Palavra dada ...
Na pré-campanha eleitoral, o Partido Socialista denunciou o flagelo do trabalho precário, até com o recursos a cartazes que mostravam o testemunho de vítimas desse flagelo, mesmo que representadas por figurantes com contrato efectivo de trabalho na Junta de Freguesia de Arroios.
Prometeu combater a precariedade no mercado de trabalho, e até apresentou à discussão pública algumas propostas criativas para abordar o problema.
Inscreveu o combate à precariedade no seu programa eleitoral, mesmo sem lhe ter integrado todas as propostas apresentadas anteriormente.
... é palavra cumprida ...
Voltou a apresentar o combate à precariedade laboral como uma das prioridades do seu programa de governo.
Saneou Substituiu a direcção nacional, os delegados e subdelegados regionais do Instituto do Emprego e Formação Profissional para garantir o combate à precariedade.
Tem voltado regularmente ao parlamento para garantir que o combate sem tréguas à precariedade do mercado de trabalho continua a ser uma das maiores prioridades na sua estratégia.
... ou será palavra comprida?
Todos os 4.167 novos trabalhadores contratados este ano para o Estado têm contratos precários de trabalho. É a vida...
(A bem dizer, e a propósito de quem é, podia ter começado logo por isto, que diz tudo, em vez de maçar o/a leitor/a com as aldrabices palavrosas intermináveis tão próprias da retórica socialista até chegar aqui...)
"Era nos Paços de Santa Ireneia, por uma noite de inverno, na sala alta da Alcáçova...".
Qual Gonçalo Mendes Ramires sentado na minha torre à espera do lampejo de inspiração que me permitirá passar da primeira linha d"o" primeiro poste memorável, vou entretendo o tempo com uma história que publiquei, aqui recuado, no Facebook...
O António nasceu dois anos antes da implantação da República, filho bastardo de um baronete beirão e da sua governanta. Sempre foi bem tratado naquela casa mas, aos 16 anos, decidiu que aquilo não era vida para ele e decidiu partir à aventura para Moçambique.
Chegou a Moçambique um jovem em busca de aventura mas, durante os anos que passou entre Moçambique e a África do Sul, as injustiças e indignidades a que assistiu fizeram dele um comunista.
Regressado a Portugal, levou uma vida de militância comunista, entre a prisão e a clandestinidade. Já andava pelos 50 anos quando conheceu a Emília, criada de servir na pensão onde vivia na altura, que tinha crescido num orfanato, e nunca tinha conhecido outra vida que não fosse servir. Casaram-se, a Emília ficou em casa, e o António iniciou uma vida menos aventureira, só esteve preso mais uma vez, e acabou por arranjar um emprego estável como tipógrafo no Diário de Lisboa, onde ficou até se reformar. Com a reforma própria de quem, entre a prisão e a clandestinidade, teve uma carreira contributiva modestíssima.
Quando o António morreu por volta de 1980, a Emília, com cinquenta e poucos anos, viu-se forçada a voltar a trabalhar para sobreviver. O tio Baião, vizinho, camarada e amigo de décadas do António, foi-lhe dizer que o partido ia abrir uma livraria na Amadora e precisava de uma empregada de limpeza. A Emília relatava com lágrimas a solidariedade do partido, que lhe dava a mão naquela altura de necessidade. E foi fazer limpezas na livraria da Editorial Caminho que estava em obras para abrir na Amadora.
Fazer limpezas de uma loja em obras era trabalho duro mas que a Emília fazia com gosto, reconhecida ao partido por lhe ter dado a mão e contando que, quando acabassem as obras, o trabalho de limpezas da livraria seria bem mais leve e permitir-lhe-ia levar uma vida modesta, mas sem grandes receios do amanhã. E contava os dias até à abertura da livraria.
No dia em que a livraria abriu, a Emília foi dispensada.
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