Hoje ouvi Alexandre Alves a explicar na Sic-N, em entrevista a Crespo, em que consiste o investimento que vai fazer, e não percebi patavina. Não entendi sobretudo a parte relativa à pureza do silício e, mortificado, não descarto a hipótese de usar cilícios para me castigar (eu sei: o jogo de palavras foi aqui metido a martelo, mas não resisti). Mas gostei: o Estado não faz falta, os novecentos mil Euros da Câmara de Abrantes são peanuts, as multinacionais estão interessadíssimas, a coisa vale mil milhões de investimento, a CGD não faz falta e ele é o barão vermelho por causa de ser benfiquista.
A parte em que o Estado e a CGD saem do negócio, então, caiu-me que nem ginjas: porque tenho lá interesses, nessas duas emanações do meu capital como contribuinte, e quando ouço falar em QREN, ou qualquer outra sigla que represente dinheiro europeu e nacional para ser aplicado por políticos e burocratas em projectos que uns e outros acham de interesse - levo instintivamente a mão à carteira.
Desconfio dos painéis solares e das energias alternativas porque, sem apoios do Estado, ou directamente dos consumidores por imposição do Estado, não são competitivas. Isto já não é nada pouco. E se já me custa acreditar que políticos e burocratas saibam melhor do que as pessoas comuns o que lhes convém, descubro agora que há quem, com boas razões, ache o apoio contraproducente, mesmo do ponto de vista da urgência da substituição dos combustíveis fósseis.
Boa sorte então, Alexandre Alves. Se tudo isto não for um fogo-fátuo a acabar em ruínas e calotes, tirarei, com respeito, o meu chapéu. E quanto a este senhor que sabe o que fazer com o meu dinheiro e o de outros pategos contribuintes, daria um excelente quadro para o departamento de marketing: pois se sabe vender miragens não haveria de saber vender painéis?
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