Com a meta das eleições à vista a CGTP está a colocar todas as suas fichas num forcing contestatário e grevista para ver se, num sprint final, o PCP consegue finalmente deixar para trás o lastro de se ter submetido ao PS durante toda a legislatura que lhe custou uma humilhação inédita nas últimas eleições autárquicas onde perdeu para os socialistas um terço das câmaras que ainda mantinha dos velhos tempos da tradicional implantação autárquica comunista. Até para actrizes queques que nunca tinham posto um pé na outra banda perdeu câmaras no coração da cintura industrial de Lisboa.
E há-que lhe reconhecer que tem conseguido impôr perturbações de serviço em todos os serviços, públicos, que no sector privado onde a falência na prestação dos serviços pode conduzir rapidamente à falência das empresas e à destruição dos empregos que elas sustentam as equações são outras, cuja prestação os sindicatos têm capacidade para perturbar. A perda de peso eleitoral do PCP não sido acompanhada por perdas evidentes na sua capacidade de prejudicar toda a gente paralizando os serviços públicos de que toda a gente, principalmente a que depende mais deles por falta de meios para recorrer a alternativas, os pobres, depende.
Será este forcing suficiente para recuperar o atraso com que o PCP entrou na recta da meta eleitoral?
O Público fez simpaticamente as contas e publicou um balanço dos últimos 2 anos, 2017 e 2018, os anos do miolo da legislatura. Citando,
A incompetência do governo António Costa para manter os comboios da CP em circulação foi responsável pela supressão de 2411 composições nestas linhas por falta de material circulante, que é a consequência das avarias a que o material envelhecido vai sendo crescentemente sujeito, da incapacidade de as reparar por falta de peças sobressalentes, que para ser suprida obriga por sua vez a imobilizar composições para as canibalizar retirando-lhes peças para substituir as peças avariadas nas composições que se tentam manter em funcionamento, da falta de pessoal nas oficinas, reclamam os sindicatos, do recurso ao aluguer de comboios à Renfe que se revelam ainda mais caquéticos que os da CP chegando a deixar cair o motor em plena linha, à absoluta falta de investimento, tanto na reposição como na aquisição de composições novas, tudo radicando na falta de dinheiro que o governo optou por canalizar, talvez com perspicácia eleitoralista, para aumentos salariais da função pública em vez de manter os serviços ao público em funcionamento. Talvez.
Já as greves devidas à competência da CGTP para paralizar os serviços públicos foram responsáveis pela supressão de apenas 855 composições nas mesmas linhas, um terço das supressões devidas à incompetência do governo para os manter a funcionar.
Com uma desvantagem de um para três é muito improvável que com a meta à vista o PCP consiga anular o atraso que que chegou a esta etapa final da legislatura.
Vai perder a corrida, e vai-se tornar até dispensável para apoiar o próximo governo António Costa a quem bastará o apoio do BE para continuar a governar. Quase cem anos de história delapidados no apoio a um vigarista incompetente. Merecidamente.
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