos actuais e pretéritos accionistas, nos últimos 20 anos, e de que as indemnizações serão pagas em títulos de dívida pública, a vencer dentro do prazo referido em 1);

 

3) Devem ser suspensos todos os cortes de salários, pensões, subsídios e benefícios sociais, e reposta a situação ex ante;

 

4) O salário mínimo deverá ser aumentado para 550 Euros e todos os anos revisto em percentagem superior à da inflação, a acordar com os parceiros sociais;

 

5) Os contratos no âmbito das PPPs, e os remanescentes no âmbito dos SWAPs, deverão ser renegociados à luz dos seguintes princípios; a) O lucro líquido originado por tais contratos deverá ser taxado em, pelo menos, 70%; b) As partes estabelecerão um plano de taxação retroactiva, de modo a garantir que os ganhos até agora obtidos sejam objecto de igual contribuição; a denúncia, quando o Estado por ela opte, não confere direito a qualquer indemnização;

 

6) É fixado um salário máximo, de montante igual a doze vezes o valor do mínimo;

 

7) É criado um imposto extraordinário de 70%, incidente sobre grandes fortunas, entendendo-se como tal as daqueles agregados familiares cujos activos sejam superiores a 500.000 Euros;

 

8) A reforma do Estado deve prosseguir, à luz dos seguintes princípios: a) Não poderá haver despedimentos, nem mobilidade, sem o acordo do trabalhador; b) Não poderão extinguir-se serviços, salvo se as respectivas competências e pessoal forem afectos a outros serviços, e sem prejuízo da necessidade da aceitação dos trabalhadores, em caso de deslocação;

 

9) Fica proibida a evasão de capitais;

 

10) As empresas cujo capital seja maioritariamente detido por nacionais, ou que realizem em território nacional a maior parte do seu volume de negócios, deverão ter a sua sede em território nacional;

 

11) Pelo menos 1% do Orçamento deverá ser sempre afecto à Cultura:

 

12) O Presidente da República, ouvido o Conselho de Estado, deverá dar instruções ao BCE para financiar directamente o Estado Português, e ao mercado internacional para adquirir dívida pública no mercado secundário, a taxas não superiores às referidas em 1);

 

13) Após a diligência referida no ponto 12) deverá o Presidente dissolver a Assembleia e convocar eleições, às quais só poderão concorrer partidos que subscrevam sãos princípios de defesa da Constituição e do povo trabalhador. Apurado o resultado, instalada a nova Assembleia e conferida posse ao novo governo, o Presidente demitir-se-á, marcando eleições para a presidência da República nos termos constitucionais.

 

Se por algum imponderável isto não se fizer, o nosso País, filho dilecto da Igreja, será palco das maiores violências. Pelo menos é o que, com grande senso e não menor verosimilhança, se diz aqui

publicado por José Meireles Graça às 21:37
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Quinta-feira, 24 de Outubro de 2013

Regresso ao futuro

Fiquei sentido com este texto, às vezes as verdades doem: sou um desses que odeia Sócrates - tenho-lhe um tal ódio que, se dependesse de mim, punha-o numa cela a ouvir música pimba 18 horas por dia, no caso de ele não gostar.

 

Por outro lado, ainda que confesse sem pejo a minha triste condição de direitista irrecuperável, ocorre que talvez haja uma ou outra razão que atenue a minha culpa. Vejamos:

 

Numa análise a todas as acusações que lhe tinham sido feitas, Daniel concluiu em Fevereiro de 2010 que nem uma se provou; e como os acusadores não eram socialistas, o que resulta evidente, para ele,  é que o homem era provavelmente inocente e de modo nenhum beneficiou da complacência, ou da impotência, das autoridades. Sucede que o PGR e o Presidente do STJ da época eram admiradores da deslumbrante personalidade do visado, como se demonstra com a sua presença no lançamento recente da obra seminal sobre a tortura, que estrelaram e que Sócrates escreveu na sua alegada condição de melhor aluno de Sciences Po. E assim as pessoas que, como eu, têm uma visão pessimista sobre as pessoas, ficam na sua: pode ser que nem todas as acusações tenham fundo; mas é improvável que nenhuma o tenha.

 

Bom, havia mais umas coisas que nunca foram esclarecidas, como aquela história do fatinho adquirido em Beverley Hills - coisa mesquinha, por certo, fico até envergonhado por trazer o fait-divers à colação. Mas, lá está: a boa-fé, a largueza de vistas, a confiança, o sentido das proporções, são tudo coisas que na esquerda brotam com naturalidade; na direita, só por excepção, e eu, desgraçadamente, sou bastante típico.

 

"É pura e simplesmente falso que Sócrates tenha falido o país. E isto não é matéria de opinião. Sócrates faliu o país da mesma forma que todos os que eram primeiros-ministros entre 2008 e 2010 em países periféricos europeus o fizeram".


Todos?! Mau, a Finlândia, cuja capital dista de Bruxelas tanto como Lisboa, também faliu? E alguns países aflitos, como a Espanha, Itália e a França, não estão relativamente perto do centro e, no caso da França, não está a capital a 300 km de Bruxelas? E Dublin, a 960 km, está assim tão longe? Que significa este argumento da perificidade?

 

"Mas, com estas opções europeias e a arquitetura do euro, um excelente governo apenas teria conseguido que estivéssemos um pouco menos mal".

 

Tenho dificuldade em confrontar os actos do governo que houve com actos de um governo que não houve. Mas como, à época, o que Daniel defendia era um governo do BE, lanço-me também num exercício de história contra-factual: com um governo do BE o país teria ficado caribenho; e teria boas contas - como Cuba. E mais não digo.

 

"No fundo, move-se [Sócrates] pelo mesmo que todos os políticos que ambicionaram mais do que uma pequena carreira: o sonho da imortalidade. E essa é, entre outras, uma das razões porque não compro o retrato do pequeno bandido que enriqueceu com uns dinheiros dum outlet em Alcochete. Parece-me que a sua ambição é muito maior. Por isso, façamos-lhe justiça de acreditar que também serão maiores e mais nobres os seus pecados".

 

Eu tenho a convicção de que Sócrates é um pequeno bandido com um destino improvável, que mereceu pelos seus talentos de oratória, um certo tipo de inteligência fulgurante mais adequadamente descrito como esperteza, e, como sempre, um conjunto de circunstâncias que lhe favoreceu a ascensão.

 

Espero que as circunstâncias não facilitem o regresso;  mas suspeito que, se Sócrates retornasse para nos assombrar, e lhe conviesse adoptar uma retórica mais consistentemente de esquerda, Daniel Oliveira bem podia ter um papel no renascimento do verdadeiro socialismo. Não por lhe imaginar uma alma trapaceira; por lha supôr ingénua.

 

publicado por José Meireles Graça às 21:14
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Quinta-feira, 20 de Junho de 2013

Os verdes deputados da bancada laranja

Uns moços deputados perguntaram quanto nos custam os sindicatos do sector da educação. Isto diz a notícia. E quase o mesmo diz este este post: "... quanto custam ao erário público os sindicatos da educação".

 

Na realidade, trata-se de sindicatos de professores. E este é o primeiro equívoco: educação e "professores" não é a mesma coisa, e os interesses dos professores não são os interesses do ensino. Os sindicatos representam legitimamente os interesses dos professores, mas o ensino - o que se ensina, onde, como, até que idade, por que preço, com que meios - é um assunto da comunidade, que é representada pelos seus eleitos. E esses são sobretudo, no nosso ordenamento, os deputados, por muito que sejam desprezados ou não se deem ao respeito.

 

Daí que a pergunta seja pertinentíssima, natural, e estranha apenas na medida em que uma tal informação deveria há muito estar disponível. Só por isto, são menosprezáveis as reacções descabeladas da Esquerda de todas as declinações, como insolente foi o comentário do apparatchick sindical Nogueira. É mais que certo que a pergunta não é inocente, isto é, que se enquadra no conflito que opõe o Governo aos sindicatos, e tem um lado mesquinho. E depois? Um governo sob ataque não se pode defender, expondo no tribunal da opinião pública os interesses de sindicalistas dependurados no Orçamento?

 

Mas, no post acima referido, a banal confusão entre ensino e professores, e entre professores e sindicatos, não é a única. Diz Daniel Oliveira: "...os professores que estão nos sindicatos recebem o seu ordenado e os sindicatos são pagos pelos associados". Como?! Se o Estado paga os salários aos sindicalistas que trabalham em exclusivo para os sindicatos, o que faz é subsidiar fortemente os próprios sindicatos, aliviando-os de custos salariais. Pode achar-se isto bem e pode achar-se isto mal, mas a nenhuma luz se aceitam redacções que escamoteiam o facto.

 

Depois continua, insinuando que porque o grupo dos deputados é oriundo, ou pertence, à JSD, deveria estar caladinho porque a JSD pertence ao PSD, e o PSD vive, como os outros partidos com representação parlamentar, de dinheiro público.

 

Esta coisa de os partidos viverem de dinheiro público é discutível. Mas Daniel, que defende "que os partidos políticos devem ser financiados pelo Estado", já não vê com bons olhos que o PSD gaste algum desse dinheiro com a JSD, um notório antro de malfeitores. Ou seja, dinheiro público está bem, mas só para maiores de idade; e os partidos podem receber o estipêndio, desde que não o gastem com juventudes.

 

"O que não suporto é ver quem desde a adolescência olha para a política como uma simples carreira a substituir o debate democrático sobre uma greve pela mais reles das demagogias", conclui Daniel, com aquela superioridade moral que é a marca d'água do discurso de esquerda.

 

Sim? Todos? Só os da JSD, ou também os da JS, ou da JCP, ou da JP? E o "debate democrático" é o quê? Uns a chamar "ladrões", "gatunos" e coisas piores a outros, e os outros a responderem "VV. Ex.ªs poderiam permitir que aventemos a hipótese, sem querer incomodar, da sombra de uma suspeita de haver no vosso seio carreiristas e oportunistas"?

publicado por José Meireles Graça às 12:08
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Sexta-feira, 21 de Dezembro de 2012

O pecado da inveja?

 

 

Gérard Depardieu não construiu a imagem (nem a carreira) com base na discrição. E numa maré em que outros deram e dão passos o mais possível discretos, Depardieu resolveu pôr a boca no trombone, não hesitando em ameaçar devolver o passaporte francês. Gesto inconsequente porque, para evitar o pagamento de impostos, suponho que não se faz mister abandonar a nacionalidade - quando muito adquire-se uma nova, e mesmo isso apenas se for necessário ou se conferir vantagens no domicílio de adopção.

 

Mas o dramatismo e a barulheira do gesto são neste caso não apenas de interesse do público, mas também de interesse público - Deus escreve direito por linhas tortas, como se diz.

 

Importa saber: pode um Estado, em tempo de paz, cobrar sobre o rendimento pessoal de um cidadão 75 ou 85%?

 

Das notícias que vieram a lume percebe-se que Depardieu co-fundou empresas que empregam à volta de 80 pessoas; e que os seus rendimentos advêm, além do seu próprio trabalho, de negócios legítimos nos quais, explícita ou implicitamente, explora a imagem - a imagem dele.

 

Todas estas actividades são objecto de impostos, directos ou indirectos, sob a forma de IRC, IVA, etc. E os 75% incidem sobre o que, do que sobra, lhe chega às mãos.

 

Ao rendimento líquido (após o esbulho dos três quartos) Gérard poderia dar três destinos: ou investir - actividade que, por definição, não é isenta de riscos e que pode de imediato dar ela própria origem ao pagamento de impostos, como nos investimentos em imobiliário; consumir - mas é impossível consumir sem pagar impostos sobre o consumo, aliás exorbitantes em se tratando de luxo, vício ou combustíveis; e aforrar - mas o rendimento do aforro é penalizado com tributação autónoma.

 

Quer dizer que se está, nos países pilotados por dementes, a querer construir uma sociedade nova: os muitos ricos podem viver bem e acumular algo não superior aí a uns 5% a 10% do rendimento. O resto não é deles, que o ganharam; é da comunidade, administrado por um Estado obeso e uma Administração iluminada, que julga poder eternizar-se no Poder pelo expediente de, cobrando desmedidamente a uns poucos, ter meios para comprar o voto da imensa maioria.

 

Se isto pudesse funcionar, isto é, se restassem na mão dos privados os recursos e a vontade de investir, teríamos uma sociedade sem os muito ricos, mas conservando a competição e o dinamismo típicos do capitalismo eficiente; e os antigos ricos, agora remediados, desempenhariam o mesmo papel que o dos apparatchicks nos regimes comunistas - uma casta relativamente privilegiada.

 

Mas não pode funcionar: Os Depardieu fogem. E mesmo que não o pudessem fazer, não teriam os meios nem o incentivo para investir. Um homem rico é um homem pobre com dinheiro - e tem precisamente o mesmo instinto de trabalhar para si e os seus, não para a comunidade que, quando não o trata com indiferença, o trata com desprezo.

 

É por isto ser assim que há quem tenha o sonho impossível da criação de um Mundo sem lugares para onde se possa fugir. Os comunistas genuínos não sonham com mundos impossíveis: querem ilhas comunistas no mar capitalista, para nelas realizar a sociedade a caminho da perfeição, custe o que custar a quem custar.

 

Por mim, se tivesse que escolher entre um artigo deletério genuíno e outro sucedâneo, escolhia o primeiro - sempre poupava na hipocrisia e na inveja.

 

publicado por José Meireles Graça às 15:53
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Sábado, 10 de Novembro de 2012

Laços de ternura

 

O PS, digam o que disserem os "verdadeiros" socialistas, é e sempre foi de esquerda:

 

Acredita que os dirigentes políticos, desde que ungidos pelo voto, adquirem uma lucidez sobrenatural que os habilita a, em nome da comunidade, fazerem investimentos "estruturantes", desde que precedidos dos competentes "estudos", mesmo quando existam recursos que os privados, sem dúvida por cegueira, não querem afectar àqueles fins; acha que a desigualdade económica entre os cidadãos não é natural e deve ser activamente combatida, pelo expediente de retirar manu militari a uns, que têm, para transferir para os que têm menos; entende o direito de propriedade como instrumental; tem uma concepção amplíssima das liberdades, mas nelas não inclui a liberdade económica; acha que a liberdade de cada qual acaba onde começa a do vizinho, desde que o vizinho não imagine que é dono do que é seu; e de forma geral não vê limites à actuação dos poderes públicos, excepto a força da opinião publica, da qual aliás é escravo, ao mesmo tempo que está sobre-representado nos meios de a influenciar.

 

Em resumo, tem uma fé inabalável nos poderes salvíficos do Estado. Mas distingue-se quantitativamente da esquerda da Bayer porque intui que uma parte da economia deve ser deixada funcionar para gerar recursos para o Estado prosseguir os seus generosos fins - enquanto que comunistas e bloquistas (os primeiros com muito maior consistência) não veem ou fingem não ver por que razão a propriedade pública dos meios de produção e/ou o esbulho dos "ricos" trava fatalmente o motor do progresso, e não apenas do progresso material.

 

Qualitativamente, o PS distingue-se pelo respeito à Democracia. E isto faz com que jamais seja possível uma união das esquerdas - a água não se mistura com o azeite e é tão possível ser democrata (no sentido que a palavra tem para quem a defende na forma representativa) e comunista, como uma mulher estar meio-grávida.

 

Por este bosquejo se percebe que Daniel Oliveira não tem razão. A união com o PS seria um abraço de urso: o PS talvez ficasse um pouco mais esquerdista, tanto mais quanto menos relevante fosse o assunto; mas no essencial não mudaria, porque o PS, se se lhe retirar a democracia "burguesa" e o europeísmo, fica um clube de empreendedores de aviário e treteiros sortidos. Para ganhar votos, é curto. E se os socialistas, em matéria económica, nem sequer estão conscientes da extensão da própria ignorância, têm demonstrado ser excelentes estrategas na influência da opinião pública e no jogo eleitoral.

 

Mas eu, que leio os escritos do Daniel Oliveira e o estimo, estou aqui, graças a Deus. E por isso lhe dou amigavelmente um conselho: vá ao Largo do Rato, vá. Eles recebem-no de braços abertos, adoram gente de esquerda. E - quem sabe? - até não é impossível que aqui e ali lhe sigam os conselhos. Mas aviso, isso tem um preço: há por lá uma ala negocista que acha, com razão, que o verniz de esquerda é um óptimo biombo para, via investimento público, fazer uns bons negócios, digamos, privados. Essa parte não lhe convém, estou seguro. Mas o óptimo é inimigo do bom.

 

publicado por José Meireles Graça às 23:57
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Quinta-feira, 11 de Outubro de 2012

O público do Bloco de Esquerda

 

 

«As reduções consecutivas de jornalistas do "Público" têm efeitos na qualidade do jornal. E os leitores sentem isso e deixam de o comprarConsidera Daniel Oliveira.

 

E eu pergunto-me se os leitores não terão sentido a presença desproporcionada do Bloco de Esquerda na redacção do Público, com efeitos na qualidade do jornal, levando a que deixassem de o comprar.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 01:56
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