Quarta-feira, 3 de Julho de 2013

Tragédia à portuguesa

 

 

Mário Nogueira, sem esforço, fez o que melhor sabe e deitou ao chão o primeiro pino. Ganhando, sem concessões, a greve dos professores ao ministro Crato, obteve para a sua corporação todas as exigências e impossibilitou que se tocasse no resto dos funcionários públicos. Em matéria de "reforma" do Estado a conversa acaba aqui.

 

Vítor Gaspar, derrubado por Mário Nogueira com a ajuda de Crato, regressa a Bruxelas (ou a Frankfurt?) onde continuará a mandar em nós sem se incomodar com "negociações" e pessoas em geral. Dependerá, como gosta, dos seus frascos de teorias, do sr. Schäuble, e das condições meteorológicas. Demitiu-se publicamente, deixando uma carta em que reconhece o fracasso da sua política económica e em que diz que o Primeiro-Ministro não tem capacidade de liderança.

 

Assim saíu aquele que era "evidentemente" o "número 2" do governo, segundo Passos Coelho, e que aos olhos do país era efectivamente o número 1.

 

O Primeiro-Ministro não se inquietou e, no mesmo dia, contra a vontade expressa do parceiro de coligação, decidiu substituir Gaspar (a quem agradeceu os serviços prestados à pátria) pela subordinada de Gaspar, como quem vai à feira de Estremoz e compra uma ministra por 2 euros. Portas demite-se "irrevogavelmente". Num discurso solene, Passos Coelho comunica ao país a gravidade do problema e aplica-se a tranquilizar os portugueses com o seu sentido de Estado: não aceita a demissão de Portas e garante que vai conversar com o CDS, fazendo "tudo o que está ao seu alcance" para evitar "esta instabilidade" (deduz-se que provocada por Portas).

 

Por outras palavras, o "número 2" vira Portugal do avesso, insulta publicamente o Primeiro-Ministro, e sai pelo sossego da tarde levando na algibeira uma carta de recomendação. Foi fácil substitui-lo por uma serviçal. O "número 3" é, no entender do estadista, um irresponsável.

 

Assiste-se agora ao espectáculo sinistro da execução. Entusiasmadas, as tricotadeiras comentam a degolação de Passos Coelho. As mais feias temperam Portas com borrifos de cicuta rançosa. A ver Portugal ruir.

 

publicado por Margarida Bentes Penedo às 01:13
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