Quando a taxa intermédia da restauração subiu para a taxa normal, rasgaram as vestes os representantes do sector, o dr. Medina Carreira ia tendo um colapso em diferido, as televisões encheram horas de programação com reportagens em directo dos tascos, a entrevistar empregados e patrões contristados, e a Oposição fez o seu número: não me lembro do que disse o dr. Seguro porque ninguém se lembra do que Seguro disse a propósito seja do que for, mas decerto circunflexou as sobrancelhas e fez beicinho.
Nas hostes dos meus amigos liberais, ferveu há dias a polémica sobre a reversão da medida: sim, não, talvez, tudo com abundância de bem elaborados argumentos e rigor de raciocínios.
Eu também tenho uma posição - pudera, acalento até posições definidas sobre a natureza dos espaços interestelares e da Santíssima Trindade. E ela é que, na definição de taxas de imposto em circunstâncias normais, que não estão presentes, Portugal deve ser concorrencial.
Mas isto é uma escolha minha, vale o que vale. Do que não deve haver dúvidas é que o País não é um laboratório; e que, em fiscalidade mais ainda do que noutros domínios, não pode pretender-se que este ou aquele regime, esta ou aquela taxa, tem os efeitos assim e assado se os destinatários, que somos todos, tiverem a certeza de que a legislação é um ioiô montado num tobogã.
Deixem lá esta merda sossegar, por amor de Deus: calem-se muito caladinhos com estudos interministeriais, façam a sesta, não deem entrevistas, muito menos na rua, revoguem dois Decretos-Lei por dia, por razões higiénicas, e não tomem medidas que não sejam absolutamente necessárias. É que, para agitar o barco todos os dias com medidinhas sortidas, temos de reserva os inestimáveis serviços do PS. E desses, com juízo, estamos livres até 2015 e, com sorte, mais além.
Ele há tanta coisa que nos divide que não devemos deixar a oportunidade de nos unirmos numa causa comum. Por exemplo, este texto: assino em baixo.
Mesmo que, sendo eu a escrever, fosse um pouco mais incisivo - a ver se o tipo que está do lado de lá do balcão deixa de imaginar que estou ao serviço dele. Porque não estou.
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