Na realidade ignoro se a performance se destina a chamar a atenção para a carência de urologistas no interior do País ou de urinóis nas praças das nossa cidades, a subida do nível das águas do mar, o sexismo inerente às posições que a nossa sociedade consagra como adequadas para cada sexo mictar, a falta de qualidade e independência da nossa imprensa, ou qualquer outro problema, real ou imaginário, que nos aflija. Suponho que, algures nas entrelinhas, deva estar um cerrado ataque ao capitalismo, à austeridade, à desigualdade, à nossa sociedade patriarcal, ao imperialismo e assim, mas isto é um puro processo de intenções da minha parte: procurei, procurei, mas não encontrei informação sobre esta produção, isto da internet é mazé uma grande treta.
Tropecei no vídeozinho no Feice, e o espectáculo, parece, teve lugar em Lagos com o apoio de dinheiros públicos. Vendo a agenda, a dupla tem uma carreira internacional e mija, com perdão do plebeísmo, um pouco por todo o País.
Longe de mim defender proibições ou interditos, não apoio que o Estado tenha um gosto oficial ou sequer opiniões sobre artes. Mas fica-me a suspeita, para não dizer a certeza, de que em todo este pràfrentex circulam os "apoios à Cultura".
E isso acho muito mal.
Só se lá vai de GPS.
O percurso que a máquina escolhe é labiríntico e saudosista: passa-se por uma Avenida da Filarmónica 1º de Maio, entra-se numa zona de inspiração arquitectónica cabo-verdiana, os moços encostados às esquinas parecem ter roubado os telemóveis.
É então que se chega à Praça do Poder Local. Estranhamente, não há vestígios de bandeiras vermelhas, talvez só nos dias de festa. Há, porém, um jardim com palmeiras muito altas, que fazem um rumorejar lá em cima - Lagos é muito perto de África.
O dono é, ao primeiro embate, antipático. Conhecendo-o melhor, percebe-se que sabe o que é comer bem, e confiando-lhe a escolha do vinho não só acerta como não mete a unha.
A lista é imensa e pode dar ataques de ansiedade tanto a cidadãos prevenidos que têm a mania que são gastrónomos como a vulgares glutões, por via das hesitações.
Nas mesas, demasiado juntas num espaço exíguo, alguns estrangeiros e famílias de, parece-me, turistas habitués.
É como eu: em estando por aqui, não dispenso a visita. E se aqueles senhores de barbas cuidadas e aspecto meio intelectual forem comunistas - que Deus os abençoe.
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