Domingo, 30 de Outubro de 2016

O sindicalista Mário Nogueira e os cretinos da direita

2016-10-29 Fenprof cretinos direita.jpg

A pimenta subiu-lhe ao bigode, ao sindicalista Mário Nogueira, por andar a ser desafiado para aparecer em vez de continuar a ser um sindicalista cordeirinho que cala e consente tudo o que nos chega deste governo em matéria de educação.

E ele continua sem aparecer, tal e qual os dirigentes da antiga União Soviética desapareciam nas semanas ou meses antes de ser anunciada a sua substituição, muitas vezes por ponderosos motivos de saúde que o partido mantinha em discrição* para não distrair o povo, mas agora mandou um recado, e, e isto prova que é mesmo ele o genuíno autor do texto, no seu habitual estilo elevado que prova que, ao contrário do que os cretinos da direita, os dirigentes, deputados, comentadores ou jornalistas que servem quem durante quatro anos tanto castigou os portugueses têm a mania de sugerir, ele é mesmo um Professor, e com P maiúsculo, que podemos perfeitamente imaginar a dar às nossas crianças lições sobre as grandes realizações do socialismo soviético ou sobre os crimes do imperialismo neoconservador ianque.

A única coisa que os cretinos da direita afinal conseguiram acertar foi mesmo no facto de ele ter desaparecido por em menos de um ano, o ministro da Educação já ter recebido mais vezes a FENPROF do que Crato em todo o mandato, ou seja, por o ministro ser um fantoche da Fenprof. Aliás, o motivo exacto pelo qual o desafiam a aparecer em vez de calar e consentir, mesmo sabendo que o apelo nunca vai resultar.

Nada mal para cretinos...

 

* Ressalva: corrigido por simpática chamada de atenção do camarada Aristides na caixa de comentários

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 12:55
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Domingo, 11 de Setembro de 2016

Pacheco Pereira ontem, hoje e amanhã

Ao só ter saído da clandestinidade maoista para onde tinha entrado em 1972, não no próprio dia 25 de Abril de 1974, mas apenas depois do 11 de Março de 1975 e de se terem dissipado todas as dúvidas sobre a progressão da revolução portuguesa da democracia burguesa para a ditadura do proletariado, o Pacheco Pereira prometia, e nunca desmereceu a esperança dos que nele a depositaram.

Ontem, ou no tempo do José Sócrates e da Maria de Lurdes Rodrigues a governar, para ser mais preciso, denunciava que...

  • "...as escolas vão estar de novo nas mãos dos sindicatos que só têm obtido vitórias, obteram vitórias contra o PS..."

 

Hoje, ou ontem, para ser mais preciso, explicou o "ajustamento" na sua coluna no Diário do Governo, não como o resultado da falta de dinheiro, como pensam as pessoas normais e menos dotadas para a compreensão das conspirações obscuras que determinam a evolução do mundo, mas como um combate épico entre o bem e o mal, entre a virtude e o vício, entre o pecado e o castigo...

  • "...dizem-nos que o único meio de sair deste passado que nos aprisiona é uma purga nacional, uma espécie de acto punitivo e doloroso, que nos últimos anos se chamou de “ajustamento”. O “ajustamento” destinava-se a fazer voltar o estado, o povo, as elites a um estado natural de “pobreza”, que é o que é Portugal, um país “pobre”, e que foi “desonrado” pelas suas elites, que criaram uma riqueza artificial para o seu próprio usufruto, garantindo assim que, “vivendo acima das suas posses”, o país permanecesse “estagnado”. O “ajustamento” ao restituir a “verdade” à economia e à sociedade, eliminando os sinais dessa falsa riqueza, ou seja cortando nas despesas e prestações sociais, criava um ponto de partida para um recomeço sadio. Esse crescimento não se preocupava em ser distributivo, mas agravava as desigualdades, entendidas como um efeito colateral. A ideia de que o “ajustamento” poderia ser no fundo uma deslocação maciça de recursos de muitos para uma pequena minoria, seria irrelevante. Não por acaso teria que ser um processo longo, de décadas, e não poderia ser afectado pelas escolhas eleitorais, que estragariam tudo, como parece que estragaram. Tinha uma componente punitiva do “mal” e de abertura de oportunidades para os “bons”. Era e é um caminho tendencialmente autoritário, para pôr na ordem os conflitos sociais ...
    ... Aquilo que em Portugal são os grandes interesses económicos ... não fazem parte da elite malfazeja, o que os poria ao lado da CGTP. Excluída dessa elite, está também o “círculo de confiança” do poder económico e político, dos jornalistas “bons” aos advogados de negócios, aos “empreendedores” do Compromisso Portugal, ou seja, essa elite acaba por ser nos dias de hoje o PS, o PCP, o BE, os malvados críticos de Passos Coelho no PSD, a CGTP, os professores da FENPROF, os funcionários públicos e os reformados e pensionistas..."
    .

... devolvendo aos sindicatos, de prévios inimigos dos governos democraticamente eleitos, à condição de inimigos da conspiração neoliberal pró-ajustamento, ou seja, amigos do povo representado pelo PS, pelo PCP e pelo BE, o que pode talvez indiciar que ele, afinal, ainda não chegou a sair completamente da clandestinidade e apenas andava a disfarçar infiltrado como social-democrata na democracia burguesa à espera da oportunidade para relançar a ditadura do proletariado.

E amanhã? Só Deus sabe o que esperar dele, e para onde vão soprar os ventos de Leste. Se calhar, ainda o vamos ver criticar a invasão do Iraque, que, o liberalismo económico, já foi um amanhã que cantou.

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 15:50
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Quarta-feira, 22 de Junho de 2016

O Rossio na Betesga

Sabem quantas pessoas participaram na Meia Maratona de Lisboa de 2013, onde foi tirada esta fotografia que mostra uma parte dos participantes? A corrida teve 37 mil inscritos. A fotografia mostra uma parte deles, ou seja, menos de 37 mil. O tabuleiro da ponte tem cerca de 40 mil metros quadrados, um pouco mais que a área do Terreiro do Paço.

A banalização da formação à esquerda de grupos de linchamento mediático de jornalistas ou comentadores com apelo à censura, ao despedimento, ou ao recurso a métodos ainda mais definitivos para os calar, de que o último se formou no sábado para tratar de uma jornalista por ter sido intoleravelmente tendenciosa ao ter citado, numa notícia sobre uma manifestação da Fenprof, e por esta ordem, as estimativas de manifestantes da Fenprof, organismo isento e objectivo a dimensionar manifestações, e da PSP, braço armado dos partidos neoliberais que nos desgovernaram, e a evidência de que o controle, à força, se necessário, à forca, em casos extremos, da comunicação social, faz parte do ADN da esquerda, quase faz esquecer os motivos específicos que, caso a caso, originam estes movimentos. E às vezes vale a pena percebê-los.

Este foi originado pela dúvida, introduzida pela jornalista ao citar também a estimativa da PSP de 15 mil manifestantes, de que teriam estado na manifestação os 80 mil manifestantes contados pela Fenprof. E este é um tema sobre o qual vale a pena reflectir.

Um bom amigo, antigo comunista e militante do PSP que teve o azar de ter sido encarcerado, no mesmo dia que a mulher, o que não constituiu alívio nenhum, em Caxias antes do 25 de Abril, e a sorte de o 25 de Abril ter acontecido apenas uma semana depois de ele ter sido encarcerado, diz que a maior surpresa, no sentido político, da vida dele, que já leva mais de 70 anos, foi o resultado das eleições de 25 de Abril de 1975 para a Assembleia Constituinte, em que o partido dele, que dominava a política, a comunicação social e a rua, com especial ênfase para a rua, e que ele estava convencido que ganharia as eleições, teve uns míseros 12,5% dos votos. Com a capacidade de aprendizagem que Deus lhe deu, acabou por abandonar o PCP depois de mais 15 anos de militância, e, logo nessa época, percebeu que a batalha da rua está muito longe de ser determinante na guerra da política.

Mas nem toda a gente tem esta percepção do relativismo da capacidade de mobilização de manifestações de rua, nomeadamente a esquerda, que sempre ultrapassou a direita nessa capacidade, com a provável excepção da manifestação da Fonte Luminosa de 1975, mas que há-que reconhecer que também foi organizada pela esquerda. Como nem toda a gente tem a percepção de que a manipulação da comunicação social pelos jornalistas ou comentadores, que distorcem as notícias para lhes encaixar as conclusões que pretendem ilustrar com elas, tem muito menos sucesso do que eles pensam, ou a coligação PàF teria tido uma derrota esmagadora nas eleições de 2015, que parecia evidente até surgirem sondagens que diziam o contrário, tamanha era a narrativa de maldades e insucessos que lhes eram esmagadoramente atribuídos por ela. Aliás, acredita-se tanto mais nestas hipóteses, quanto mais se acreditar que o povo é manipulável nas suas opções políticas pelo que vê e pelo que os jornais lhe mostram.

Resumindo, a esquerda tende a acreditar na força da rua e na força da manipulação da comunicação social.

O problema é que, à força de acreditar na capacidade de manipular os eleitores através da força demonstrada na rua e da colaboração da comunicação social, a esquerda meteu-se numa alhada de que linchamentos mediáticos, censura e demissões de jornalistas não a conseguirão retirar.

Sabem quantos manifestantes estiveram na manifestação da CGTP no Terreiro do Paço de Fevereiro de 2012? O secretário-geral da CGTP disse que lá estiveram 300 mil pessoas, "a maior manifestação jamais vista em Lisboa nos últimos 30 anos" nas palavras dele em português de sindicalista que consegue conciliar o ilimitado "jamais" com o limitador "nos últimos 30 anos". Adiante. Oito vezes mais que participantes na meia-maratona de 2013. O Terreiro do Paço tem 35 mil metros quadrados.

Em Setembro de 2012 a primeira manifestação inorgânica organizada pelo movimento "Que se Lixe a Troika" reuniu, mais uma vez de acordo com a organização, apesar de a manifestação ser inorgânica, 500 mil pessoas nos 180 mil metros quadrados que vão da Praça José Fontana à Praça de Espanha. Mais 100 mil nos 20 mil metros quadrados da Avelina dos Aliados. Treze mini-maratonas em Lisboa e 3 no Porto. Nesta encenação dos grandes números, a esquerda radical inorgânica ultrapassava, e por muito, a esquerda ortodoxa da CGTP e do PCP, e estabelecia um novo nível de referência para grandes manifestações em Portugal.

Nada que durasse muito. Em Março de 2013, o mesmo movimento conseguiu, de acordo com as suas próprias medições, ultrapassar 1,5 milhões de manifestantes, 40 meia-maratonas, dos quais 800 mil, 22 meias-maratonas, em Lisboa, no tradicional trajecto Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Terreiro do Paço. Nesta caso, o movimento inorgânico já se posicionava noutro campeonato que não aquele onde podem ambicionar concorrer o PCP e a CGTP, já combatia corpo a corpo com o milhão e meio de votos do PS nas eleições legislativas de 2011.

Este sucessivo bater de recordes foi um dos maiores sucessos mediáticos da história de democracia portuguesa. Infelizmente, chegados a eleições, nas legislativas de 2015, o partido onde se juntaram alguns dos organizadores mais emblemáticos deste movimento, o PTP/MAS, não conseguiu mais do que 20 mil votos. Ainda assim, meia meia-maratona, o que não é nada mau atendendo ao tamanho da multidão que encheu a ponte.

Mas, além de o sucesso na organização de manifestações, ampliado pelos incríveis recordes sucessivamente reportados, não ter podido ser canalizado para um resultado eleitoral sequer mínimo, criou um problema, que era expectável, à esquerda das manifestações. Estabeleceu-lhe níveis de referência tão elevados quanto, por serem baseados em números falsos, inatingíveis.

Pelo que qualquer grande manifestação que hoje em dia junte 15 ou 20 mil pessoas, uma multidão enorme, como se pode atestar pela fotografia de cima onde representaria cerca de metade dos participantes, nos rankings que passaram à história sem grande sentido crítico de quem os tomou por bons e noticiou, não representa mais do que um miserável um por cento do nível de referência da manifestação de Março de 2013 que passou a constar dos arquivos.

Não é problema nenhum, porque não é a dimensão das manifestações nem a boa imprensa que arrastam o eleitorado. Mas, para a esquerda das manifestações, que acredita que grandes manifestações arrastam grandes votações, e que boas notícias de jornal orientam a opinião das populações, isto é um grande problema. E não se resolve censurando, saneando ou sovando um jornalista de vez em quando. Ter-se-ia resolvido se, em devido tempo, a esquerda tivesse denunciado os números fabulosos que iam sendo anunciados pelos organizadores das manifestações. Agora não tem solução. Manifestação com menos de 300 mil não entra nos rankings.

Amanhem-se!

publicado por Manuel Vilarinho Pires às 15:19
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