O Diário de Notícias, jornal secular do grupo de comunicação social do advogado Proença de Carvalho, o tenebroso comissário político da AD na RTP (lembram-se? ele e a Maria Elisa Domingues eram ainda mais odiados pela esquerda do que o Sá Carneiro e o Freitas do Amaral? lembro-me eu) e mais tarde advogado do primeiro-ministro José Sócrates nos seus processos judiciais milionários para aterrorizar jornalistas, actualmente confiado ao capataz Paulo Baldaia, oferece aos seus leitores um mundo onírico que se divide entre os louvores às grandes realizações do governo e às propostas do BE para as melhorar e as alfinetadas à má oposição, à que ganha eleições ao António Costa em vez de louvar o seu génio poítico e coexistir pacificamente com ele, alienando-os das trapalhadas que vão sendo cometidas com cada vez mais frequência, quanto mais seguros se sentem, mais se soltam, pelos anões de que ele, que é pequenote, se rodeou para parecer gigante, e depois de um dia de trapalhadas criadas pela secretária-geral adjunta desbocada Ana Catarina Mendes relacionadas com a tentativa de apropriação pelo PS dos louros de uma possível vitória eleitoral do candidato independente Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto, que apoia, do repúdio que este manifestou pelo apoio do PS mas abertura para manter nas listas da candidatura os mesmos socialistas que já lá estavam mas na figura de independentes, e da decisão do PS de afinal apresentar como candidato próprio à Câmara o mesmo que antes se candidatava a número dois da lista do candidato independente, como fez hoje mesmo ao erradicar da primeira página qualquer referência ao rasgar do apoio do PS à candidatura do independente Rui Moreira à Câmara Municipal do Porto, à convenção autárquica do partido, e à apresentação da candidatura do socialista Manuel Pizarro.
Longe da vista, longe do coração, e não calharia nada bem criar nos leitores habituados aos relatos do passeio triunfal do António Costa pela política portuguesa uma dúvida corrosiva sobre as suas reconhecidas qualidades políticas, que são a conjugação da vigarice com a manha suficiente para a conseguir levar a cabo, de modo que está tudo bem.
Mas a grande questão sobre que hoje me debruço é...
Alguns deles, como o Vasco Vieira de Almeida ou o Miguel Galvão Teles, já eram socialistas antes de se transformarem em advogados do regime, de modo que para esses a questão está respondida à partida.
Mas outros, não. Sociologicamente são oriundos da direita, alguns mesmo, como o José Miguel Júdice, da direita caviar. Servem invariavelmente os grandes grupos económicos capitalistas, quer nacionais, quer internacionais estabelecidos ou em vias de se estabelecer em Portugal. São advogados de banqueiros. E no entanto têm corrido ao longo dos anos a publicitar o seu apoio a socialistas, e principalmente a socialistas do calibre do José Sócrates e do António Costa. Porquê?
Eu desenvolvi e proponho um algoritmo que explica com razoável fidedignidade este comportamente aparentemente anómalo, e de fácil utilização por se basear na análise de apenas dois factores, ambos facilmente verificáveis, a bússula para o caminho de sucesso dos advogados do regime. Em que consiste? Na resposta às perguntas.
Sendo por definição advogados do regime aqueles que são contratados pelas entidades dependentes do poder, ou pelas entidades que têm interesses dependentes do poder e interesse em ser simpáticas com o poder para satisfazer esses interesses, este factor tem uma importância óbvia e auto-explicativa para a formação da posição política com mais potencial de beneficiar a posição de cada um deles. Próximidade do poder é melhor que distância do poder. Mas não explica o motivo da proximidade com o socilaismo que eles evidenciam mesmo quando os socialistas estão na oposição, e que, para simplificar as contas, se pode mais ou menos quantificar como metade do tempo. Este factor é inegavelmente importante, mas não chega para explicar tudo, e é necessário outro.
Este é um factor que tradicionalmente tem distinguido a direita da esquerda. Enquanto políticos como o Pedro Passos Coelho têm demonstrado uma grande ingratidão, mesmo para com personalidades ilustres da sociedade civil como o banqueiro Ricardo Salgado, políticos socialistas têm revelado uma enorme gratidão a retribuir quem os apoia, seja através de contratações de serviços, de nomeações para cargos honoríficos ou simplesmente bem pagos, até de favorecimento em negócios particulares. A retribuir favores, os políticos socialistas são um valor seguro.
Pelo que se pode enunciar com bastante solidez uma bússula para os pretendentes a advogados do regime maximizarem as suas probabilidades de sucesso escolhendo criteriosamente quem apoiam, e que consiste na resposta a estas duas simples perguntas:
Bons sucessos!
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