Já anteriormente tinha visitado o programa Mata-bicho, que passa nos diversos canais radiofónicos da RTP, com a eventual excepção da Antena 2, onde nunca o ouvi passar.
O programa tem a locução do humorista Bruno Nogueira e a autoria do guionista João Quadros, respectivamente o alto e o baixo na figura.
Na altura consegui fazer uma análise ao conteúdo do programa, porque era essencialmente um programa falado, e cheguei à conclusão que o sentido de humor era sofrível, as piadas muito básicas, a temática fútil, a orientação política evidente, e o estilo um bocado ordinário a pender para a misoginia.
Em resumo, e porque o humor é aparentemente uma disciplina cuja qualidade é determinada pela qualidade percebida por cada espectador e, portanto, dependente de critérios subjectivos, e portanto o que eu acho merdoso pode ser considerado genial por outros espectadores, ficaria encantado se eles passassem o programa como espectáculo de humor numa sala com entradas pagas por quem os quisesse ouvir e vivessem da receita de bilheteira, mas não fico nada encantado por serem contratados pela RTP que vive de taxas pagas por todos, e também por mim, quer queiram, quer não, como é o meu caso, quer gostem do programa, quer não, como é o meu caso.
E que aos humoristas devem ser tolerados, em nome da liberdade criativa, excessos de liberdade de expressão que, noutras circunstâncias, poderiam resultar no espancamento de quem recorre a ela por quem se ressente de ser alvo de quem recorre a ela. Por exemplo, se a referência à antiga deputada Zita Seabra feita no programa que ouvi fosse feita numa mesa de café e o marido dela estivesse na mesa ao lado não seria descabido o marido levantar-se e esmurrar a tromba do autor da piadola, mas num programa de humor a piadola deve ser tolerada e até encorajada.
E que o facto de terem uma orientação política marcada, tanto no programa humorístico em questão, como noutros, como nas opiniões que exprimem noutros meios de comunicação, por exemplo nas redes sociais ou em colunas de opinião em jornais, é, não apenas tolerável, como desejável como mostra de uma consciência cívica assumida sem medos nem vergonha.
E que os comportamentos que parecem indiciar doenças mentais evidenciados pelos autores noutros meios e noutras circunstâncias não devem ser usados como arma de arremesso para tentar insinuar que não lhes deveria ser oferecido palco na estação pública, até porque de génio e de louco todos temos um pouco, o que não significa, mas com algum esforço podemos fingir que significa, que de génios do humor é esperado que sejam também um bocado loucos, de modo que se queremos usufruir do humor deles também temos que lhes tolerar a loucura. E, mesmo que não queiramos, também temos.
Tudo junto, eles são avençados da RTP, que é sustentada com o nosso dinheiro, mas devemos comer a calar.
Ontem calhou de novo conduzir com o auto-rádio ligado à hora a que passou o programa na Antena 1, e ouvi mais uma edição do programa, esta chamada de "A arte do som". Desta edição é impossível descrever o conteúdo sem recorrer a onomatopeias, e eu não sou muito forte em onomatopeias, pelo que, pedindo antecipadamente desculpa aos leitores por abusar do tempo deles, proponho a audição integral da peça.
Conseguiram ouvir? Honestamente? Mesmo até ao fim?
Então estão habilitados a responder à pergunta que trago:
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