O irmão Nuno acaba de perpetrar uma entrevista na TVI. Sobre o último livro, "Em Nome do Pai". "Tu" cá, "tu" lá, José Alberto Carvalho enlevado como uma adolescente lasciva. Leu excertos daquela "literatura", possidónios sem excepção, ignorantes sem misericórdia. Lobo Antunes considerou "estranho" o que tinha escrito (alguns espectadores também), e desabafou: "Pensar que aquilo saiu de mim".
Bufou com as bochechas cheias, para ilustrar, naquela espécie de teatralidade de grupo experimental da província, como era profundo, introspectivo, e penoso ocupar-se daquelas matérias tão fundamentais. Disse que não tinha "pudor dos afectos" (algum, não lhe faria mal). Que "amava muito" a mulher dele, e que a achava "linda" (abençoada senhora). Que tinha com o filho mais velho "uma relação de grande cumplicidade" (de ser cúmplice de Nuno Lobo Antunes, já Deus me livrou). E desfiou pomposo, sobre a religião católica, uma abundância de "reflexões" tão idiotas quanto erradas. Por exemplo: "Nunca ninguém antes se lembrou de escrever sobre S. José". Se fosse num programa de humor, era a deixa para a plateia "presente em estúdio" arremessar contra ele todos os livros que já foram escritos sobre S. José.
Apoquentei-me ao saber que, a dada altura do livro, Jesus resolve sair do sítio onde está e abalar "de encontro ao deserto" (sic). Temi que Jesus, na fantasia de Lobo Antunes, acertasse nalguma acácia perdida e esmurrasse o nariz. Mas depois sosseguei: afinal é (pasme-se!) "um deserto interior", e "não podia deixar de ser" porque há "poucos relatos daquelas paisagens". Antes assim.
Daquele fenómeno tão fascinante de pertencer a uma família em que "todos são médicos e todos são escritores", disse que "cada um tem o seu percurso, e cada um escreve o seu livro". Informou que não tinha fé em Deus, mas sim que tinha "fé no privilégio de viver". À pergunta sobre se "as dúvidas de S. José eram as dúvidas dele" (aqui abateu-se sobre José Alberto Carvalho um tijolo de originalidade, talvez proveniente da régie) respondeu, após um silêncio prolongado: "Não podia ser de outra forma". E à pergunta sobre se o processo tinha sido "duro", respondeu: "Não; fui corajoso".
A presunção dos irmãos Lobo Antunes, especialmente na proporção do asneirol que escrevem, e do tédio que provoca a maneira como usam a língua, em Portugal dá direito a prémio. Deve estar por dias.
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